Artesanado de Palha de milho, da cidade de Redenção da Serra. Artesã Giselda. Fotografia de Reinaldo Meneguim

Congos

ic_congada1Congos, Congadas são folguedos que comumente aparecem na forma de préstitos (cortejos), os participantes cantando e dançando, em festas religiosas ou profanas, homenageando, de forma especial, São Benedito. Muitos desses folguedos cumprem também um papel auxiliar no catolicismo popular, ajudando tantos e tantos devotos a cumprir suas promessas. Sua instrumentação varia em cada região, havendo destaque para a percussão, sempre com muito peso estimulando muitos momentos de bailados vigorosos e manobras complicadas. Ha congos de sainhas, com grande quantidade de caixas, com chapéus de fitas, com manejos de bastões e espadas (alguns grupos exibindo exemplares dos Exércitos dos tempos do Império e inicio da Republica).

As vezes possuem reinado (rei, rainha, vassalagem) envolvendo parte dramática com embaixadas e lutas. Dentre estes, as mais completas são as congadas do Litoral Norte (Ilhabela e São Sebastião), por suas estruturas complexas e presença das marimbas.

Congado em São Paulo (1)

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Congada do Bairro de São Francisco – São Sebastião

São Sebastião situa-se na baía de igual nome no Litoral Norte, frente a frente com Ilha Bela.

Em ambos os municípios resistem duas congadas ímpares no universo do Reinado de Congos em São Paulo, por manterem uma intrincada embaixada (entrecho dramático em que se alternam falas, cantorias, embates e partes coreográficas), bem como pela presença de marimbas (conferir no detalhe da foto), instrumento rítmico melódico que permeia toda a encenação, ao lado de atabaques.

Apresenta-se por ocasião das festas de São Benedito (no Saco de São Francisco, o bairro em que mora a maioria dos congadeiros), e de São Sebastião o padroeiro do município.

Patrimônio da cultura paulista, esta congada quase se extinguiu, tendo sido reerguida e se mantendo ainda pelo empenho de seus participantes e da comunidade.

Foto – Reinaldo Meneguin
Criação: Felipe Scapino – T. Macedo.

Congado é sinônimo de encontro ritual de vários grupos de Congos, Moçambiques e assemelhados.

Há quase 40 anos, a partir da observação e análise dos congados mineiros e encontros de congos em São Paulo e Minas, a Abaçaí Cultura e Arte alimentou a intenção de organizar o Congado de São Paulo, oportunidade que se ensejou no Revelando 98.

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Os Reinados de Congos são traços dos mais pertinentes em nossos folguedos e festas. As coroações de Reis e Rainhas, os Reis Congos, cujas funções extrapolavam e extrapolam frequentemente o período e o contexto das festas em que se inserem, acontecem no Brasil desde o século XVII para celebrar Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Ao lado, foto de reinado, em Atibaia, que Rossini incluiu no seu ABC do Folclore, no início da dec. de 50. Chamo atenção para o fato dos reis estarem com as cabeças protegidas, como acontece em outras partes do Brasil.

Congos, Congadas, Cacumbis, Ticumbis e Catopês são representações que alternam cortejos, revelando muitos elementos de aculturação negra- bântu, aparecem nos mais diversos pontos do país, em festas religiosas, principalmente nas dedicadas à Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito. Às vezes possuem Reinado com rei, rainha e vassalagem, envolvendo parte dramática com embaixadas e lutas. Mais comumente aparecem na forma de préstitos com os participantes cantando e dançando. São facilmente encontráveis da Paraíba ao rio Grande do Sul, sendo Minas Gerais e São Paulo sua maior área de concentração.

Muitos destes folguedos cumprem também um papel auxiliar no catolicismo popular, ajudando tantos e tantos devotos a cumprir suas promessas.

