Artesanado de Palha de milho, da cidade de Redenção da Serra. Artesã Giselda. Fotografia de Reinaldo Meneguim

Romaria

romaria

Um traço que se destaca na cultura tradicional em São Paulo são as romarias: a pé, de bicicleta, a cavalo, de charrete, de motos, de carro, em ônibus fretados ou de carreira. Ocorrem durante todo o ano, apresentando, ciclicamente, grandes picos que chegam a demandar ações especiais dos Departamentos de Transito.

Quando a pé os romeiros se auto intitulam caminheiros, e seguem sós, em duplas, ou em grupos. Dentre os que seguem sós alguns podem arrastar cruzes por uma distancia algumas vezes superior a 100 quilômetros. Há caminheiros que se organizam em grupos que peregrinam regularmente, alguns destes beirando os 50 anos, ou mais, de caminhadas.

São também numerosas as romarias com organizações internas, que chegam a ser complexas em alguns casos, verdadeiras instituições que congregam grande número de afiliados e que peregrinam regularmente, destacando-se dentre estas as romarias a cavalo, que apresentam maior nível de organização e complexidade, algumas delas bem longevas e chegando a congregar acima de 1.500 cavaleiros. Essas romarias são, via de regra, uma convergência de expressões culturais com variedade de elementos convergentes (alimentos, indumentárias, sincretismo religioso).

Um traço que se destaca no universo da cultura tradicional em São Paulo são as romarias: a pé, de bicicleta, a cavalo, de charrete, de motos, de carro, em ônibus fretados ou de carreira. E esta é a motivação para a realização, durante o Revelando São Paulo, do Encontro de Romeiros.

 Sou caipira, pirapora
 Nossa Senhora de Aparecida
 Ilumina a mina escura e funda
 O trem da minha vida
                                           Romaria – Renato Teixeira

Pirapora do Bom Jesus - Sexta feira Santa - Romarias0001

Quando a pé os romeiros se auto intitulam caminheiros, e seguem sós, em duplas, ou em grupos. Dentre os que seguem sós há aqueles que podem arrastar cruzes por uma distância algumas vezes superior a 100 quilômetros, para enfim, depositá-las à frente do Santuário.

Foto: TM – Sexta Feira Santa- 1981

Há caminheiros que se organizam em grupos que peregrinam regularmente, alguns destes beirando 50 anos, ou mais, de caminhadas.

Pirapora do Bom Jesus - Sexta feira Santa - Romarias0002

No caso de Pirapora, já quase na entrada da cidade, caminheiros e outros romeiros aproveitam para um descanso, à margem da Estrada dos Romeiros recobrando os ânimos.
Ou, por outra, param para descansar depois de cumpridas as obrigações devocionais, enquanto aguardam o ‘resgate’, feito por familiares ou por amigos.
Foto:TM – Sexta Feira Santa -1981

Nota divulgada na Internet por Maria Lúcia Miserochi:
“No próximo sábado, dia 11, sai da Freguesia do Ó, mais um grupo de caminheiros a Pirapora do Bom Jesus. Essa caminhada é feita há mais de 80 anos, e ainda hoje participam os netos dos que iniciaram essa devoção. Fica o convite aos que quiserem se unir a nós. Sábado dia 11/08/2012, as 18 hs, saindo da Av. Itaberaba nº 600. Abraços Maria Lucia”

Há romeiros fortuitos e grupos fortuitos que peregrinam. Entretanto há grupos regulares com organizações internas que chegam a ser complexas em alguns casos. São as intituladas Romarias.

Dentre estas, as romarias a cavalo são as que apresentam maior nível de organização e complexidade, algumas delas bem longevas e chegando a congregar acima de 1500 cavaleiros. Outras, mais complexas ainda (caso da Diocesana de Jundiaí), reúnem ao mesmo tempo grande número de cavaleiros, caminheiros e ciclistas.

Acontecem durante todo o ano apresentando, ciclicamente, grandes picos que chegam a demandar ações especiais dos Departamentos de Trânsito.

