Artesanado de Palha de milho, da cidade de Redenção da Serra. Artesã Giselda. Fotografia de Reinaldo Meneguim

Procissão nas Águas

ic_procissoesAfora os encontros dos Irmãos do Divino nas águas do Médio Tietê (região em que o rio volta de novo à vida), observamos outras devoções a se expressarem nas águas, estruturadas em grandes cortejos fluviais, lacustres e marítimos de embarcações variadas (barcos, bateras, ubás, botes, chatas, lanchas, balsas, bóias). Busca se com eles homenagear Bom Jesus, Nossa Senhora (dos Navegantes, do Livramento, do Rocio, do Patrocínio, Aparecida) e São Pedro.

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Vale do Ribeira0001

Em Iporanga, no Alto Ribeira, no último dia do ano a população homenageia Nossa Senhora do Livramento, devoção antiga que ali se ancorou, séculos atrás. Descem o rio, em balsa montada e enfeitada para a ocasião, conduzindo a preciosa imagem até o ancoradouro da cidade, acompanhada pela corporação musical.
Foto: TM- 1987

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A referida Balsa é uma grande montagem sobre 3 canoas ribeiranas, de grande porte, confeccionadas especialmente para estes momentos, patrimônio da Senhora do Livramento. Travadas as mesmas, por sobre elas prepara-se um tablado na parte central, destinando-se a popa e a proa aos remadores/promesseiros. Ergue-se o restante da armação que deverá representar a Caravela na qual a imagem viajou até Cananéia.

Foto: TM- 1987

A comitiva – aqueles acompanham a descida, já vai de vez para a festa, para ficar 3 a 4 dias. Levam, assim, tudo de que necessitam.

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A descida da balsa é algo cinematográfico, como é cinematográfica a ambiência do vale do Ribeira:

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Gratidão: http://www.iporanganet.com/2014/01/festa-de-nossa-senhora-do-livramento-e.html

Imagem relacionada

Alberto Correa

Em Cananéia, no Litoral sul, festeja-se Nossa Senhora dos Navegantes, com grande afluxo de barcos e cortejo pelas águas no extremo sul; Mar de Dentro, o mesmo ocorrendo em Iguape, no extremo norte, em homenagem a Nossa Senhora do Rocio.

São Pedro, padroeiro doa pescadores, é também objeto de devoções que têm o universo das águas como importante espaço de expressão. Recebe homenagens nas águas do Litoral Norte e em alguns dos vários

dos lagos que se formaram ao longo do baixo Tietê com a criação da hidrovia.

É de se destacar a conjunção de devoções que motivam os piraquaras no Vale do Paraíba: descendo o rio em suas canoas, a partir de São José, concentram-se em Tremembé (tradicional local de peregrinações em visita ao Bom Jesus de Tremembé), sendo o cortejo engrossado ao longo do trajeto. Juntam-se aos que se haviam concentrado em Pindamonhangaba, seguindo todos até Aparecida, onde homenageiam sua grande Padroeira.

Também a Billings, represa que banha vários municípios da Grande São Paulo, já foi palco destas manifestações devocionais (Nossa Senhora da Boa Viagem, Nossa Senhora dos Navegantes e São Sebastião) que tendem a voltar e a se revigorar com a melhoria de suas águas.

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Orante 1

Peregrinação no rio Atibainha

Nazaré Paulista – Dezembro de 2011

Na década de 50, por causa de uma longa estiagem na cidade, Pedro Galhardo e Gusto Fá (in memoriam), vinham fazer orações à beira do Rio Atibainha, confiantes que Nossa Senhora Aparecida intercedesse para que a chuva viesse salvar a lavoura. Com muita fé fizeram promessa de realizar uma romaria de barcos da cidade até a Capelinha no sítio, no Bairro Tanque Preto. As chuvas vieram. Desde então, a cada ano, no 2º domingo de dezembro, a comunidade religiosamente realiza esta peregrinação, de forma festiva e até irreverente: juntam suas pequenas embarcações o dia da Imaculada Conceição Aparecida, Padroeira da Comunidade. Completam-se assim as manifestações das Águas do Círio de Nazaré, em Nazaré Paulista.

Foto: Moaci Brito

Arte: Felipe Scapino/ Toninho Macedo

Procissões nas águas

Afora os encontros dos Irmão do Divino nas águas do Médio Tietê (região em que o rio volta de novo à vida), observamos outras devoções a se expressarem nas águas. Em Iporanga, no Alto Ribeira, no último dia do ano a população homenageia Nossa Senhora do Livramento, devoção antiga que ali se ancorou, séculos atrás. Descem o rio, em balsa enfeitada para a ocasião, conduzindo a preciosa imagem até o ancoradouro da cidade. Em Cananéia, no Litoral sul, festeja-se Nossa Senhora dos Navegantes, com grande afluxo de barcos e cortejo pelas águas no extremo sul; Mar de Dentro, o mesmo ocorrendo em Iguape, no extremo norte, em homenagem a Nossa Senhora do Rocio. São Pedro merece homenagem nas águas do Litoral Norte, em vários dos lagos que se formaram ao longo do baixo Tietê com a criação da hidrovia. É de se destacar a conjunção de devoções que motivam os piraquaras no Vale do Paraíba.

Descendo da região de São José, concentram-se em Tremembé (tradicional local de peregrinações em visita ao Bom Jesus de Tremembé), sendo o cortejo engrossado ao longo do rio. Juntam-se aos que se haviam concentrado em Pindamonhangaba, seguindo todos até Aparecida, onde homenageiam sua grande Padroeira.

Também a Billings, represa que banha vários municípios da Grande São Paulo, já foi palco destas manifestações devocionais (Nossa Senhora da Boa Viagem, Nossa Senhora dos Navegantes e São Sebastião) que tendem a voltar e a se revigorar com a melhoria de suas águas.

TIETÊ

05/12/87

Candinho – Tenho 49 anos. Sou Irmão do Divino desde que, vamo sepor, eu quando nasci, minha mãe já tinha vocação que algum de nóis da família, que não tinha nenhum que era Irmã do Divino, ela tinha vocação que um da família fosse, que nóis já tinha uma promessa muito grande, que é essa promessa que ocêis tão vendo aí, que é dá esse pouso, mais ela não explicava pra nóis porque que era essa promessa. Então, enquanto existir um da família dos Honório, nóis temo que dá esse pouso, assim minha mãe pediu e meu pai pediu pa nóis, e eles já são morto, então nóis continua dando e eu tornei sendo Irmão quando fiquei mai grandinho um pouquinho, então eu passei, fui o melhor folião que teve naquela temporada, aonde foi agravado, foi firmado (filmado), foi colocado em jornal, porque aquilo nunca aconteceu em Tietê, é novidade, inclusive eu tenho uma estátua lá em São Paulo, ta exposto lá eu e meu companheiro, que nóis cantamo. Eu fui o melhor folião naquela época lá. Já fui folião do Divino, sei cantá, inclusive pra mim, é uma coisa meio dura, assim, quando eu vejo outro folião cantando, se ele cantá mais ou meno bem, aquilo me machuca, porque eu fui, aonde eu passei, tudo mundo chorava; quando eu passei com meu mestre e outros, eu vô ti contá, fechava a porteira. Nóis cantava muito bem. Eu saí de um cinema, que eu eo folião geralmente tem que ensaiá um mês ou mais, pra se ficá bom, pra cantá, e eu tava num cinema, numa terça-feira, assistindo um seriado, quando chegaro e pediro pra mim, eu fui direto, fui, ensaiei, no outro dia tornei ensaiá, no outro dia, no domingo, saí. Qué dizê que eu não tive ensaio, saí no domingo, direto e já me se dei bem, saí cantando, cantei pra cima, faltava folião do lado de baixo, que era rio abaixo, continuei rio abaixo, que geralmente o sujeito canta, fica rouco, então nesse tempo nói cantava, casa por casa, agradecia esmola por esmola, que agora é um pouquinho mais diferente, que aqueles tempo se dava uma esmola, agradecia a esmola dele, depois ela dava esmola, tinha que agradece a esmola dela e falando àquela senhora e tal que deu esmola. Então sê dava, era assim.