Congos, catopés, moçambiques, enfim a quase totalidade dos grupos que integram o congado, não são grupos de dança, pura e simplesmente. São denominados, em seu conjunto, folguedos, com a complexidade que foi exposta anteriormente.

Mais genericamente, Gustavo Barroso considera o folguedo ‘como uma espécie de ópera importada pelos escravos, por eles desenvolvida e ligada aos descendentes já libertos’, particularizando ao se mostrar convencido de que não resta a menor dúvida de que o auto dos Congos comemore episódio histórico de guerras afro-lusas-flamengas- brasileiras na África durante a segunda metade do século XVII ’, visto que as expedições a Angola ‘levadas a efeito por brasileiros, bem como o tráfico de escravos, enriqueceram nosso folclore com este interessantíssimo auto.’

Artur Ramos concorda com essa opinião, ao dizer que ‘o auto dos congos exprime uma sobrevivência

histórica, de cantigas angola-conguesas’, o mesmo acontecendo com Mário de Andrade, para quem a ‘áfrica é cantada especialmente na política das embaixadas de paz ou ameaça, e sempre na sua permanente beligerância’, acrescentando que ‘Embaixadas e guerras é que fazem o núcleo dramático das congadas’.”

Rabaçal, 106

Assim, realçamos, os grupos que são enfeixados nos Reinados do Rosário, por suas próprias estruturas internas, bem como por seus desempenhos e complexidade, são por convenção denominados folguedos.

Claro que esta é a denominação de quem os contempla de fora, pesquisadores que analisaram suas organizações e desempenhos:

São vários os autores que assinalam, no século XIX, o desenvolvimento de um enredo particular performado pelos Congados, os autos e as embaixadas, que tinham por tema celebrar a memória e os feitos da guerreira rainha negra angolana Njinga Nbandi, personagem histórica que, no século XVII, resistiu ao domínio português por mais de cinquenta anos.

Leda, 35

Desta forma tomamos a Librea como um dos fios condutores da pesquisa, e a presença da Sra do Rosário como elemento motivador, como se verá, presidindo as encenações. Estas representações serviram, e continuam a servir, de modelo ou indutores, melhor seria dizer de guiões, para os nossos ”autos” ou festas populares.

Por Libreas denominavam-se no mundo hispânico, e da Europa em parte, as grandes celebrações públicas que eram organizadas com fito de celebrar um feito.

La Librea

Esta tradición, cuyos orígenes se remontan a 1615, es una fiesta de exaltación, en la que se honra a la Virgen del Rosario, Patrona del Valle de Guerra, nas Canárias, y a los soldados canarios que participaron en la Batalla de Lepanto -1571-, al mando del Capitán don Francisco Díaz Pimienta.

La Librea se expresa en un conjunto de celebraciones de tipo ceremonial, como el traslado del Barco, la Escuadra, el traslado cívico-religioso de la Virgen, el Rosario, las Loas, y El Auto; siendo la celebración más destacada, y la que de manera genérica engloba el concepto Librea, la representación del Auto Sacramental de Julio Rodríguez de Castro. lalibrea.com

Estas inspirações, ou modelos, tiveram como ponto de dispersão a Península Ibérica, de forma especial a Espanha, não sendo supérfluo lembrar que no período 1581- 1598 Portugal e Espanha foram governados por uma mesma Casa Real. Nem demais lembrar a proeminência desta região no príodo da espansão marítima.

Importante frisar que, por primeiro, saiu aos mares a devoção do rosário e a mariana (por intermédio dos galeões e suas galeonas, imagens da Sra do Rosário) difundidas pelos quatro cantos do globo.

Seguiu-se por fim, a difusão do modelo das festas, das celebrações (Libreas).

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Outro exemplo de um Rei coroado, desta feita no Vale do Paraíba (Taubaté), também incluso no ABC do Folclore, já citado. Tudo indica que o mesmo tenha sido flagrado empunhando uma espada, em meio a uma embaixada ou resinga.