Estas romarias são, via de regra, uma convergência de expressões culturais a elas aplicando-se, frequentemente, o que apontou Cascudo referindo-se àquelas ocorrentes no Nordeste:

…”pela variedade de elementos convergentes, danças, cantos, alimentos, indumentárias, sincretismo religioso, sobrevivência de costumes que encontram nestes momentos clima favorável à exteriorização normal.”

As romarias ou peregrinações parecem ser um fato cultural antigo e comum a povos de motivações religiosas divergentes. Caracterizam-se por viagens, individuais ou em grupos, a lugares sagrados, especialmente quando em visita a uma relíquia. Tem o fim de cumprir um voto ou obter uma graça.

Os Hebreus afluíam ao templo de Jerusalém por ocasião das grandes festas preceituais. Para Jerusalém afluem hoje ainda, por motivos semelhantes, cristãos e muçulmanos. Próximos, mas nem tanto.

Os pré-cristãos, na antiguidade, tinham o hábito de viajar aos templos ou lugares sagrados para consultar os oráculos. Os muçulmanos devem ir a Meca, sua cidade sagrada na Arábia Saudita, pelo menos uma vez em sua vida.

São grandes e conhecidos os centros romeiros de Juazeiro do Norte (Pe. Cícero) e São Francisco do Canindé, no Ceará; Bom Jesus da Lapa, na Bahia e Bom Jesus do Porto das Caixas, no Rio de Janeiro.

O que pouca gente sabe, no entanto, mesmo no próprio estado, é que São Paulo possivelmente congrega o maior número de centros de tradições romeiras no Brasil, estabelecidos em todos os cantos, com as mais variadas motivações. São seis cidades-santuário de grande expressão. O primeiro e mais conhecido, é o de Aparecida, na cidade de mesmo nome no Vale do Paraíba, um dos maiores centros de devoção mariana no mundo. Ainda no mesmo vale, o Santuário do Bom Jesus da Cana Verde, em Tremembé. Ainda dedicados ao Bom Jesus da Cana Verde: no médio Tietê o da cidade de Pirapora, na região bragantina o da Cidade de Bom Jesus dos Perdões, e no Litoral Sul, na foz do Rio Ribeira, o de Iguape, o mais antigo votado ao bom Jesus, e que serviu de modelo aos demais. Além destes, o Santuário da Virgem Montesina e do Bom Jesus dos Castores, além de Tambaú, mais recente, com a devoção ao Pe. Donisetti.

Afora estes, que serão abordados a seguir, apontamos a existência de mais de duas dezenas de túmulos de devoção popular em todo o estado, com área de maior concentração na Grande São Paulo. Deles destacamos os túmulos do Bento do Portão (Cemitério de Santo Amaro), do Antoninho da Rocha Marmo (Cemitério da Consolação), da Menina Izildinha (Cemitério São Paulo), das 13 Almas (Cemitério da Vila Alpina), estes, entre outros, na Capital. Também os do Pe Rodolfo e Maria Peregrina, em São José dos Campos. E outros mais.

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Romaria nos meandros da Mantiqueira

Todos os anos, juntando o gosto no trato com animais e pelas cavalgadas, os moradores de toda a extensão da Mantiqueira em São Paulo, seguem em romaria até o Santuário de Aparecida.

Com maior regularidade no período do inverno, quando é comum cruzar-se com seus ires e vires. Beneficiam-se da temperatura para esticar as jornadas, sempre diurnas.

Assim é com muitos moradores de São Francisco Xavier (Distrito de São José, incrustrado no miolo da serra): com devoção e ao mesmo tempo prazer,

pelas estradas vicinais, descem a serra rumo ao Vale.

E, a cada ano, o ano todo, reverberam os benefícios de sua devoção, o prazer da convivência e a satisfação da empreitada renovada a cada ano.

Foto: César Diniz
Arte: Eros Denardi / T. Macedo

“Peregrinar é rezar com os pés…”

Um traço que se destaca no universo da cultura tradicional em São Paulo são as romarias ou peregrinações: a pé, de bicicleta, a cavalo, em charretes, de motos, de carro, em ônibus fretados ou de carreira.