Então aqueles tempo, o pessoal que chegava assim, que tinha bastante filho, que geralmente no sítio tem muitos filho pequeno, dava esmola pra criançada dá, então cada criança nois agradecia, até o último. Qué dizê que era cantado. E mesmo assim, graças a Deus, com a cobertura do Divino, eu fui muito bem e cantei a viage toda de cima e chegô pra baixo, faltava, nem na minha casa fui, pegaro a roupa pra mim, eu já fiquei. Desci, peguei a canoa e desci cantando rio abaixo. Naquela época ia de rio mesmo, não tinha estrada, nóis descia sim, permanecia pra estrada, mais nóis is de barco até uma longa altura mesmo, porque tem trecho que não dá pra passá de barco, aí que nóis descia em terra e fazia o percurso por terra mais…não dava pra passá de barco devido as pedreira, cachoeira muito perigosa, então se tornava-se difícil. Depois, também, pra trazer o barco de volta, pra fazê o encontro era muito difícil, era muito sofrido. Então agora vai até uma altura do rio e desce no barranco e faiz os bairro que é de costume fazê. É muito mais fácil agora. E agora nóis temo outro tipo de barco também, já facilita mais. Esses barco de hoje são mais leve um pouco pra nóis, os outros era de madeira muito pesada, mas era barco bom. Eu, pra falá pra você, eu sou sincero, eu gostava muito daquele de madeira. Aonde eu cheguei por 70 pessoas, eu sou proeiro no meu comando e eu tava confiante e confiaro ni mim, perguntaro os festero se eu sô autoridade maior, queriam ir na minha canoa com o Divino e nóis sempre fomo bem, graças a Deus, nunca aconteceu nada. tem o proeiro e o lemeiro. Eu sou proeiro, depois tem os lemeiro; dipoi tem os remeiro, qui rema. Quem comanda, porque tem que sê na batida, então eles tem que sê pro meu comando. Quem dá o comando sou eu, que vou na frente, eu bato o pé e eles tem que remá no compasso do meu pé. O compasso meu, aqui por exemplo, eu vo aqui, “um, um, um”, eles tem que remá no compasso do meu pé, realmente no compasso, eles não sai do compasso. Então nóis canta também. Nóis cantamo assim por exemplo: eeeeeeê, ooooô e aí faiz aquele detalhe e todos aqueles irmão vão cantando:

A canoa vai subino,

Vai subino rio acima

Ai, Ai, ooooo, oooo…

O Divino se despede,

O Divino se despede,

Nessa hora de alegria, oi, ai

ooooo, ooooo e a batida vai embora.

Aquilo se vê, a canoa corta a água, pode sê rio acima, rio abaixo, é a mesma coisa. A batida dela é a mesma coisa. Nóis passa tudo esse percurso, a canoa não pára.

A gente canta vária toada, a gente canta muita veiz festejando o festero, que tá junto ca gente na canoa, canta despedindo do povo, quando nóis sai do barranco, a minha mania são essa, eu puxo despedindo dos festero que o Divino se despede, o Divino tá se despidindo, brevemente voltará outra veiz. Então é isso aí a toada. Nóis vamo cantando até chegá no local. Todos irmão pode puxá uma toada se quisé.

Ton – Quer dizer que sair ao largo significa sair do barranco?

Can – E, saída do barranco. Então a gente sai bem preparado e todos pode cantá. Aquele que quisé cantá, pode. O proeiro dá o comando, o ritmo do remo. O lemeiro tá lá atraz, eu comando aqui, se, por exemplo, eu vejo quarqué coisa, pelo gesto que eu faço no remo, o lemeiro lá atraz sabe que tem novidade na frente. Se tem pedra, tem lugar perigoso e ele já dá o tombo do outro lado, que ele que, ele até atrás também, o pessoal tá tudo de pé, ele tem dificuldade pra enxergá, pra passa no tombo d’água. Sabe o que é tombo d’água, né? A queda. Então, eu que to sempre em caminho aí porque o que vai na frente enxerga tudo. A gente precisa prestá muito bem atenção pelo seguinte: o proeiro, é fácil e é difícil porque se tem que batê, se não pode prestá muita atenção a água, também, que se n_o você erra o compasso e além disso, a água atrai muito, se tem que tê uma firmeza máxima, pra você batê a proa porque geralmente, essa canoa que nóis temos aí no momento, ela balanceia muito, ela faiz isso aqui.

Ton – Como que é essa coisa da água atrai muito.

Can – Olha, o rio é um monstro e o rio quanto mais, se você descer na beirada, alí só, junto com nóis, é lógico que nóis vamo distrair, você não vai perceber nada. Tem um barquinho que nós temos aí, se você descer só e ficá olhando na água, de repente ela chama você. De repente ela chama, porque o rio é um monstro. Então, é isso aí a dificuldade da água. Você tá batendo, você tem que ir sempre em frente, cabeça em pé, sempre olhando em frente. Agora, e você ficá olhando nela por baixo, a água parece que vem vindo no cê, ocê se atrapalha e cai nela facilmente. Basta ver que o melhor nadador é dela. Eu trabalhei nove ano no rio, não sei nadar e conheço o rio de parmo a parmo. O melhor nadador é da água, ela leva.

O lemeiro dá os tom do barco, dá a direção na água. Os remeiros fazem a força e por exemplo, quando nóis vamo chegá, que tem um local que vai dar café pra nóis, vai dá um lanche, então nóis vamo pará nesse porto aqui, eu dou um sinal pra eles, ou ergo o remo, tudo mundo para numa hora só. Todo mundo para e nos embicamo alí, toma um café.

Ton – Quer dizer que tá lá no meio do rio, na correnteza, se o pessoal lá da beira do barranco chama prum café, aí vocês imbicam pra lá?

Can – Aí, nóis imbicamo pra lá. Nem que teje na nossa hora, fazemo o gosto da pessoa de tomá um café porque tem algum que cumpre a promessa na beira do rio, vem cumpri a promessa na beira do rio. Isso é comum porque geralmente esses pessoal de um nível mais alto, tem vergonha de cumpri promessa, assim, no público, eles cumpre na beira do rio, a promessa, alí é mais rápido, daí cumpre.

Ton – Quer dizer, que as pessoas de um nível melhor, como você diz também cumprem sua promessa, só que não cumprem na frente dos outros.

Can – É, porque tem meio vergonha, né, e algum cumpre muito bonito uma promessa honesta, que já teve muitos que cumpriu deitado no meio da rua com uma coberta e todos irmão passando por cima.

É no meio da rua, no centro, na beira do rio.

Ton – Como é que chamam essas pessoas que ficam cobertas? Como é que é o nome que vocês dão aqui?

Can – Aqui nóis damo as pessoas que tão cumprindo uma promessa, a promessa dele foi às calçada, não tem um nome, então ele cumpre aquela promessa que ele feiz com o Divino, que ele recebeu aquelas graça, todo mundo sabe que ele tá fazendo aquilo alí, que ele já recebeu a graça do Divino, então ele tá cumprindo a promessa, porque o Divino e São Benedito, é uma coisa assim: o sujeito pedindo com fé, você alcança, tem muito poder, que com o poder do espírito santo acho que ninguém pode. Então, o sujeito pedindo com fé, “ascança”. Então muitos faiz a promessa quando a bandera chegá e você vão chegá a vê o pessoal que vamo repartir um pouco de fita lá no nosso secretário lá, mais sê vai encontrá ainda as fotografia, no Divino e tal. Repartí é tirá as fita. Oceis vão encontrá posto no Divino, pro Divino carregá sobre o rio abaixo, ou mesmo rio acima. Ocê vai encontrá as promessa que as pessoa fazem pro Divino levá. Aquela maldade que tem, aquela dificuldade, orações, nego faiz e deixa alí, vocês vão encontrá. É uma coisa muito bem feita.

TOADA DE BARCO

Eu vô cantá uma toada pocê que eu coantei quando eu ainda era menino, que eu sinto ainda mesma coisa, uma toada que eu gostava muito.

Oi, lai, lai, lai, lai, lai, lá

Oi, lai, lai, lai, lai, lai, lá

Oi, lai, lai, lai, lai, lai, lá

Oi, lará lá lá lará, ooo

Chegue tomar a bença

Chegue a tomar a bença

Do Nosso Divino Deus

Do Nosso Divino Deus

oooo…

Chegue tomar aá bença, oi, a

Ai, que a bandeira vai s’imbora

que a bandeira vai s’imbora, oi, ai, ooo

e assim vareia.

Dispois tem aquela assim:

Sinhor dono da casa

Deus veiô le visitar

Deus veiô le visitar, ooo

Veio le pidi posada

Veio le pidi posada

Se o Senhor puder e dar

Se o Senhor podê não dá, oo

Aí vai, agardece esmola também. Quando sai, o sujeito pede a pousada até o romper da aurora, que a exatamente que ele vem, só sai amanhã, dispoi tem a despedida agradecendo o pouso que o sujeito dá, e despede e sai, e assim vai indo.

barco antigamente chamavam batelão. A turma fala hoje em dia, mai moderno, barco mais tuda vida foi batelão do Divino.

Ton – Da beirada o pessoal não escuta o que canta dentro do barco?