Moçambiques ou maçambiques são folguedos integrantes do congado, que aparecem durante quase todo o ano nos municípios do Vale do Paraíba, nos que tangenciam a cabeceira do rio Tietê a nordeste de São Paulo, e em todo Estado de Minas Gerais. São grupos religiosos que homenageiam com suas músicas e suas danças os santos padroeiros, São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Suas atuações caracterizam-se por manobras (evoluções) e manejos de bastões, por vezes complexos, e sapateados que exigem dos participantes destreza ímpar. Seu traço distintivo são os paiás (carreiras de guizos) ou gungas (pequenos chocalhos de latas) atados aos tornozelos dos moçambiqueiros.

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Com o Congado Paulista temos promovido o encontro das companhias e ternos, buscando refletir a diversidade dos grupos em São Paulo bem como dinamizar suas atividades.

Tem sido também, oportunidade de encontro das Irmandades de São Benedito e N.S.do Rosário, ensejando sempre uma maior troca de experiências e documentação, ampliando assim o cabedal de informações. Tem ensejado, também, a divulgação e dinamização do universo congueiro de São Paulo.

Oportunidade de aclamação e coroação do Rei e Rainha Conga do Estado de São Paulo, com duração de reinado anual.

D. Antônio Gusmão, patriarca da família moçambiqueira da Vila do Tesouro- São José dos Campos, coroado Rei Congo de São Paulo em 2002

Foto: Manoel Marques- RSP- Capital

Observação: O universo dos Congos, Moçambiques e Irmandades de S. Benedito e N. Sra. do Rosário, foi abordado detalhadamente em estudo paralelo, Reinados de Congos, analisado e aprovado pelo CONDEPHAAT, que se encontra em fase de publicação.

  1. Este tema está tratado pormenorizadamente em outra publicação- Reinados de congos

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Rainha Conga – Rainha Délia Saco – Congada de Socorro

A Congada em Socorro existe desde os primórdios da fundação da cidade. Denominada Congada de São Benedito e Divino Espírito Santo, tem sua indumentária nas cores, branco e azul (“representando o bem”) e branco e vermelho (“representando o mal”). O bem é o grupo dos cristãos e o mal, o grupo dos mouros, na visão popular.

Na encenação realizam as embaixadas e lutas, nas quais sempre os cristãos vencem os mouros. Por fim todos juntos fazem a festa em louvor a São Benedito, padroeiro dos negros em todo Brasil. No cortejo a rainha sempre vai à frente carregando estandarte que identifica o grupo e a cidade de origem. Logo após vêm o Rei Capitão e a seguir, em duas alas (uma azul e outra vermelha), os demais congos.

Os encontros da Congada acontecem quinzenalmente no Centro Cultural e Turístico de Socorro. Participa das festas juninas, Festival de Inverno, Festa da Padroeira e eventos em bairros rurais, no próprio município. Participa regularmente do Revelando São Paulo, na capital e Entre Serras e Águas.

Foto: Reinaldo Meneguin

Criação: Felipe Scapino

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Rainha Conga – Cacilda Geralda (*…. +…)

Consultar a Irmandade do Rosário

Cacilda, integrante da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, do Paissandu, naquele ano, atravessou toda a Av. São João no cortejo que, de praxe, se iniciava na sede da Irmandade, no último dia do Revelando, o dia do Congado Paulista, este ainda iniciante. Veio como Rainha do Moçambique Cambaíá, que apresentou seu nome para os sorteios de Rei e Rainha Conga 2001, aos pés do Divino, e ali foi coroada. Foi realmente uma grande Rainha, tendo assumido e cumprido à risca, até o final de seus dias, o papel que competia ao cargo. E o fez com gosto: Na qualidade de modista de alta costura que havia sido, planejava e executava com esmero seus trajes, a cada ano, sempre causando surpresa. Soube reinar, com muito charme, e ao mesmo tempo enérgica: conhecia bem seu papel, seu dever, e o cumpriu à risca.