Quando a pé os romeiros se auto intitulam caminheiros, e seguem sós, em duplas, ou em grupos. Dentre os que seguem sós, há aqueles que podem arrastar cruzes por uma distância algumas vezes superior a 100 quilômetros, para enfim, depositá-las à frente do Santuário de destino.

Há caminheiros que se organizam em grupos que peregrinam regularmente, alguns destes beirando 50 anos, ou mais, de caminhadas.

Numa peregrinação há também a oportunidade de um percurso turístico, contato com a natureza, conjunção de cansaço e contemplação, numa única e grande experiência espiritual; de ratificação de uma via de fé e de agradecimento; de reencontro com as raízes religiosas; de renovação do caminho de transformação interior, momento em que se dá a revisão da trajetória de vida e dos projetos pessoais; de arrefecimento, por um lado, do “pecado” do egocentrismo, e por outro, poder estar em comunhão com toda a comunidade que caminha ao lado.

É, sem dúvida, um retiro espiritual ao qual se pode aplicar a máxima de que “peregrinar é rezar com os pés”, ainda que peregrinos ou romeiros possam fazer o trajeto por outros meios de locomoção, como tem acontecido. Importante é a clareza da empreitada.

Destacamos aqui a importância do grande arco da Mantiqueira, que tem início em Joanópolis e se estende na direção do Vale do Paraíba, para esta expressão de cultura tradicional. Este é o nicho do maior número de grandes centros de peregrinação, como também de concentração de fluxos romeiros de que se tem notícia.

Nessa ambiência confluem-se as devoções ao Senhor Bom Jesus e à Senhora Aparecida, suficientes para provocar um adensamento das mais variadas expressões de religiosidade popular, com destaque para as romarias.

São 4 grandes santuários que abrigam imagens históricas: Senhor Bom Jesus de Tremembé (1669), Senhor Bom Jesus de Perdões (1706) e Senhor Bom Jesus de Pirapora (1724), além do Santuário Nacional da Senhora Aparecida. (1)

Pelas datas referendadas para o encontro das imagens veneradas, fica explícita a longevidade destas expressões de devoção popular.

Como ilustração aqui lembramos que o Naturalista francês, Alcide D’ Orbigny, que chegou ao Brasil em 1826, em sua Viagem Pitoresca através do Brasil deu conta da existência da devoção já notável:

À nossa direita, via-se uma bela cadeia de colinas plantadas de feijão, milho, mandioca e tabaco. Para a esquerda, o vale se alargava até alcançar a Serra da Mantiqueira. É uma região encantadora, à qual só falta uma coisa: habitantes. É dominada pela Capela de Nossa Senhora Aparecida, onde reside o capitão-mor. Essa capela foi construída há uns sessenta anos, em parte de pedra, em parte de argila.

Como também do embrião das romarias que iriam se agigantar a partir de então, ampliando-se pelos séculos seguintes:

Acorrem para ali numerosos peregrinos, por ocasião do Natal. Chegam sempre a cavalo, levando as mulheres na garupa. O vestuário daqueles agricultores está de acordo com sua vida simples e ocupada: um chapéu de abas largas, que serve de proteção tanto contra o Sol como contra a chuva, o poncho, o casaco, e as calças de calicô preto, botas altas não engraxadas, presas ao joelho por uma correia e uma fivela, uma comprida faca de cabo de prata: tais são os atributos distintivos do viajante paulista. As mulheres também trazem compridos e largos casacos de pano. (2)

No caso do Bom Jesus, as imagens reverenciadas são todas em “tamanho natural”, e com características semelhantes. Dentre estas, destaco seus portes (cerca de 2 metros), e o fato de não possuírem cabelos entalhados na madeira, o que possibilita aos devotos a oferta de cabeleiras, como também de seus mantos, em cumprimento de promessas. Afora isto, além da coroa de espinhos, todas ostentam por trás e acima da cabeça um disco solar de prata.

