Conheça todos os cartazes do Vale do Ribeira

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Foto: Reinaldo Meneguim – Porto do Rocio em Iguape, imagem original do cartaz da edição de 2011

O Festival da Cultura Paulista Tradicional – Vale do Ribeira chega em sua 13ª edição. Todos esses momentos tiveram como imagem inspiradora um cartaz jogando luz em elementos da cultura caiçara, bem como muito do que forma a identidade paulista. A dança, a culinária, o artesanato, a sua relação com rio, imagens que marcaram a passagem do Revelando São Paulo por esta importante região de São Paulo e do Brasil.

Abaixo, conheça todos os cartazes do Revelando Vale do Ribeira e as histórias que cercam cada imagem escolhida. Bem vindo a esta breve viagem ao túnel do tempo da cultura paulista tradicional. 

Todos os textos sobre os cartazes são basicamente extraídos da pesquisa realizada por Toninho Macedo

1- O primeiro Revelando São Paulo aconteceu em 2004 na cidade de Registro, o cartaz teve como inspiração a pesca de camarão com gerivás. A foto, feita por Toninho Macedo durante suas pesquisas no Vale em 1987, na comunidade de São Paulo Bagre, em Cananéia, mostra pescadores de camarão, em suas ubás (canoas de um único tronco). Com seus gerivás, a denominação regional para pequenas redes em forma de tarrafas, aproveitam a virada da maré para a captura do camarão sete barbas. Entre a Barra do Ribeira e a Barra de Cananéia, distantes 70 kms uma da outra, existe uma extensa porção de terra, a Ilha Comprida, que possibilita a formação do Mar Pequeno. Na realidade um complexo Lagunar, delicado ecossistema que se extensa até Guaraqueçaba, já no Paraná. Um verdadeiro santuário em que desovam e crescem uma grande variedade de espécies de fauna marinha. Nele desovam tainhas, manjubas, camarões 7 barbas e o legítimo ou branco, o que possibilita trabalho o ano todo aos pescadores artesanais.

2- Em 2005 o Festival começa a ser realizado em Iguape com cartaz ilustrando a Ubá e Vela Paranalenga, fotografada em Cananéia, na parte do Mar de Cubatão, em 1987, na altura do Sítio Guacici, do Janjão. Ubás são canoas lavradas em um único tronco de árvore (também chamadas de canoas de um pau só), muito comuns nas lides do mar costeiro e no Rio Ribeira de Iguape. As velas paranalengas, uma das duas modalidades de velejamento tradicional em São Paulo, eram também conhecidas por vela de lençol ou de um pano só. Eram improvisadas, aproveitando-se quaisquer pedaços de panos. Os mais usuais os sacos de mantimentos, com a vela exibida (dois sacos unidos davam uma vela). Facilitavam muito o deslocamento (encurtavam o tempo de viagem e poupavam esforços) em toda a extensão do Mar de Dentro, onde eram comuns, sendo que seus usuários sabiam navegar bem com qualquer tipo de vento (Foto: Toninho Macedo)

3- A comunidade à beira do rio Peroupava, em Iguape, foi a imagem de 2006. Na foto, esta a casa de uma das paneleiras do núcleo de cerâmica do Peroupava. Neste bairro também fabrica-se excelente e afamada farinha de mandioca. Nos detalhes utensílios das casas tradicionais, singelos e organizados. Destaque-se ainda a mesa com a bolandera (protegida pela caixa) e o cocho, partes integrantes de um modesto tráfico (espaço aparelhado para a produção da farinha de mandioca, também chamada de farinha da terra). No quintal, pés de juçara ( o precioso palmito da região) e indaiás, entre outras frutíferas, e impossível não destacar: há 20 anos, numa região de difícil acesso no Litoral Sul de São Paulo, uma parabólica antena os moradores com o mundo. À frente o rio dormita. (Fotos: Toninho Macedo -1992)

4- O artesanato em cerâmica bem conhecido dsa região do Vale do Ribeira e Litoral Sul é a identidade visual do Festival de 2007 com a Boneca de Barro feita por Jandira Lindor Bueno / Barra do Chapéu (Cerâmicas). As peças guardam peculiaridades regionais, mas em seu conjunto, ainda que trabalhadas por mãos diferentes, conservam semelhanças entre si, traços identitários que aproximam de suas originais matrizes indígenas. De forma especial a cerâmica produzida no núcleo do Jairê (Iguape), também conhecida por louça preta, técnica da qual D. Benedita Dias é a guardiã (esforços estão sendo empreitados para o compartilhamento deste saber, e permanência da expressão). São potes, panelas, torradeiras e cuscuzeiros, modelados de forma especial que, depois de secos e logo depois serem queimados, são salpicados, ainda quentes, com um cozimento da entrecasca de nhacatirão, tornando-se pretos e impermeáveis, confundindo-se, de longe, com as antigas panelas de ferro. (Foto: Reinaldo Meneguim)

5- Em 2008 foi a fez da Festa de Nossa Senhora do Livramento, da cidade de Iporanga, inspirar o Revelando. A foto capta o detalhe da construção da balsa que, no último dia do ano, faz a descida do Rio Ribeira, grande procissão fluvial. Ponto alto da festa, com ela a comunidade celebra a chegada da imagem de sua padroeira, a Senhora do Livramento ou do Navegante. Foi trazida, ribeira acima, em meados do Sec. XVIII, como pagamento de promessa por ter livrado a tripulação de uma caravela de uma tempestade na região de Cananéia, e ter conduzido a embarcação a ancoradouro seguro. (Foto: Reinaldo Menenguim).