Can – Ah, escuta, exatamente escuta, porque geralmente quando nóis vai subindo, o duetado leva, dá pra escutá, pa ouvi, inclusive quando vai subindo, vamo sepor que pode sê longe onde nóis vamo fazê a pousada, o almoço, ele fala: a irmandade vem vindo que cant, ouve, porque tando dentro do rio, o eco do rio leva. O eco do rio leva a cantoria. Então, de modo que é ouvido sim. O que nóis cantamo é ouvido. Inclusive nóis temo também o ruído da caixa, da caixa do Divino que toca, tem o triângulo nosso que bate, nos lugares mais perigosos, pra nóis podê passa e aquilo ajuda muito. Quando nóis vamo passando assim numa cachoeira, a caixa repica, dá uma repicada na caixa, o triângulo também repica pra podê sabê que nóis tamo passando num lugar perigoso. Todo mundo tem que afirmá. E aí nóis passamo. E todo mundo afirma. Já vem vindo firme continua sendo mais firme, que nóis vamo passá dificuldade, vamo passá lugar perigoso.

Mais Graças a Deus não aconteceu nada com nóis, e dá pra ir bem.

Ton – Como é seu nome?

– É josé carlos de morais, tenho 34 ano, eu sou capitão dos barco. Comando todos os barco, tanto na descida…Ele é batedor de proa, proeiro.

Ton – Quando o barco tá subindo ou descendo como é que canta, José carlos?

JC – Vai subindo riu acima

A canoa do Divino, larai, eee,

eeeee, eeeee, eeeee

Vamo, vamo, rapaziada, que a canoa vai subindo, oi meu Deus, eeeee

eeeê, eeeê, eeeê.

Vamo, vamo, rapaziada

que a canoa vai descendo, ai Meu Deus, eeeeê…

eeeeê, eeeê, eeeeê…

JC – A função do capitão dos barco é comandá os nove barco com seus nove auxiliares. na subida rio acima e na descida, então escala pessoal e devido o problema dos barco, fica sob o meu cargo.

Cada barco tem o seu proeiro e o seu lemeiro. Eu escalo esses nove lemêro, tem os auxiliares também, por exemplo, no caso da falta de um, outro faiz a veiz. E tem mais cinco auxiliares também, nas mesmas condições minha.

Por exemplo, no causo de eu não poder assumir, o outro tá em condições.

Can – Geralmente o barco torna-se uma coisa difícil porque as pessoas que vee pensa que é fácil mais não é fácil porque todos irmão tem que comparecê em frente a Igreja, nas hora marcada certa, que é ordenada, então tem que ficá determinado, um irmão, dois, até mais pra organizá o barco, saída, vê se tá em condições pá fazê o encontro, pra não haver problema aonde vai os festêro, vai as pessoa jurídica também permanece no barco, além das criançada também que a gente carrega e vamo sepor, pra evitá os perigo também que a gente carrega e vamo sepor, pra evitá os perigo também que num é assim, pode acontecê arguma coisa, né, então, tem que providenciá o máximo que a gente pode, então tem que ter quem tome conta das canoa porque no momento que nóis chegamo no barranco, todo mundo que embarca com nóis, com os irmão, fica tão emocionado vê aquela beleza, fica empolgado com aquilo, qué ir, aquela senhora pede pra ir: – o senhor deixa eu ir? Leva meu filho que é promessa. Eu quero cumpri promessa. Então, fica dificuldade mesmo. Tem que ser uma coisa muito bem feita porque se nóis não tivesse organização, não dá, porque tem que ser muito bem olhado os barco. Então ele é o capitão dos barco, ele organiza os barco, nós sabemo se o barco tá em condição pa ir ou não tá, porque o número da Irmandade é bastante. Então nóis falamo: – Não, nesse barco não dá pra ir, nesse dá, naquele dá. Então, nóis que vamo separando as pessoa.

Ton – quantos vão em cada barco?

Can – Geralmente, desses barco que nóis temo no momento aí, é a base de 14 a 15 pesoa. Mas dá muito mais disso. Até no ato assim, dá uns 18, por aí, até 20 o total que vai. E além dos Irmão, vai alí festeros, mais argum que tem uma promessa pra cumpri; inclusive é uma coisa de novidade, nóis temo uma Irmã que é mulher, irmã do Devino, ela mora em Sorocaba, ela vem todos ano, participa junto com nóis, uniformizada igualzinho nóis, rema também, igualzinho nóis, uma de Sorocaba e duas da capital. Não e comum ter Irmãs do Divino. Só temos Irmãs aqui, em Tietê, pela zona rural e algumas cidades vizinha, Sorocaba, Jundiá e capital. Tuda vida foi só homi, mas como o Divino, já surgiu essa festa como promessa, então aí foi aceitado entrá mulher de Irmã, pra não…não aceitava mulher antes porque tornava-se uma viage muito dura, além de ser uma viage meio longa, era uma viage dura porquê, antigamente, se não tinha uma casa pra pousada, então, sê encostava embaixo de uma arve, ponhava esteira e deitava, alí ocê dormia, se não tinha um almoço, ocê passava com um café, um pedaço de Põe qualqué, então tinha que sê pra homis mesmo. Não dava pra mulher tê junto. E aonde dorme Irmão, dorme todos junto. a casa pode ser grande o quanto for, onde mora um irmão, tem que dormi todo alí naquele quarto. Cabe ou não cabe tem que dormi ali, permanecê todos naquele lugar, agora os estranho não pode entrá no quarto da IRMANDADE. Pode entrá prá conversá, tudo bem, mas, permanecer com nóis, ali com a irmandade, não pode, porque alí é uma coisa assim que a gente tem a intimidade e outra qualquer problema que aconteça, na casa da pessoa que tá dando a festa, a irmandade tá fora, do lado. Então fala, a irmandade que tava aí, coisa e tal, então não, a irmandade permanece sempre num cantinho, o canto que você deu, se você der uma tulha tá muito bom, se você der um palhol de milho, se dorme e não reclamar, inclusive se eu como irmão for pedir uma coberta ou um colchão, o chefe que tá viajando chama minha atenção. Não posso, tenho que aceitar o que o dono da casa der, pra passar aquela noite.

HON – Por exemplo, são sete irmão que viaja, esses sete irmão, durante a viaje, sai desde o bander6ero, até o último irmão, eles vão uniformizado. Os sete irmão, pra inclusive não navê aquele tumulto quem for irmã, então eles permanece uniformizado, pra não dificultá o poblema.

Não sei se hoje, inclusive aqui, vão vim, mais é sete irmão que vem uniformizado. Pode ser que tenha mais de trinta irmão, mais esses sete tã uniformizado.

TON – Por que as mulheres não podem puxar a toada no batuque, por exemplo.

Can – É por causa da falta de dueto, não vai duetá certo, porque homem tem o espírito mais levado pra duetá, mais então muita vez não vai dar certo.

Nul – Desculpa da gente ter nascido.

Can – Se entrá duas mulher cantando, tira, encobre a voz das mulher, então quer dizer que não aparece a cantoria das mulher. Só as mulher cantando seria bacana. O dueto na subida do rio, o eco leva, então, a Irmandade do Divino, como que tem só homi, então aquela voz grossa sobe pelo rio afora, então o pessoal, geralmente assim da barraca, escuta aquilo de lá e sai da barraca, sai e começa dá “chau” pros irmão desejando boa viaje, que faça uma boa jornada.

Ton – mas se fosse as mulheres cantando não desejavam boa viagem?

Can – Não…(risos), é que é da tradição, né?

Can – O Tico é meu irmão. O nome dele é Benedito Honório. A minha mãe é que fez promesa de ter o pouso do divino. No pouso do Divino não se dança, e tem outra, a gente como irmão, aconteceu que nóis da Irmandade, depois que nóis tava alojado e tudo, aí começaro querê dançá, intão nóis não podemo aceitá. Nóis pega a bandera e se não tivé outra casa, outra pousada, nóis dorme até embaixo de uma árvore. Não é permitido danças drento daquela festa que o Divino esteja permanecendo. Então não é possível. Se tivé um curu, tudo bem, se tivé uma moda sertaneja, tudo bem, enfim, pode fazê qualquer divertimento que não seja uma dança. Aí, provavelmente pode.

Esse é a festa religiosa nossa. Dos contrário, não pode ser nada feito. Assim, oce vê o povão permanece aí, até as quatro hora acaba os profissional, eles vão embora, fica ainda o povo, se vê até as 10 hora ainda tem gente, cantando, brincando, dando risada aí, é normal. Algum até armoça aí porque fica aí e armoça junto com nóis.

Ton – Candinho, quem custeou essa festa toda?