Muito acima do maior ou menor valor artístico de cada uma destas imagens, bem como dos dados históricos competentes, está certa aura de mistérios que envolvem as trajetórias de cada uma delas: Bom Jesus de Pirapora (Um presente do Tietê), Bom Jesus de Tremembé (Presente de andarilho um desconhecido). (3)

Senhor Bom Jesus dos Perdões (4)

Escultura bem acima do tamanho natural (2,06m), inteiriça em cedro numa perfeição anatômica e expressão dramática, apoiando-se unicamente sobre os pés. Os braços pendem para frente, unidos nos pulsos. Os músculos descontraídos, apresentando um rosto de expressões exaustas, cheio de amargura e bondade. O dorso é um tanto encurvado, como sustentando um peso excessivo, comprimindo-se o ventre. Além da pequena toalha esculpida na cintura, nada mais encobre ou completa o talhe do corpo. (Extraído da descrição técnica da imagem).

Afora o veiculado pelas fontes oficiais sobre nossos Centros de Peregrinação, o mais das vezes acessíveis na internet na internet, aqui priorizamos a história que foi sendo tecida e entretecida a partir de relatos. História que, por isso mesmo, se refaz frequentemente e contribui, ao lado da fé que é sempre uma adesão pessoal, para o alimento dos fluxos romeiros. Estes fluxos apresentam peculiaridades em cada um dos destinos:

– Para Pirapora destina-se o maior contingente de puxadores de cruzes, de romarias a cavalo, de ciclistas e motociclistas, além do enorme quantidade de caminheiros.

– Para Iguape, uma maior diversidade de meios, incluindo-se os pequenos barcos de pescadores, cavaleiros, acampantes, arranchamentos (de forma especial de romeiros que provêm do Sul, com caminhões transportando de um tudo para a manutenção de um determinado grupo, que se arrancha no entorno do mesmo), além dos cavaleiros e caravanas em ônibus.

– A Aparecida chegam maciçamente de ônibus, carros, motos, a cavalo, em ônibus fretados e em ônibus de linha, provenientes de todo o Brasil.

Do texto em referência (5) sobressaem algumas características pertinentes:

– Quanto às procedências – advêm de várias regiões do estado, com predominância do Médio Tietê e Bragantina; mas chegam a vir de mais longe (de Araras e Avaré já foram apontados).

– Geralmente bem organizados e estruturados de acordo com as possibilidades de cada um. Muitos contam com veículos de apoio à tropa e mesmo ônibus quando acompanhados da família. Podem trazer caminhão boiadeiro para carregar a cozinha, os mantimentos, o fogão e as bagagens;

– É difícil ver mulheres entre os cavaleiros.

– Monta quem pode e quem quer. Tamanha é a vontade de fazer a viagem, que quem não tem cavalo ou mula própria, pede emprestado, e não raro acabam por adquiri-los, dando seguimento à tradição anual.

– A hospedagem é feita em quartos simples, onde se espalham pelo chão os colchões trazidos de casa. Por vezes todos dormem juntos, outras vezes mulheres separadas dos homens. Quando não cabem nos quartos, eles se acomodam onde podem, em barracas ou sob as varandas.

– Cada viajante tem seu ritmo de viagem, alguns mais focados no devocional, conduzindo, inclusive oratório com imagem de Nossa Senhora, orando a cada parada.

– Há os que viajam de maneira mais suave, procurando chegar ao final da jornada aproveitando a companhia, a paisagem e o contato com a natureza e os animais, seguindo devagar, passeando, chegando em Aparecida em 5 dias, de maneira a não cansar os participantes e os animais.

– Dos vários grupos participam pessoas de faixas etárias variadas, crianças e idosos, alguns se iniciando nestas jornadas e outros já acumulando experiências de anos. Cavaleiros, romeiros de vários segmentos sociais (ferreiros, comerciantes, criadores, projetista, médicos, etc) fazem o percurso pelos motivos mais diversos, entre passeio e promessa (geralmente confidencial).

– Por vezes em uma charrete levam suprimentos de emergência.

Pirapora do Bom Jesus - Sexta feira Santa - Romarias0002

Muitos grupos de peregrinos, ao final de suas jornadas, depois de cumprirem todas as devoções e obrigações, são resgatados por familiares ou amigos, como no que se observa nestas duas fotos com caminheiros e ciclistas preparando-se para o retorno.

