Conheça todos os Cartazes do Vale do Paraíba

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O Revelando São Paulo chega a sua 15ª edição no Vale do Paraíba – São José dos Campos, todos esses momentos tiveram como imagem inspiradora um cartaz jogando luz em elementos da cultura caipira, bem como muito do que forma a identidade paulista. A dança, a culinária, o artesanato, os grupos tradicionais, imagens que marcaram a passagem do Revelando São Paulo por esta importante região de São Paulo e do Brasil.

Abaixo, conheça todos os cartazes do Revelando Vale do Paraíba e as histórias que cercam cada imagem escolhida. Bem vindo a esta breve viagem ao túnel do tempo da cultura paulista tradicional. 

Todos os textos sobre os cartazes são basicamente extraídos da pesquisa realizada por Toninho Macedo

1- São José dos Campos – 2002

Piracuara

Trafegando em seu Bote, embarcação de fundo chato, no Rio Paraíba do Sul, em São José dos Campos. Piracuara, etimologicamente designa a toca dio peixe. Por extensão por piracuaras ficaram sendo conhecidos os antigos moradores das margens do rio Paraíba do Sul, “os que viviam do peixe”. Foram os piracuaras que no sec XVIII, para entenderem às demandas para a visita do Conde de Assumar à região, trouxeram em suas redes a imagem da Senhora Aparecida das Águas, em veneração, desde então, no Vale. Ainda são muitos os pescadores, organizados em Colônia de Pesca, que ainda hoje trabalham nas castigadas águas do Paraíba. De forma mais focada, particularizada, a cultura Piracuara é a cultura característica do médio Vale do Paraíba, em que elementos da cultura caiçara se emaranham com outros da cultura caipira. Na prática temos o consumo de peixes de água doce e outros, bem como a presença marcante das duas farinhas -a de mandioca, e a de milho, dos cuscuzes de milho e dos pirões, e assim por diante. (Foto: Toninho Macedo).

2- São José dos Campos – 2003

Iconografia do Divino Espírito Santo

As representações do Divino, seja em detalhes, como a da foto, modelagem em argila ou em pinturas sobre tecido (bandeiras ou estandartes), são profusas em todo o estado, com maior concentração no litoral, no Vale do Paraíba e no Médio Tiête. Reflexo da grande devoção ao Paráclito e sustentáculo de uma grande quantidade de festas que, como soe acontecer, apresentam sempre suas peculiaridades regionais: as folias, comezainhas compartilhadas, corridas de cavalhadas, entradas (cortejos festivos) com desfiles de animais e profusões de bandeiras, os Impérios (espaços rituais e simbólicos, de grande simplicidade ou ricamente ornamentados) – (Foto: Reinaldo Meneguim)

3- São José dos Campos – 2004

Festa de São Sebastião na Fazenda do Poço / Bairro do Pinheirinho, São José dos Campos

A presença do Moçambique do bairro, na festa de seu padroeiro, capitaneado pelos Mestres Hermínio e Nhô Carmo. Afora esta data, o Moçambique do Pinheirinho aceitava convites para participar de outras festas religiosas, dentro e fora do município. Nhô Carmo, então com seus 80- anos (1987), lúcido, era uma figura emblemática para a comunidade: além de capitão e dançador do maçambique, memória viva, capelão (conhecia vários benditos, que são orações cantadas). Comunicava-se no mais “castiço” dialeto caipira, devidamente registrado em seus depoimentos e na cantoria dos benditos. (Foto: Toninho Macedo)

4- São José dos Campos – 2005

Cavalhada de Catuçaba / São Luís do Paraitinga

São Pedro do Catuçaba é um distrito de São Luís do Paraitinga, no Vale do Paraíba. Nele a comunidade mantém viva a tradição da corrida de cavalhada, encenando a rivalidade de mouros e cristãos, com uma série de escaramuças e embaixadas, finalizando sempre com o apaziguamento dos dois grupos. Para celebrá-lo finalizam com as alcancias, espécie de torneio equestre de perfil medieval. Parte integrante da Festa do Divino em São Luís do Paraitinga, consta que o registro desta manifestação é de 1870. Os dois mestres do grupo, Lauro de Castro Faria e Renô Martins de Castro, que há mais de 40 anos participam da Cavalhada, contam que seus pais já vivenciavam esta manifestação cultural desde infância, há mais de 100 anos. (Foto: Reinaldo Meneguim)