Can – aqui nós somos em 4 irmão, cada nóis da Irmandade, nóis tem a dificuldade nossa assim, que a gente trabalha, vive de salarinho, nóis constitui uma parte cada um. Como nóis semo assim, meio cidadão da cidade, muito bem visto, graças a Deus, os pessoal tem dado uma força boa pra nóis também. Não sei se vocês tão vendo por aí, que o pessoal tem ajudado muito, sem nóis pedir, que nossa missão não é pedir, nossa missão é dá aquilo que nóis tem, aquilo que nóis pode, mais, pelo prestígio que eles levam nóis, eles ajuda nóis também, o povo ajuda muito nóis. Sem a gente esperá eles vão trazendo as coisinha, um traiz uma coisa, outro traiz outra, e assim nós vamos levando o nosso povo, porque eles dando, nóis faiz, eles não dando, nóis sacrifica e faiz a mesma coisa, porque essa é uma missão que nóis tem que cumpri. Nóis samo treis irmão homi e uma mulher.

Ton – Habitualmente, o Divino chega e pede pouso, aí no outro dia cedo, levanta o pouso.

Can – O Divino chega à tarde, como você viu aí, os folião cantando, ele pede pousada até o romper da aurora, quando chegá amanhã de manhã, saí na base de 8 hora, ele pega a bamdera ele se arretira. Aí daqui ele sai direto pra ir pra igreja. Chega na igreja assisti a missa das 10 e despois desce pro rio, que é a descida rio-abaixo. O Divino pára num café especial que dá lá embaixo, no Aurélio, depois sai de lá pra ir pro pouso. Seguimo ainda de barco até um trecho, depois nóis deixa o barco, pra sem dificuldade pra nóis voltá, pega aí uma condução pra levá nóis que nóis pulamo uma outra cidadezinha, município mesmo, mais é longe, então nóis pula lá e é o pouso, onde é o Bartola, o pouso de amanhã. O percurso da viage é isso que você tá vendo. sai daqui hoje, vai pra Igreja. da Igreja desce pro rio.

Quando sai do pouso chama “levantada da pousada” e despede e agardece tudo que foi dado, agardece canando, agardece a esmola que é dado também, toma um cafézinho e vai embora. Canta logo a partir das 7 hora, canta agardecendo a pousada, as esmola. Eles agardece de um modo especial porque comove as pessoa que tão assistindo. eles incomoda as pessoa que tão assistindo, que tá vendo que a bandeira vai embora e só volta no ano que vem, que ela sai daqui agora e só volta o ano que vem.

Hoje canta Pedro Chiquinho e Horácio Neto, que são de Piracicaba e tá pra vim o Carrara e o Edgar bebum, Carrara de sorocaba e o Edgar de santa Barbara do Oeste.

Daqui de Tietê cantará João Massarama e Israel. No momento, tem um Tietê uns 10 cururueiro que pode cantá, tudo bom, são amador mais são amador bom pra cantá, são amador que da presença.

Ton – E por que na festa do Divino tem os cururu?

Can – esse é a festa de tradição do Divino. Os Cururueiro. geralmente tem os pouso e tem que ter os Cururu, que os pouso sem os Cururu não tem graça nenhuma. Ocê não vê a mínima de movimento de gente, o povo gosta de ouvir o Cururu. O Cururu é o que traiz gente, é a atração, aí eles canta as estória, eles canta muita coisa porque o cururueiro, quando ele se torna bom profissional, você, por exemplo, na sua função, você, “joga o verde” por cima de você, ele canta na bíblia do jeito que você quiser, eles vai buscar os grandes reis, os grande Herodes, e é tudo repentino, tudo coisa feito na cachola, aquela hora. Se eu chegar pra ele e falar pra ele cantar um verso pra ela, por exemplo, ele mata no ato, ele vai e canta no ato. N_o precisa nem eu falar pra ele, é só eu dá o sinal que ele já, cantando lá, ele dá uma virada elogiando ela, falando e tal, pro povo conhecer as pesoa, quem é as pessoa, quem deixa de ser, é uma coisa repentina, é uma coisa muito bem feita mesmo.

Horácio Neto e Pedro Chiquinho, falando Horácio Neto:

Depois de tudo essa alegria, muito obrigado pra vocês, que o Tietê nunca negou mesmo. O Tietê tuda vida foi assim.

Ai, laralai, laralai, lai, lai, lai, lai

ai, laralai, larala, lai, lai, lai, lai

Eu,

o povo, todo o povo tão se unindo

pra saudá uma irmandade

o folião e o menino,

essas festa só acontece,

nas ousada do Divino.

sabe que essas coisa acontece

e não nas pousadas do Divino

Eu, Massarama, com verdade

Você sabe que a Irmandade

rio acima do divino,

eu não tenho tradução,

dessa turma tão cumprindo

Gente, eu não tenho tradução

que essa turma tão cumprido

perdão não ser dono da verdade

__________________do Divino

Já cumpri sessenta ano

Nos ________________

Eu, ao completar sessenta ano

Nos ________________

Eu, ao completar sessenta anos

que nessas festa o negócio é cantoria

Por isso, músico precisa uma satisfação

uma explicação que é Irmandade do Divino

Eu já tenho diretor e passo a passo a minha rima

Quando o diretor que comunga

Veio um milhão dos pequenino

Foi ver então a turma entrá na Igreja

reza então louvado seja, reza o terço e tanto…

Com anta chuva e tanta estática

Com medo de __________________

Hora que Deus sai da Igreja

Fico escutando o bater do sino

Vinha beirando o Rio Tietê

O que tem espraiecê

Vendo a turma vim do rio

E depois a turma escuta

escutá o rojão subindo

É bom bonito, bem gostoso

E agora, com a Irmandade vem seguindo

de tanto rezá o Massarana

Muitas noite tá chorando

Por essê filhô partindo

No entanto ele tem fé e

Acredito no Divino

Ele acredita no divino

por isso tem estória prá ____________

Com poder do espírito santo

e Nosso Jesus Menino

Para unir inteiro o povo

Pega o disco do Divino

Para unir inteiro o povo

____________________

O,meus senhores me deu a idéia

_______________________________

_____________________________

Feito o velho do Divino

___________________________

O peito era aquela bombardilha

E na voragem eu balançava

Quantas veiz eu lamentava

Por Vicente Celestino.

A idade tá chegando

________________________

Só que a idade está chegando

O pensamento voa enquanto

a gente humilha.

Por isso meus ilustre cidadão

_____________________________

__________________servindo

Eu quero que me dê licença

Pra mim amanhecê co Divino.

Eu com setenta e quatro ano

Eu acho que era tempo de’eu ir desistindo

Vocês quando olhá minha mulher

Ai os meus amigo não qué que

ele vê _________________ o cantorino

Cantei ontem, cantei hoje

e amanhã eu vou seguindo

eu cantei ontem e canto hoje

eu a serviço do Divino

Eu quando chego dando berro

Então eu Vô já pra perto

Pra turmá do cantorino

Gozanô minhá amizade

E Cantandô verso sorrindo.

Eu desde já não fico quieto

Apesar de adorá seu neto

trouxe lá do rio bonito

uma órde do festêro

Já está lá o Cantorino

É uma orde do festero

E já está lá o Cantorino

Então eu não sô amigo vadio

Primo, ainda sô companhêro

Abre a ala, vem do rio

E pode ficá sossegado

Porque os suíno eu tô pedindo

Por isso digo a verdade sem medo

Quando vô de manha cedo

___________________

__________________

Agora para o povo de São Paulo

E pego dá ________________

para o povo do teatro,

Ficá ouvindo, eu tô pedindo

Que para o povo do teatro

E de São Paulo eu tô pedindo

Agora para a turma do Folclore

_ie que bacana este pedido

O meu amigo e cidadão,

Você já conhece o negrão

este velho tão bonito

Ai o folclore lá em são Paulo

Ai o bom nome está cumprindo

ai o folclore lá em são Paulo

ai o bom nem está cumprindo

E muita gente, eu e ____________

Sei que eu tô ficando velho

Por enquanto eu tô servindo

Sei que ________________

______________________________

_________________________

______________________________

_____________________________

põe o _______ que quisé,

eu to roncando

e obrigado minha gente

pra todos que estão me ouvindo

Oi, lai, lai, lai, lai…

Oi, lá, lá, lá, lá, lai

Oi lá, lá, lai, lai, lai

Oi lá, lá, lá, lá, ai, ai

oi _________chegô pra mim

E pro pessoar que tá assistindo

Querido povo de Tietê

Eu não cantei o piquenino

E no meiô de tanta gente

Eu dô uma boa noite em geralmente

E perguntô como vai indo

Eu dou um boa noite em geralmente

E perguntô como vão indo

E se todôs tiverem forte

Eu peço pro Sinhor Divino

Mais gente aproveitando a _________

Meu sinhor donô da casa

Pro seu _____ eu já vou indo

O mais bonito que eu acho,

Amanhã vai de rio abaixo

e rio abaixo vai seguindo

E amanhã vai de rio abaixo

E rio abaixo vai seguindo

E assim é a nossa festa

Que há muitô tempô vem vindo

Mais meus ilustre cidadão,

aqui tá quatro canturião

Aqui tem quatro canturião

Ai, primerô cantô chiquito

_, mais que cantadô ladino

Eu num aprovoco o chiquito

_, porque eu tenho raciocínio

Então senhores que estão aqui

Mandô eu me apreviní

mais desde já eu me aprevino

Ei, mandô eu me aprevení

Ei, desde já eu me aprevino

Ei, meu amigo Cruzarosco

Eu também do seu ladô voô indo

Ei, apesar de sê meu amigo

Tomê cuidade comigo na horá que eu venho vindo.