Há romeiros fortuitos e grupos fortuitos que peregrinam. Entretanto há grupos regulares com organizações internas que chegam a ser complexas em alguns casos. São as chamadas Romarias.

Anualmente, e já de tempos, sempre no 3º final de semana de maio, conflui em Aparecida a Romaria Nacional de Motociclistas. Seguem sempre pela faixa da direita das rodovias. Assim observamos na Dutra. O entroncamento ou ponto de referência dos que vêm das bandas do interior, do Sul ou do Litoral Norte de São Paulo e Sul de Minas, é São José dos Campos. Os que vão chegando vão aguardando pelo acostamento. Vêm do norte do estado de São Paulo e se dirigem para a cidade de Aparecida (SP), demonstrando sua fé a Nossa Senhora Aparecida, na grande Basílica.

Também tangenciam a região os fluxos de romeiros oriundos de Tambaú, onde se reverencia o Beato Pe. Donizetti – A alma de Tambaú, também no topo “do turismo religioso”. De sua devoção a Maria, de forma especial sob a invocação de Senhora Aparecida, e da devoção a ele votada por tantos devotos e romeiros, surgiu mais recentemente o Caminho da Fé. (6)

Afora o recente roteiro do Caminho da Fé, há outros menos estruturados, bem mais antigos e consagrados pela tradição, que seguindo paralelamente, têm também na Mantiqueira seu contraforte. Procedentes de diversos pontos do norte do estado, acabam por ‘desembocr’ no miolo da Mantiqueira: Joanópolis, São Francisco Xavier (distrito de São José dos Campos), Monteiro Lobato. A grande maioria continua sendo dos que ‘viajam’ por motivação religiosa. Entretanto são igualmente numerosos aqueles que repetem o caminho, a cada ano, por prazer.

O trajeto que muitas vezes leva dias (40 a 60 km por dia a cavalo ou de charrete), da origem até o final, também já não é mais tão sofrido. Há pousos tradicionais estabelecidos em São Francisco Xavier (onde existem duas pousadas especializadas em receber romeiros), em Joanópolis e Monteiro Lobato. São ambientes simples que recebem, em média, cerca de 15 pessoas de cada vez, mas também grupos de mais de 30 pessoas, incluindo-se famílias, que acabam por se ajeitar.

Os romeiros já não precisam mais dormir ao relento e cozinhar ao ar livre. Agora eles encontram a hospitalidade de fazendeiros e sitiantes e por vezes até se hospedam em pousadas. Os animais têm alimentação garantida e um piquete onde podem descansar nas paradas.

O período de maior concentração destas romarias estende-se de Junho a Setembro, com pico em Julho (até 5 grupos num dia), pela confluência de dois fatores: o período de férias e a temperatura amena, o que atenua o cansaço de todos: romeiros e animais.

São muitos os desafios e percalços nestas jornadas e, no geral percebe-se claramente, nos participantes, a par do lado devocional, uma certa relação atávica com o período do tropeirismo, experimentando a provação de estarem longe do lar e em condições tão rústicas.

Notas:
1-Acrescente-se a estes o Santuário do Senhor Bom Jesus de Iguape (1647), Bom Jesus de Iguape (A Imagem que veio do mar), exposta em seu santuário, encontrada, segundo a tradição, por dois índios na praia do Una (Juréia). Segundo consta, teria sido ali ‘depositada’ pelo mar. Ao que tudo indica de todas as imagens do Bom Jesus existentes no Brasil, esta é a mais antiga, e a partir dela a devoção se difundiu pelo Sul do Brasil (litorais paranaense e catarinense) e pelo Serracima paulista. É de se destacar, ainda, que a feitura das três outras (Bom Jesus de Tremembé, Bom Jesus dos Perdões e Bom Jesus de Pirapora), obedeceu ao padrão desta que se encontra em Iguape.