Adotou o povo da Abaçaí como sua família expandida, passando também a ser a Rainha da Casa Abaçaí, sendo por todos estimada e respeitada. Entre nós passava seus finais de semana, contribuindo para uma proveitosa aprendizagem transgeracional. Contribuiu decisivamente, com sua presença e atuação, para o crescimento e consolidação de nosso Reinado de Congos.

Foto: Antônio Brás

Criação: Felipe Scapino/ Toninho Macedo

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Jogador de futebol com pessoas ao redor Descrição gerada automaticamente com confiança baixa Uma imagem contendo pessoa, jogador, homem, jogando Descrição gerada automaticamente

Jogador levantando taco de beisebol na mão Descrição gerada automaticamente com confiança baixa

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Multidão de pessoas na rua Descrição gerada automaticamente ,,,

Grupo de pessoas fantasiadas Descrição gerada automaticamente com confiança média

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Ocorrências: Altinópolis, Aparecida, Atibaia, Biritiba-Mirim, Caçapava, Caraguatatuba, Cotia, Cruzeiro, Cunha, Franca, Guararema, Guaratinguetá, Ilhabela, Itapira, Jacareí, Lorena, Lourdes, Manduri, Mogi das Cruzes, Mogi-Guaçu, Mogi-Mirim, Morungaba, Paraibuna, Pindamonhangaba, Piracaia, Piraju, Redenção da Serra, Salesópolis, Salto Grande, Santa Isabel, Santa Cruz do Rio Pardo, Santo Antonio da Alegria, Santo Antonio do Pinhal, São José dos Campos, São Luis do Paraitinga, Suzano, Tapiratiba, Taubaté, Ubatuba.


Nome Município que pertence
1 Congada Vermelha Atibaia
2 Congada Azul Atibaia
3 Congada Branca Atibaia
4 Congada Rosa Atibaia
5 Congada Verde Atibaia
6 Grupo Brasil de Congada Diadema
7 Congada de São Benedito Lagoinha
8 Congada de São Benedito e Nossa Senhora da Conceição Lagoinha
9 Congada Moçambique de São Benedito Lorena
10 Congada de São Benedito do Conjunto Santo Ângelo Mogi das Cruzes
11 Congada do Divino Espírito Santo Mogi das Cruzes
12 Congada e Marujada Nossa Senhora do Rosário Mogi das Cruzes
13 Congada Santa Ifigênia Mogi das Cruzes
14 Congada São Benedito Mogi Guaçu
15 Congada Preto e Branco Nazaré Paulista
16 Congada de Pedra Bela Pedra Bela
17 Associação Folclórico de Pindamonhangaba Congada de São Benedito Pindamonhangaba
18 Congada de São Benedito Pindamonhangaba
19 Congada Branca Marinheiro Piracaia
20 Congada Verde Piracaia
21 Congada do Divino Espirito Santo Piracicaba
22 Grupo de Congada do Divino Espírito Santo Piracicaba
23 Congada de Tambú de São Benedito Rio Clarense Rio Claro
24 Terno de Congo de Sainhas dos Irmãos Paiva Santo Antônio da Alegria
25 Grupo Folclórico Congada do Parque São Bernardo São Bernardo do Campo
26 Grupo de Congada da Vovó Benedita e de São Benedito São Paulo
27 Congada de São Benedito do Bairro São Francisco São Sebastião
28 Associação Congadeiros do Bairro de São Francisco São Sebastião
29 Congada de São Benedito e Divino Espírito Santo Socorro
30 Congada Mirim do Divino Espírito Santo Socorro
31 Congada de São Benedito do Alto do Cristo Redentor Taubaté
32 Congada de São Benedito do Cristo Redentor Taubaté
33 Primeira Escola de Congo São Benedito do Erê Tremembé
34 Congada de Bastões de São Benedito do Poruba Ubatuba

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