Ei, tóme cuidado comigo

ei, na hora que eu venho vindo

Horácio põe fogo na foguêra

Depoi é que você vai seguindo

lado 2

Ton – Rosarosco

Senhores tão alegre, tão sorrindo

Mais nessa boa noite que eu digo

pergunto pros meus amigo

saúde, como vão indo

Porque se tiverem tudo bem

_________________________

Deixa esse povo sorrir

Hoje me botaram pra contá

Como na posada do Devino o

Mas é pra todos os assistente

Vizinho está contente por cantá seu princípio

Hoje eu tô muito contente

porque passo neste clima

esse é sinar que a gente

Até hoje tá servindo

Porquê eu não canso de dizê

na cidade de Tietê

Tem bastante canturia

Mas se argum aqui está

Quando chega a hora H

Tudo eles tão sumindo

Hoje eu não pude _______________

Ele é que é um home feio

O larai, lai, _, larai

Horácio Neto, de Piracicaba

Que hora maravilhosa,

MInhas horas to cumprindo

vô cantá o primêro verso

É na Festa do Divino

mais em primêro lugar

Trato dos que tão me ouvindo

Mas em primêro lugar

Vou dar um boa noitê gerar

perguntá como vão indo

Desde a boa noite gerar

perguntá como vão indo

pra não pegá de Mão em Mão

muita desculpa eu tô pedindo

Porque é grande a multidão

Tem muié, hóme e minino

Pra pegá de Mão em Mão

Era uma complicação

Tem que descê, depoi vim subindo

Ton – 6 de janeiro de 1987 – 8:00 da manhã

Esse tal desse durão

Ele tá com medo de tu

Então descê pra _____________

então descê po seu irmão

Então é ______ que eu vô

Então descê po seu irmão

É por isso que você falô

Que tá mentindo aprovação

E conforme o Zé me diz

Que lá em Porto Feliz

Que banhô não tomo não

Aqui ele só que escrarecê

Eu disso só em Tietê

Bomba trouxe dois sabão

E só aqui em Tietê

Bem por isso Bomba trouxe dois sabão

Eis uma só palavra louca

Fala baixo com a boca

Pra nunca mais falá em vão

E um só pra lavá sua boca

Pra nunca se falá palavra em vão

Tá sabendo que aqui

está gravando

Eeee, a resposta do negrão

Eee, banho sê não tomô

O papelão que aprontô

depois vem curpá co negrão

EEE, depois ele disfarça

E depois sujô na carça

E depois sujô o carção

eeee, feiz a sujêra na carça

Eeee, e depois pinchô o carção

Se acaso precisá de otra carça

Então vai pedi po seu irmão

Eeee, aonde eu vivo, tô

E eu faço um favor

De aqui tá de prontidão

Pra você então faço dois favor

Eee, já truxê de prevenção

Sabê que o côro da mala dele

Já truxê dois sabonete

Pra liviá de confusão

Bem por isso trouxe dois sabonete

Ee, pra livrá de confusão

Porquê um é pra livrá a boca

E otro é pra tirá seu cascão

O que é um preto de tamanho

Trinta ano, não toma banho

Nem aqui, nem noutrô oceano.

Entrevista

– Mandiuva, Piava, lambari, com tarrafa, não sei se ocê conhece tarrafa, prende aqui no braço e joga, ela cai aberta e pega muito saguru. saguru é um peixinho quase igual à Piava só que ele é menorzinho, mais dá em quantidade, ocê joga a tarrafa assim, agora que tá pulando, sai de 3,4 quilo.

Ton – Então, nessa caixinha põe a esmola do Divino, põe os remédios. Que que vocês levam de remédio, Dudo?

Ton – Um xaropinho de limão bravo pra gripe, band aid, Doril, Novalgina, Gelol, Merthiolatte, sal de fruta Eno e pastilhas Valda. pastilhas Valda tem que levar pra poder cantar?

Dudo – É, por causa da garganta, é mais é a molecada. É só pastilha valda mesmo, pra podê cantá.

Fora isso, tem as cordas da viola, vai tudo aí. esse aqui é pra se argum vai tirando dinheiro, vai marcando, todo dia tem que fazê o levantamento de quanto entrou.

O dinheiro do Divino serve pra, que nem, o ano que vem vai servir pra fazê um barracão pra guardar o barco. Então nóis que construí, embaixo guarda o barco, em cima uma sedinha pra nóis fazê runião, pode vim aqui e ficá perto do rio memo. E de vez em quando vem muito irmão de fora, São Paulo, Piracicaba, Sorocaba. Então num tem onde pousá, eles posam aqui, nóis tem corchão tudo aqui, então a turma que vem de fora dorme tudo lá. Esse ano nóis compremo o lote, alí na beira do rio memo, perto ali, onde vai ser o barracão, tudo com o dinheiro da Festa, é o dinheiro que nóis viaja pros sítio, agora a festa, que é dos barracão aí, quem fica com ele é padre. Ele dá pra nós se ele quisé, agora pra fazê o barracão ele pode ajudá nóis, se não ele emborsa pra ele.

Ton – E esse dinheiro ele aplicam em quê? Nas obras aqui da Igreja.

Can – É, isso aqui foi feito tudo com dinheiro assim, foi feito mais com dinheiro da Festa do devino, obras sociais.

Ton – Seu nome?

– João Neto Massarana, presidente da Irmandade do Divino.

Ton – Massarana, os barcos foram postos na água ontem?

Mas – 11 e meia mais ou menos, nós descemos em procissão até no rio, aí montamo nas canoa e descemos rio abaixo. Primeira parada onde vai descer o padre ou o diácono, que seje, mais arguém. depois seguimo percurso de uns quatro quilômetro, aí chegamo num determinado lugar onde é o café, o que nóis tratamo de café é o almoço, retiramo d’água as canoa novamente, guardamo e aí fazemo a chegada. depois armoçamo, acabando de armoçá reza o terço, aí pega uma condução e vamo até o pouso. e vocêis pega agora junto com nóis, vocêis desce e faiz o pecurso aí, vão fazendo o que que vocêis gostarem mais da nossa canção. Até o café dão uns quatro quilômetro, por água. sempre foi feito assim, tuda vida. Hoje o rio tá meio cheio, tem bastante água, vai gastá o máximo uma hora pra descer.

Ton – Na subida, no dia 26, essas canoa que descem já ficam lá?

Mas – Ficam, são essas que descem 4 Km. Essas 4 canoa subiu, feiz a parte de cima, agora guardamo ela, feiz a jornada pra cima, uns trinta dia pra cima, vamo fazê a descida com as mesmas canoa, que a nossa equipe de canoa é nove canoa. No dia do Encontro nóis usa as nove canoa, o dia do Encontro sobe 5 e desce 4. Hoje vai descê rio abaixo. Isso aqui tem rio acima e rio abaixo, no dia do encontro essas canoas que descem hoje vão subir. O Encontro é uns 50 metro pra baixo da ponte. Aí, depois que encontrá tudo, que nóis saimo com 4 canoa de cima e 5 de baxo. Aí encontramo as canoa, aí encosta, tem a Missa e depois dá continuidade na Festa.

Ton – Há quanto tempo existe essa festa do Memo

Ton – Marlene do que mesmo?

Mar – Heloisa Marlene Martins de Camargo

Ton – Secretária de Educação, Cultura e Esporte. E a Beni. É só Beni?

Beni – É Benedita Teresinha Rosa de Oliveira.

Quer dizer que o Tietê no fundo tem um pouco de vergonha do “r”?

Mar – Porque todo mundo caçoa. Quando a gente fala, Tietêr.

Beni – Tem a história: vamos tomar um copo de leite queente. Faz bem prá geente.

Ton – Como é a história do Quando é que

Mar – Quando é que a poita é aberta, quando a berta bate a poita.

Ton – Quando é que surgiu a história, é mãe de Beni, que é dona Beni também.