2- Entretanto a história de Aparecida teve início em meados de 1717, quando chegou a Guaratinguetá a notícia de que o conde de Assumar, governador da então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, iria passar pela povoação a caminho de Vila Rica em Minas Gerais. Desejosos de obsequiá-lo os maiorais da terra convocaram a comunidade para o preparo dos festejos. Convocaram os piracuaras para que providenciassem o mais abundante e melhor pescado do rio Paraíba. Assim Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram em suas canoas e lançaram suas redes, sem muito proveito. Até que depois de muitas tentativas infrutíferas, descendo o curso do rio, chegaram ao Porto Itaguaçu.

3-Seu Santuário, também localizado no médio Vale do Paraíba. O reconhecimento de sua devoção antecede o encontro da Virgem da Conceição de Aparecida encontrada (1717). A primeira capela a Ele dedicada foi construída em 1672, no local onde se encontra a atual Basílica.

4- Bom Jesus dos Perdões é pequeno município na região bragantina, com população um pouco acima dos 13 mil habitantes, ao lado de Atibaia e Nazaré Paulista, fundado em 22 de maio de 1705 por Bárbara Cardoso de Almeida, paulistana, filha de Mathias Cardoso de Almeida e Isabel Furtado. Seu filho frei Mathias Lopes é fundador de Nazaré Paulista.

5-Inge Schloemp (Romeiros em São Francisco Xavier- http://www.saofranciscoxavier.org.br/cultura.htm) reuniu informações importantes coletadas no momento mesmo da passagem de romeiros por São Francisco. Como moradora no distrito, e juntando-se a isso o interesse pelas ‘coisas da terra’ e a disposição para desvendá-las, foi-lhe possível a recolha de informações preciosas em detalhes, que aqui nos embasaram.

Trata-se de uma rota de peregrinação inaugurada em fevereiro de 2003, com extensão de 429 Km. Atravessa os meandros da Serra da Mantiqueira, passando pelo sul de Minas Gerais. Interliga dois importantes centros religiosos: partindo de Tambáu conduz os peregrinos até a Basílica Nacional de Aparecida, no Vale do Paraíba, envolvendo 23 cidades/municípios nos dois estados. A inspiração para a sua criação adveio do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha.

No rumo de Aparecida

Foto cartaz e ao lado: César Diniz – 2012

Romeiros de São Francisco Xavier seguindo para Aparecida pelos meandros da Mantiqueira, como fazem anualmente.

… o que vale é chegar a Aparecida. Eles vão viajando, parando, trazendo histórias e alegria.

Rumo a Aparecida 2018

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Companheiros (de cum – panis = aqueles com quem compartilhamos o “pão”, idéias, ideais…)

Neste momento tempestuoso de nossa nação, apoiamos nossa confiança na fé inabalável de nosso povo (e não me refiro aqui a estratos sociais), que seja atrás da berlinda de N. Senhora de Nazaré, como vimos semana passada, como seguindo passadas do Padim Ciço… Algumas vezes causando impactos midiáticos. Em maioria seguindo com tranquilidade, sem alardes.

São assim as rotas da chamada Casa da Mãe (Aparecida), que pelo menos duas vezes ao ano abarrotam estradas vicinais e os acostamentos da Via Dutra. Um fato interessante: tanto pagam promessa os que se deslocam, caminheiros, como aqueles que, voluntariamente, generosamente, se postam à beira para dar alento aos que passam ( apoio médico, curativos para os pés feridos, um espaço para um breve repouso, …e alimentação).

Nesses “pousos”, e são vários, dentre os voluntários encontram-se muitos evangélicos. A meu ver já resultados do exercício da convivência pacífica, respeitosa, que se vem se estimulando e praticando no âmbito do Revelando São Paulo. Resultados da prática da Cultura de Paz.

Compartilho com vocês registros de um desses pousos do qual participam culinaristas habituais do Revelando. Observem que até a tão famosa galinhada é produzida nos tachos e fogareiros – comida quentinha.

Este é o Brasil que queremos, irmanados de Norte a Sul- afagos e não bofetadas. O Brasil que vale a pena. Que nos faz respeitar e sermos respeitados. Esta é a nossa índole.