5- São José dos Campos – 2006

Gigantões – Bonecos “processionais” / São Bento do Sapucaí

Em todo o estado, com maior concentração no Vale do Paraíba, multiplicam-se as presenças de bonecos de rua, gigantes ou bichinhos de saias, que permeiam as mais diversas festividades tradicionais, dos carnavais às Festas do Divino e outras. A expressão dos bonecos de rua, se faz presente em aproximadamente 35 municípios. Interessante notar que, no mais das vezes, cada conjunto de bonecos tem um séquito peculiar (sacizada, pereirinhas, mascarados…)que além de oferecerem “proteção” aos gigantes, dinamizam os cortejos nas ruas. Na região da Mantiqueira os casais principais recebem o nome de Zé Pereira e Maria Pereira (vulgarizados em Pererão e Pererona, daí que os bonecos menores passaram a ser denominados pereirinhas). No restante do Vale, João Paulino e Maria Angu. Na foto o Pererão, a Perorona ( com seus 3,5 m de altura e 20 Kg) e um pereirinha de São Bento de Sapucaí, resultantes de engenhosidades do Bento Cortez. (Foto: Reinaldo Meneguim).

6- São José dos Campos – 2007

Congada e Moçambique de São Benedito / Lorena

Capitão Bira, o líder do grupo do qual participam sua mãe, esposa, filhos, netos, irmãos, sobrinhos e amigos. No nome do grupo está contida uma ambiguidade – Congada e Moçambique. Para os de fora do grupo fica difícil de entender. Entretanto, o grupo se entende, e segue. Das congadas têm o peso de grande quantidade de caixas e instrumentos melódicos. Dos moçambiques, o manejo de bastões e as toadas. O grupo se permite algumas gracinhas, em momentos especiais: conduzem, momentaneamente o ritmo para o universo do samba e por vezes dão certa “fanqueada”, visitando um roda de funk. Permitem-se transitar, sem perder sua identidade. De resto, ressalta-se sua unidade e organização, mantendo um figurino impecável (na realidade, um “guarda roupa” com opções para ocasiões ou situações, frio ou calor), resultante do bom gosto do capitão Bira, e dos esforços de sua comunidade congadeira. (Foto: Reinaldo Meneguim)

7- São José dos Campos – 2008

Piracuara em seu bote / Rio Paraíba do Sul – SJC

Piracuaras, no geral são habitantes das beiras dos rios. Em São Paulo, de forma especial, são denominados os moradores das margens do Rio Paraíba do Sul em curso médio. Conhecedores de seus meandros, e habituados às lides em suas águas, seja pescando ou contando com as bênçãos de suas cheias para o plantio de arroz em suas várzeas. Ainda é significativo o número daqueles que trafegam em suas águas, em simples botes de madeira ou em exemplares mais modernos de alumínio. Até mesmo em um contexto tão industrializado e urbanizado, como o de São José dos Campos em que, ainda hoje, se entrecruzam os mais variados veículos numa verdadeira diacronia.  (Foto: Toninho Macedo)

8- São José dos Campos – 2009

Zé Mira (In Memorian) / SJC

Ícone da cultura caipira recente, no Vale do Paraíba, com um perfil brilhante de roceiro, maçambiqueiro, violeiro, cantador, animador, poeta, conselheiro, e ecologista. Descobertos pela pesquisadora Angela Savastano, em 1987, Zezé e sua inseparável Nair, integraram-se de pronto às atividades do Grupo Piracuara, em que se desabrochou. Tendo sido tropeiro durante sua vida, Zezé era o que se costuma chamar de memória viva. Uma excelente memória viva: conseguia animar qualquer reunião com relatos de suas vivências e histórias que cultivou. Conservando-se analfabeto, juntou esta capacidade e uma facilidade de comunicação à sua verve trovadora, que foi se aguçando nos últimos anos de sua vida, período em que se tornou palestrante frequente. Conquistou, também nesta área de atuação, respeito da comunidade valeparaibana. (Foto: Reinaldo Meneguim)