Mar – Foi no primário. Ela foi fazer um ditado e falou assim: aterrrra. O menino falou assim, dona pare um pouco que eu só peguei três erres. (risos)

Beni – …chovendo “endjoa a djente.”

Ton – Mas o pessoal mais antigo aqui de Tietê ainda fala tchuva?

Mar – Fala. O pessoal tem uma pronúncia bem cadenciada. Bem lenta. O cabloco mesmo, o da terra.

Ton – O pessoal usa o termo barbaridade também?

Mar – Barbaridade é uma loucura aqui.

Ton – É sinônimo de muito. Comi baibaridade. Esse ai come baibaridade.

Mar – Teve o sujeito que chegou no barbeiro e o barbeiro disse assim, arco ou tarco, ele disse assim: nada disso, eu quero verba mesmo. (risos)

Ton – pessoal gosta do viradinho aqui?

Mar – Do tutu? gosta claro.

Ton – Como é que chama: o tutu ou o virado?

Mar – Tutu de feijão.

Ton – O povo mais humilde fala virado?

Mar – Virado. O mais simples fala virado.

Ton – Como é que faz o virado?

Mar – Quem sabe comer melhor e passar bem com pouca coisa. O feijão? Normalmente é sobra né Marlene, pega o feijão, dá mais uma refogada. põe um pouco de cebola, e depois vai colocando farinha da terra, daqui mesmo, e vai mexendo até o feijão despregar da panela. Aí meu filho, vai um torresminho, uma couvinha, uma costelinha de porco, é boa. Depois aquela soneca na rede, tranqüila.

Ton – A pinguinha acompanha?

ar – Sábado e domingo só.

Ton – A farinha da terra, é a de milho ou a de mandioca?

Mar – De milho. Mas tem a de mandioca.

Ton – A mais usada é a de milho.

mar – Farinha de milho, fubá.

Ton – mas no jeito tradicional mesmo. Põe o milho na água.

* * *

Ton – Paçoca de carne também é tradicional.

Mar – tradicional. Dona (?) faz uma paçoca que ninguém no mundo faz igual. Ela põe tanta coisa, carne de boi refogadinha, depois ela põe mil coisas e soca no pilão, ela é velhinha já, não tem força, então ela contrata alguém para socar no pilão. É uma delícia. Ninguém faz igual.

***

Ton – mas Luzia faz que é uma delícia, oh? Aqui o pessoal não usa mais ché, usa chê.

Mar – Faz chêê, mas chéé não. (risos)

* * *

on – É Herculano de que?

Her – Herculano Moura Marçal

Ton – Quantos anos você tem?

Her – 64 anos.

Ton – e dança batuque a quanto tempo?

Her – Isso é desde criança, isso é coisa do meu avô, do meu pai e tudo.

Ton – Quer dizer que agora como tem poucos batuqueiros em Tietê, quando tem que dançar juntam Capivari, Tietê e Piracicaba. Batuque bom como que é? Curtinho?

Her – Batuque bom tem que ser a noite toda. Porque vocês vão lá ver o batuque, vocês vão ver, o batuque bonito é o de madrugada.

Ton – Porque o bonito é de madrugada?

Her – De madrugada tem que dá de leve na dama, baixa subir com uma outra. No começo você vê só aquelas 3 migalhas e acabou. O bonito é de madrugada.

Ton – E a trova do batuque?

Her – Tem trova, mas não tem aquele desafio. Antes tinha desafio de Piracicaba com Capivari. Agora é tudo um só, então não dá aquele desafio.

Ton – AS músicas como são? Trovas, pontos, a vontade. Os antigos chamavam como?

Her – De trova, de ponto.

Ton – O ponto é quando coloca um desafio mesmo. Aí o cara tem que resolver…

Her – Tem que resolver, responder a altura o que ele cantou.

Ton – Enquanto não resolve não muda?

He r- Depois vai a vez dele e tem que resolver.

Ton – Quer dizer, eu sou um ponto colocando um desafioo para você o pro grupotodo?

Her – Prá mim. E aí quando for minha vez de cantar, eu tenho que responder o seu desafio e colocar outra em cima.

Ton – E se não responder?

Her – Aí tá perdeno ponto.

Ton – Os antigos já faziam assim.

Her – Os antigos já faziam assim.

Ton – Como é que começou essa coisa de batuque, aqui?

Her – O batuque é coisa dos africanos, já vem muito velho. Quando eu nasci, eu era pequinininho e minha mãe levava lá no batuque. Isto é coisa muito antigo de mais. O meu pai foi escravo. Essa coisa aqui.

Ton – Quer dizer que seu pai era escravo. Ele veio da África?

Her – ?

Ton – Você sabe de que lugar o seu pai veio?

Her – Não sei.

Ton – Nem os avós?

Her – Não sei. (Rever)

Ton – Em que festa o batuque era dançado ou é dançado?

Her – No começo deste negócio, do batuque, não existia festa nenhuma.

Ton – A festa era o batuque.

Her – Então eles morava numa fazenda e fazia o batuque lá. Nem o fazendeiro sabia. Fazia batuque a noite inteira e nem o fazendeiro sabia. O dono da fazenda não sabia que tinha lançado o batuque. E eles dançavam o batuque a noite inteira. E logo cedo, quando batia o sino, cada um corria pro seu lugar. Antigamente quando existia bastante batuqueiro então a gente só mandava o convite para Piracicaba e Capivari. Onde tinha condição de lá, eles vinham e dançavam. Agora, como não tem, como é pouco, a gente tem que ser um só: Tietê, Piracicaba e Capivari. É um só. é um grupo só.

Ton – E o povo gosta de dançar?

Her – Gosta. Só com mé na cabeça, vai a noite toda.

Ton – Vocês tem dançado muito por aí?

Her – Em Piracicaba. Aqui parou um pouquinho porque o prefeito cortou a condução e nós paremo aqui um pouquinho. Dia 13, 14 de maio nós fomos em Piracicaba.

Ton – E hoje dança nas festas?

Her – Danças nas festas. Antigamente não. Em qualquer tempo fazia batuque. Inventava…

Ton – E hoje qualquer pretesto…

Her – Hoje faz com qualquer latinha. O senhor conheceu aquela lata de formicida, compridinha. Com aquele lá eu fazia instrumento. Eu inventava quando era criança. depois os mais velhos vinham e varavam a noite toda.

Ton – Quer dizer que antigamente quando o senhor era menor, a criançada começava a brincar com as latas, aí os mais velhos iam chegando jká traziam os instrumentos de verdade. varavam a noite e foi assim que o senhor aprendeu. E assim o pessoal da sua idade também aprendeu. Tem batuqueria boa hoje? Quem é a melhor batuqueira que você conhece?

Her – Aqui de Tietê a gente conhece a Clarisse.

Ton – É aquela que chegou e abre a roda.

Her – Em capivari tem uma que eu esqueci o nome dela. mas chegando lá o senhor vai ver.

Ton – E em Piracicaba tem batuqueira boa?

Her – Lá tem um pouquinho mais porque é cidade maior então tem um pouquinho mais.

Ton – E dos batuqueiros?

Her – batuqueiro tem bem. Homem tem mais. Você sabe como é, a festa tá ruim aqui ele vai pro outro lado. Pra homem é diferente. Qui nem a moçada aqui. Cabou o baile eles vão tudo pro batuque. O baile acaba 4 horas, o nosso batuque amanhece o dia, lá pras 8, 9 horas. O dia que foi o meu batizado, começou o batuque as 9 horas da noite, passou a madrugada inteira, quando foi no domingo, 9 horas que parou e antigamente era assim o batuque. Agora que o pessoal vai até mais cedo por causa disso e daquilo. Antigamente era assim. Quando era meia-noite o pessoal comia qualquer coisa pra dar um reforço e pau na máquina.

Ton – E qual era o reforço.

Her – Uma canja. Antigamente nós comia uma batata assada ou mandioca cozida, socava uns quentão por cima. (risos)

Ton – herculano e como ;é que é festa de São Benedito aqui?

Her – O senhor nunca assistiu?

Ton – Aqui não.

Her – Então venha assistir que o senhor não vai se arrepender não.

Ton – E tem batuque?

Her – tem. Sempre fizemos. Antigamente a gente fazia aqui onde era a rodoviária velha. Depois nós mudamos. Na casa da dona Bene, ou senão no Santa Cruz que tem um salão bom lá.

Ton- E na Santa Cruz tinha festa de Sta. Cruz também? E oq ue dançava na festa ?

Her – As vez batuque também.

Ton – Quer dizer que o batuque servia pra tudo?