Romaria de Nossa Senhora da Ajuda

Capela do Alto – Guapiara

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Em Capela do Alto, distrito de Guapiara, no Alto Ribeira, existe uma capelinha (que lhe emprestou o nome) dedicada a Nossa Senhora da Ajuda distante 14 km da sede do município, que continuamente recebe fluxo de romeiros de toda a região, Itapirapuã Paulista, Itaberá, Itapeva, Capão Bonito, Ribeirão Grande. Em certas datas são verdadeiras multidões que se organizam em caravanas, em penitência, mas também desfrutando do cenário paradisíaco da região.

A igreja de Nossa Senhora da Ajuda, com status de Santuário, na cidade, funciona como local de acolhimento dos grandes fluxos que se destinam à modesta capelinha, o que vem motivando a construção de um espaço maior.

http://www.guapiara.sp.gov.br/galeriadefotos/capeladoalto/capela%20(65).JPG

O que motiva estas peregrinações é uma tosca imagem cuja origem tem como alibi relatos do Pe. Antônio Dragone, primeiro pároco da Paróquia São José de Guapiara, registrado no Livro Tombo aos 27 de janeiro de 1963 diz que:

“Aos 16 de Março de 1800 um senhor chamado Matias Franco pescava no Ribeirão do Cristal. Ele ficou surpreso ao lançar a rede, e capturar uma pequena bolsa de couro, chamada ‘patrona’, ao retirá-la do rio encontrou no seu interior uma ‘santinha’.

O homem devoto convocou seus parentes, e ergueu uma pequena capela – Capela Santa Cruz, construída de pau a pique e barro, coberta de folhas de palmeiras e sapé. A imagem da ‘santinha’, foi identificada como Nossa Senhora D’Ajuda, atraindo muitos devotos. Depois foi construído ao redor de sua capelinha um pequeno cemitério, no local onde hoje se chama “Capela do Alto”.

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As denominações populares do “sítio”, Capela do Alto ou da Boa Vista, indicam o local devocional “alvo de devoção não somente do povo do bairro, mas de todo povo de Guapiara e das redondezas, que para lá se dirigem frequentemente, pagando promessas e rogando; atribuem a sua velha imagem prodígios e milagres”.

Seus epítetos fazem jus ao cenário deslumbrante em que se insere, a região de maior contínuo de mata atlântica preservada, um patrimônio precioso. Reflexão e lazer.

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No caso de Ribeirão Grande, encontram-se às 4h na Matriz Bom Jesus e, em seguida, seguem a pé rompendo os 24 km até a Capelinha (Capela do Alto). Também são abençoados cavaleiros e ciclistas, como também muitos que seguem em carreata.

http://vivianedomy.blogspot.com/2015/09/

Romaria começa às 4h, saindo da igreja matriz Bom Jesus. (Foto: Divulgação/Júlio Leite)

Bom Jesus. (Foto: Divulgação/Júlio Leite)

g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao

http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2012/09/fieis-realizam-34-romaria-ate-capela-do-alto-em-ribeirao-grande.html

Publicado em31 de julho de 2018por Edil Queiroz de Araujo

https://mapaderibeiraograndesp.wordpress.com/2018/07/31/santuario-nossa-senhora-dajuda-em-guapiara/

http://4.bp.blogspot.com/-dPxHb9ZtmOs/VgP51ciRsvI/AAAAAAAAAq8/6iOOL-bEpBE/s320/DSCF8554.JPG

Ocorrência: Alumínio, Araçariguama, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Cachoeira Paulista, Cajuru, Campinas, Caucaia, Cidade de São Paulo, Cotia, Embu, Espirito Santo do Turvo, Franco da Rocha, Ibiúna, Itapeva, Itapecerica da Serra, Itapetininga, Itapevi, Itatiba, Itu, Itupeva, Jandira, Jarinu, Jundiaí, Juquitiba, Louveira, Mairinque, Mairiporã, Mogi das Cruzes, Mogi-Mirim, Osasco, Piedade, Pilar do Sul, Piquete, Piracicaba, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Porto Feliz, Redenção da Serra, Santana de Parnaíba, São Luis do Paraitinga, São Roque, Suzano, Vargem Grande Paulista, Valinhos, Vinhedo.

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