9-São José dos Campos – 2010

O barro já tinha um mistério na minha vida / SJC

Lili, de batismo Maria Benedito Santos, nascida em Taubaté em 1919. Radicou-se em São José em 1950. Começou a fazer figurinha de barro ainda em Taubaté, aos 6 anos por brinquedo. “Quem fazia nos outros tempo era minha avó. Fazia pra ensiná brinquedo. E a gente aprendeu com ela”. Na argila dá forma a seu universo cultural, vivenciado ou inspirado, andantes, as pessoas trabalhando, noivinhas, carros de boi, galinhas, e anjos da guarda. Bastante. Por inspiração, como ela mesma diz: “Eu penso em fazer uma coisa, eu rezo pro anjo da guarda. Aí vem o que eu quero fazê eu faço. Tem inspiração”. Devoção iniciada aos 12 anos de idade. O barro para as figurinhas o filho Pedro vai buscar em Caçapava. Lili não trabalha todo dia: “só quando vai chegar pra ter exposição.” As peças modeladas com sol forte secam no mesmo dia, direto no sol. E depois a gente pinta com guache ou látex. Afora os presépios, faz São Francisco, como é regra entre a maioria dos figureiros. “Mas eu não faço ele sozinho, eu faço ele com os animais e os passarinhos, na cabeça, pelo ombro. Ao redor todos modelam, cada um a seu tempo, filhos, filhas e até os netos. Cada um com sua marca. (Foto: Reinaldo Meneguim)

10-São José dos Campos – 2011

Congada de São Benedito / Ilha Bela

Mais que centenária esta congada possui peculiaridades. A primeira delas é a marimba, instrumento rítmico-melódico, aqui chegada na bagagem dos negros bântu, e que, ao que parece só sobreviveu no Litoral Norte de São Paulo. Outras duas são a embaixada e os atabaques. Trata-se de uma grande encenação estruturada em bailes (assim designadas as cenas, ou mesmo atos, nas encenações tradicionais) em que se confrontam o Rei Congo, com seus fidalgos, e o Embaixador de Luanda, com seus congos. As muitas falas se alternam com evoluções, bailados (com figurações da quadrilha francesa) e simulação de lutas, com que se disputa o direito de realizar a festa para São Benedito ou dela participar. Os Ilheus, como fazem questão de se identificarem os oriundos da Iha Bela, têm na Festa de São Benedito, mais imponente que a festa da padroeira da Ilha, com sua ucharia (a casa referencial da mesma em que se preparam e são servidas as refeições aos congueiros, festeiros e à comunidade durante os dias de festa) e na manutenção de sua congada, a expressão mais autêntica de sua ancestralidade. (Foto: Reinaldo Meneguim)

11-São José dos Campos – 2012

Orante 3 – Bandeireiro da Folia de Santo Reis

Então as tuas palavras voarão em canções de cada ninho dos meus pássaros, e as tuas melodias brotarão em flores por todos os recantos da minha floresta

Esta é a quinta vez que o universo das Folias de Reis inspiram a comunicação visual do Rsp. Desta vez não pelo tema de Reis propriamente dito, mas pelo foco da comunicação do ano: os Orantes. Neste caso, afora o distanciamento enunciado em seu olhar, emblematicamente uma cascata de flores, encimada pelo divino, como que jorra de sua boca. Além disto, inspirou também o título da reflexão que se segue, tomado emprestado à poetisa Adélia Prado, quando em uma longa entrevista a Jean Lauand, a certa altura transborda… Então eu acho que o Céu…, quando a gente fala em experiência de mística, da alegria inefável dos santos, isso está no olhar, sabe” Então, você chega no Céu: -“agora descansa, para o mundo que vou olhar a face divina!”. (Foto: Reinaldo Meneguim)

12-São José dos Campos – 2013

Nesta edição do Revelando a imagem inspiradora foi a da Cavalaria de São Benedito e São Gonçalo, de Guaratinguetá. É uma das partes mais importantes de uma Festa que segundo especialista teve início em 1755, com a criação da Irmandade de São Benedito.

13-São José dos Campos – 2014

No ano em que os cartazes do Festival foram inspirados pela permanência e continuidade da cultura tradicional. A imagem retrata bem este viés que abordamos pois apresenta as gerações do Moçambique da Vila do Tesouro (São José dos Campos) se apresentando em um dos Revelandos. Na permanência temos a qualidade do que é estável, perseverança, constância e duração. Implica em conservar-se, continuar existindo, persistir e insistir. Já a continuidade, é o que existe e segue, sem interrupção de forma perene. Ela mantém a ligação com um antes e prenuncia um depois. Dois conceitos que sem dúvida norteiam a existência do Moçambique da Vila do Tesouro.

14-São José dos Campos – 2015

O Cartaz do Revelando São Paulo no Vale do Paraíba em 2015 trouxe como iconografia inspiradora a Cavalgada do Divino Espírito Santo de Caraguatatuba.