Her – pra tudo. Tinha a festa do colégio, a gente fazia batuque. Nós fizemos em frente ao colégio. Na rua.

ton – O que precisava era uma fogueirinha pra esquentar os batuques…

Her – Os nossos instrumentos não é que nem esses instrumentos que existem agora, com tarraxa. Então o nosso instrumento é daqueles de couro de burro, de boi, mas couro cru. Então é incorado no martelo. Então precisa de fogo para esquentar o couro, não é igual dos cês que é caprichado, o nosso é caipira mesmo. Dia 12 nós vamos na escola, no Viana aqui. O professor me pediu. Dia 12.

Ton – Quantos vão?

Her – Eu vou pegar o ônibus e buscar lá em Piracicaba.

Ton – E vai juntar o povo todo. E na escola vai amanhecer o dia também?

Her – Até amanhecer e falei se chover, coloca a gente dentro da coisa, não vai ser na quadra.

Ton – O senhor?

FIr – Eu sou Firmino Alves Lima Neto.

Ton – As iniciais da ferragem na porta?

Fir – Antônio Manuel Alves. O construtor da casa. Nós calculamos que foi construida em 1792, pelo levantamento que nós fizemos.

Ton – Taipa.

Fir – Só taipa. Tem dez mil telhas, são originais essas telhas tem duzentos anos. São dez mil, nós tiramos, forma limpas e colocaram no mesmo lugar.

Ton – A taipa é de supapo, tipo pau a pique?

Fir – É pau a pique, barro socado, como se fosse tijolo e em vez de fazer o tijolo, eles faziam diretamten na casa. Com os escravos.

Ton – seu pai pegou a casa…

Fior -a uns 60 anos. E faz uns dois anos que eu reformei. Levou um ano.

Ton – Seu firmino, parece que aqui em Tietê, muitas pessoas estão buscando restaurar e reformar as casas antigas, é uma tendência?

Fir – N_o. Umas dez pessoas só.

Ton – Por que aqui na praça tem várias casas bem conservadas.

Fir – Tem três. A praça inteira era de casa antiga como esta. Com duzentos anos. A rua do comércio tem mais ou menos cento e cinqüenta anos. A construção da casa do comercio tem cento e cinqüenta, cento e vinte anos. Aquela casa você vai ver, no fim da rua, não é feita de tijolo, mas é de 1897. Tá lá a placa. É bem mais moderna.

Ton – Geni de que?

Geni – Geni Alves Lima.

Ton – A senhora está com quantos anos?

Geni 70. Meu nome é Maria Eugênia. Apelido Geni.

Ton- Quer dizer que o filho também estão gostando de preservar as coisas de Tietê?

Geni – Estão porque cresceram ai, então vou gostando.

Ton – Meu Deus o que fizeram do nosso rio. A gente atravessou isso aqui a nado, era limpo. Beni.

Ton – Seu Palmiro de que?

Pal – Bortoleto.

Ton – A produção de fumo aqui está forte?

Pal – Tá pouquinho. A produção é pouca.

Ton =- Por que aconteceu isso.?

Pal – A cana de açucar tomou conta. Ela tem um preço elevado e um preço firme. E o fumo estava com o preço defasado, então todo mundo parou de plantar. Só alguns plantam um pouquinho quando tem um pedaço de terra, um pedaço de ? que não entra máquina. Que não tem jeito de entrar trator, essas coisa, a’ é manual.

Ton – Aí planta fumo, e o que mais?

Pal – Planta milho e fumo nesses lugares. E o resto plantam cana. As vezes plantam feijão no meio da cana. Arroz, as vezes deixa um pedacinho só para plantar arroz. Pro gasto.

Ton – E arroz dá bem.

al – Dá. Mas planta só pro gasto.

Ton – E esse fumodaqui de Tietê é bom?

Pal – É bom. Não é mais como de antigamente, mas ainda é bom. Um fumo macio, bom de fumar ainda.

Ton – O que é um fumo macio?

Pal – Um fumo macio é um fumo fraco, que não arde a língua. Não dá pigarro na garganta.

Ton – esse é o fumo macio?

Pal -= O fumo forte é acido. Ele arde a boca. Ele dá sarro na garganta. Este então é o fumo forte.

Ton – Fora o fumo, o senhor está produzindo o que?

Pal – Eu não tenho mais produção . Eu já aposentei e já parei. Não trabalho mais.

Ton – E esse fumo.

Pal – Esse fumo é o que sobrou do trabalho.

Ton – quer dizer que ali o senhor acochava o fumo?

Pal – Acochava o fumo. Ali passava de um rolo pro outro, acochava e embalava. No rolo grande para o pequeno.

Ton – E vinho o senhor também faz?

Pal – Vinho é o filho. Ele faz só pro gasto um pouquinho. esse ano ele não fez. Está sobrando um pouco dos anos anteriores, então ele não fez.

Ton -E a uva veio de onde?

Pal – A uva eles compraram em São Roque. Eles eram em três, então eles faziam o vinho. O meu filho ajudava. Ele nunca fez vinho. Os outros faziam , então ele ajudou. Entrou de sócio. Fazima os vinhos só pro gasto.

Ton – Ainda há famílias que produzem vinho aqui?

Pal – Ah nào, são poucos. Alguns só pro gasto. Pra vender ninguém faz mais. Pro gasto deve ter umas vinte ou trinta famílias que ainda fazem pro gasto.

Ton – tudo italianada.

Pal – A maior parte tudo descendentes de italiano.

Ton – quer dizer que a média?

– No varejo, no atacado é mais barato.

Outro – 400 o kilo?

– é no atacado.

Ton – Quer dizer que a a’gua do rio era limpa?

Bene – Era limpa! As mulheres lavavam roupa no rio. Eu me lembro mamãe lavava roupa no rio. Inclusive quando a serra, um riozinho que desmboca no rio Tietê, nós nadavamos enquanto as mulheres, inclusive as mais simples levavam as trouxas de roupa na cabeça pra lavar no Ribeirão da serra, um lugar que a gente chamava de passagiinha. A gente nadava. Hoje esse ribeirão da serra é completamente poluído. E a uma luta.

Ton – E isso a mais ou menos quanto tempo?

Bene – O que! que a gente tomava banho. Uns 25 anos atras. Eu sou mocinha, eu era menina naquele tempo.

Ton – O ribeirão da serra está morto?

Bene – Esta porque o serquilho deposita todo o esgoto a céu aberto. E uma fábricas, inclusive umas fábricas de papelão que tem aqui. Inclusive está começando a ? por causa da influência do pessoal, da turma, já está começando a colocar filtro nessa fábrica de papelão. Mas o interesse nosso, o interesse maior, é que se canalize o esgoto e deixe o rio piscoso prá gente. Muita gente tem título de clube de campo, etc e tal, tem piscina em casa, mas a maior parte do pessoal nada no rio. E no nosso tempo também quando a gente era moca, mocinha, tinha o coxo no rio Tietê. Um tipo de piscina formada por tambores, tábuas em cima, então flutuava, era cercava um pedaço do rio Tietê. Com trampolim e era forrado em baixo, então ela formava uma piscina mesmo. dava seguirança pra criançada.

Ton – E isto há quanto tempo?

Bene – Também uns vinte, vinte e cinco, trinta anos.

Ton – E quem mantinha esse clube?

Bene – O clube regatas. Todo mundo tinha acesso. Inclusive o pessoal gostava de atravessar o rio nadando do coxo até a outra margem do rio. Todo mundo nadava no coxo. A juventude de Tietê nadava no coxo. Uma moçada bonita. Depois começaram a aparecer na pele das crianças, dos moços, feridas. Aí os pais falaram, agora vocês não nadam mais no rio. Está poluído. A gente não entendia bem. E a fabrica de engenho de cana, de porto Feliz, soltava uma coisa chamada restilo da cana, que matava os peixes. Eles soltam ainda, não obstante as multas, eles soltam e as margens ficam lotadas de peixes mortos das mais variadas qualidades que você possa imaginar de peixe. Aquilo é uma judiação. Aquilo corta o coração.

Ton – Aqui mesmo?

Bene – E agora não com tanta freqüência como antigamente. Mas ainda acontece. Agora, a gente tem esperança destes grandes projetos, das grandes cidades, pra recuperar o rio Tietê, E a gente tem uma grande esperança no nosso prefeito e no nosso governo que está prometendo recuperar o ribeirão da serra pra nós. Que se canalize o esgoto pra que o rio volte a ser piscoso e a gente possa nadar na passadinha que ainda existe.

Ton – Caieira, fogo improvisado para fazer doce.

Ton – Quer dizer que o Tietê é a reta para fazer o footing.