6- Os trançados em Timbopeva do Vale do Ribeira foram cartaz no Revelando de 2009. O conjunto de cestas e balaios são característicos em todo Vale do Ribeira e região do Lagamar, com a utilização de cipós encontráveis nos remanescentes da Mata Atlântica, em especial o timbopeva, o Imbé e vários tipos de taquaras, com eles fazem de um tudo para atender às necessidades das lides diárias na casa, na roça e na pesca (cestos, balaios, apás, covos, jacás). A finura de trama e a beleza de muitas peças despertam sempre grande interesse nos visitantes. (Foto: Reinaldo Meneguim).

7- O ano de 2010 teve como mote em suas 4 edições o tema Divas, mulheres com saberes e participação valiosa nas manifestações da cultura popular. Em Iguape, quem esteve sob nosso foco de luz foi Sinhana de Itaóca. Toninho Macedo, idealizador e pesquisador do Revelando soube de Sinhana, por primeiro em 1975, através do Marcos Aranega, produtor do Programa Gente Jovem, da TV Cultura, que, tendo-a descoberto em Itaoca, passou a trazer regularmente suas peças para serem comercializadas em São Paulo. Assim , Sinhana de Itaóca passou a ser uma figura mágica. Um ícone. Ninguém fazia ideia de como poderia ser Itaóca. Mas a conhecia por Sinhana. Não dona Ana, senhora Ana, nem ao menos sinhá Ana, mas assim mesmo? Sinhana, a de Itaoca. E não adianta informar que em Tupi ou Guarani significa caverna, gruta ou casa de pedra, e que designa um município do Alta Vale do Ribeira, emancipado de Apiaí em 1991, mas comunidade reconhecida desde 1808, localizada em área hoje definida como de proteção ambiental. Interessa sim dizer que ali, nas quebradas da serra, em local de difícil acesso, está localizado o Cangume, o quilombo onde nasceu Sinhana. A Itaoca de Sinhana. Com sua avó aprendeu a domar o barro que lhe deu sustento e à sua família, e a faz famosa. Hoje, com saúde frágil, generosa, compartilha seu saber com quem se disponha a aprender, tendo reconhecido Abrão como discípulo e fiel depositário de seu legado. (Foto: Reinaldo Meneguim).

8- O Cartaz de 2011 trouxe a imagem do ancoradouro do Rocio, Iguape. Nas margens do Valo Grande, grande canal que acabou por separar Iguape do continente, os pescadores artesanais ancoram suas canoas na volta da pesca e durante seu descanso. Hoje ainda são numerosas a ubás ali ancoradas. Algumas escavadas em um único tronco de madeira, verdadeiras relíquias num momento em que não mais podem ser produzidas desta forma. A maioria das que aparecem na foto foram produzidas em fibra, em todos os detalhes semelhantes às tradicionais. Até bem pouco tempo todo o transporte da região era feito por água. E para muitos lugares, barcos e canoas ainda continuam sendo os únicos meios de transporte. Hoje, por todo o Mar de Dentro e mesmo no Mar de Fora, muitos pescadores circulam com suas canoas, a remo ou a motor, por opção, sendo que poderiam chegar aos pontos de pesca por outros meios. (Foto: Reinaldo Meneguim)

9- Os Orantes de nossa cultura tradicional foram os temas das edições de 2012. O Revelando Vale do Ribeira deste ano inspirou-se no Fandangueiro de Ribeirão Grande. Ao contrário dos discursos sobre Deus, sobre a divindade, no seio do povo, da vida, busca-se vivenciá-lo. Vivenciá-la. Experimentá-los (Deus, a divindade). E experimentá-la a tal ponto que a mesma exsuda, torna-se patente. Manifesta-se. É o que observamos nestes orantes, surpreendidos em alguns desses momentos muito especiais de conexão, o homem é corpo e alma integralmente: há nele uma unidade vital, que se expressa, que exsuda. Por isso ele age com a alma e com o corpo ao mesmo tempo. O seu olhar, as suas mãos, a sua palavra/silêncio, o seu gesto, tudo é expressão deste seu estado anímico. (Foto: Reinaldo Meneguim)

10- Os cartazes de 2013 foram inspirados pela relação homem e animal, as imagens destacaram meios de transporte e locomoção introduzidos no Brasil no período colonial e ainda em uso nos meios rurais, e até mesmo urbanos, em São Paulo. No Revelando Vale do Ribeira deste ano, a foto apresenta os Romeiros da Serra da Mantiqueira e suas tropas de burros e mulas. (Foto: Cesar Diniz)

11- O Fandango da Associação dos Jovens da Juréia personifica com perfeição a inspiração dos Festivais de 2014: Permanência e Continuidade. O grupo, que resguarda e preserva suas tradições caiçaras através de suas gerações. No cartaz, a família Prado. (Foto: Reinaldo Meneguim).

12- Em 2015 o cartaz do Festival se inspirou na “Dádiva das Águas”, romaria fluvial que envolve embarcações das comunidades caiçaras, que percorrem parte do Rio Ribeira com a imagem daMãe Divina Peregrina (Nossa Senhora Aparecida). Na foto, o barco com o grupo do Divino e suas bandeiras. A romaria fluvial celebra os bens naturais, culturais e espirituais da região e do Lagamar, passando por vários portos de uma tradicional região do Vale do Ribeira.

Em breve você vai conhecer a imagem que vai inspirar o 13º Festival da Cultura Paulista Tradicional – Vale do Ribeira!!!