? – O footing era uma espécie? em volta do jardim. Era mais ou menos dividido em castas. Porque no meio, perto do coreto, era umas meninas de família, entre haspas, as que tinha m um maior poder aquisitivo. Então andavam umas duas ou três de braços dados, andando num sentido e, os moços, em outro sentido. Até os moços que andavam dentro, masi próximos dessas meninas do centro, eram também os melhorzinhos, os de família melhor etc e tal. E os de fora já eram os mais levadinhos. E as moças de fora, eram as mais sapéquinhas. Eram as mais fácil de sair com elas. E depois na reta maior do jardim, era os namorados. Então você saia de dentro, furava a fila, dava aquela filada no rap[az, a primeira vez, fulano tá olhando pra mim…

Ton – Isso era tirar fila.

– Tirar linha. Depois o rapaz dava um sinal prá você. Um sinal pra sair e a gente saia com um rapaz. E a gente ia dar volta com o rapaz no círculo mairo que tem. O de fora. E quase em frente ao hotel cuitelo, o clube iam e voltando os casais com criança e em frente ao jardim, subindo e descendo, eram os negros e nunca ninguém perguntou porque eu vou na reta de dentro ou de fora. Cada um ia e acabou. Ninguém questionava muito esse tipo de coisa. Então a gente não tinha muita consciência do que acontecia. Mas a gente sabia que era aquilo ali e ninguém saia da reta. As mocinhas só podiam sair da reta de dentro, do lado do arvão, era uma árvore tão grande, tão formosa, que não tinha iluminação suficiente que pudesse iluminá-la em baixo, então do lado do arvão era escuro e se o pai ou a mãe soubesse que você estava namorando embaixo do arvão. E agente fazia o contrário, como os pais não deixavam namorar, era lá mesmo que a gente ia namorar. Eles não iam procurar. Minha filha não deve tá la no arvão, e era lá mesmo que a gente ia. (risos)

– É uma delícia filho. E a gente descia. Entre 7 e 9 era a primeira sessão no cinema. Se tinha que ir na primeira sessão, ninguém ia na segunda sessão. Das 7 as 9. Deposi das 9 as 10 era pra ficar no jardim. Porque dez horas já era pra tar em casa.

Ton – Isso no ‘sábado?

– Sábado e domingo. Não tinha mais. era sío isso. O resto era em casa. Jogar futebol na rua, jogar peteca, contar causona calçada. Não tinha televisão naquele tempo, graças a Deus não tinha televisão. Agorta temos esse cancro da civilização moderna que é a televisão que acabou com tudo. Com tudo que é bonito, gostoso, puro né. Mas ainda é valido a televisão até certo ponto.

– Alguém oferece uma música pro moço que está de calça marrom e paletó vermelho. Aí que combinação?

Ton – Isso era o serviço de alto falante do jardim?

– Do jardim.

Ton – E todo mundo oferecia. Os rapazes pra moças e as moças pro rapazes?

– Alguém oferece pro moço de calça marrom e paletó vermelho com três pontinhos? Eu sempre pensava o que é esses três pontinhos. devia ser três marteladas. (risos)

Ton- Como foi o seu contato com Cornelio Pires aqui em Tietê? Qual a recordação que você tem do Cornélio?

– A gente era criança e você sabe, criança naquele tempo não falava. Criança de hoje que fala e fala no meiuo da conversa dos pais. Naquele tempo não falava. Então a gente guarda as recordações de Cornélio agindo só. Ele tinha um carro, acho que era um forde , não sei a marca de carro, e tinha um carro antigo e ele fazia as apresentações com o Romeu e seus bonecos, era um ventríloquo que tinha dois bonecos e contava as hostórias, o Romeu contava as histórias caipiras e o Cornélio contava as histórias caipiras também, os causos ou contos, as mentiras.

Ton- Isso ele fazia ao ar livre?

– Lotava a praça. Ele tinha o patrocínio do guaraná antártica. Porque ele não fazia propagando de bebidas alcoólicas, então me parece que era de guaraná antártica e de uma outra coisa que não me lembro. Mas o forte era guaraná antártica, tanto que tem os impressos, ainda tem os impressos de guaraná antártica, os patrocinos tudo. E ele levava o pessoal que cantava, as duplas caipiras, e mexeu com o Brasil inteirinho, levando esse nosso linguajar caipira, mor de que, porque e escrevia desse jeito. Falava e escrevia desse jeito. Moreeu pobre, paupérrimo que teve de ser enterrado de pijama. Porque em pleno finla da vida dele ele dooou todos os bens dele. as propriedades foram doadas pra casas dos meninos. Como em Tietê já havia uma instituição que acolhia as meninas, ele criou uma instituição para colher meninos, orfãos, abandonados. E a casa do menino que funciona muito bem, lá em cima.

Luz – Luzia Alves, mas todo mundo conhece por Luzia. se falar do docê ninguém sabe.

Ton – No doce é Luzia. E o nome de assinatura é Erotildes?

Luz – Erotildes Alves.

Ton- E porque que chama Luzia.

Luz – Talvez porque eu nasci no sítio e la’ não soubessem falar. Ertildes era um pouco difícil.

Ton – Sua mãe como é que chama?

Luz – Amália.

Ton – Você faz docê do que Luzia?

Luz – Faço doce de goiaba. De marmelo, de figo em calda, de laranja em calda, de banana, de quem mais, de batata, batata doce, batata branca.

Ton- Aqui da marmelo?

Luz – Aqui em Tietê não dá mais. Que eu conheço não.

Ton – De onde vem o marmelo?

Luz – O marmelo vem lá do Itapeva. E agora pra mim, só vem pra fabrica, agora pra mim, que é particular eu compro do ? que vem do Ceasa.

Ton – E compensa fazer doce do marmelo comprado assim de tão longe?

Luz 0 Compensa, a gente ganha um pouquinho, a gente mistura. Vende um pouquinho de um, um pouquinho de outro, mas ele é muito caro. Agora no momento a caixa dele que eu encomendei vai custar 900 mil.

lado 2

Ton – Tá vendendo a lata de um kilo?

? – A 170. Mas agora na semana que vem, já vou ter que subir.

Ton – Qual o doce que sai mais?

? – Goiabada.

Ton – Fez, vendeu.

? = É aque tem mais saída.

Ton – Mas agora não tem goiaba?

? – Eu estou esperando, ela não da fora de tempo. Estou esperando a segunda remessa, se vier!

Ton – Depois da goiaba, o que é que vende?

_ Abóbora, batata, essas coisas sim. Faz cocada amarela. Eu vendo razoavelmente, porque aqui é porta fechada. Eu não vendo assim, aquele mundarel. É os amigos. Uns avisa outros. Mas não é que encomendou, é o tipo caseiro, né. Faz pouco, senão não aguenta fazê.

Ton – João Macerani? Então na irmandade do Divino, sempre teve o trabuco.

João – O trabuco é o seguinte. Quando começou está tradição existia uma moléstia que foi a febre amarela, então o pessoal saia aqui resolveram um pessoal, famílias que moravam ali pro lado do Matias Espera e pro lado de lá do rio. Os pais resolveram fazer uma promessa pro Divino Espirito santo, como a cidade foi fundada com o nome do Divino Espírito santo, resolveu fazer uma promessa de pegar donativo, oferta que o povo desse e trazer pro pessoal asilado. Então aquele tempo, pela estrada era difícil de andar, o único meio de transporte de comunicação, mais fácil era pelo rio. Aó eles resolveram fazer essa promessa. Muito bem, por isso que é chamado encontro do Divino, porque ele reuniu aqui na cidade, no porto aqui , no porto feral , um pessoal subia rio acima, e um pessoal descia rio abaixo. Eles saiam mais ou menos quando começou devia sair no começo de dezemboer por aí. O que subia iam todo e faziam a rede. Às seis horas da tarde, no último sábado do ano nós vamos se encontrar. A canoa que desce e a canoa que sobe. A canoa que subia ia ate controlando pra dar os dia certo pra descer. E a debaixo que descia ia até o destrato de Lara, hoje na mudou. Hoje é capela de São Sebastião. Hoje a irmandade se abriu. Lá embaixo tem a irmandade da capela, vai no encontro do Divino também, e tem a do Anhembí que foi formada depos. Então como nós tava falando do trabuco, eles pensaram assim. Nós vamos sair por rio e quem é que vai ficar sabendo que nós vamos subindo. Então eles pensaram, vamos arrumar o trabuco e em cada determinado lugar a gente vai dando um tiro. O pessoal ouvia o tiro e vinha trazer o donativo. A irmandade do Divino tudo almorça de pé, janta. Por levar a tradição em frente porque eles paravam na beira do rio embaixo de um ingaieiro , eles armavam o esrtaleirto e o pessoal vinha e punhava comida. E eles comiam num altarzinho lá. Punhava a bandeira do Divino e aí pra passar a noite eles sendiam uma fogueiroa a cantar e surgiu o curruru. Iam cantando curruru, caninha verde, tudo coisa e nós tá seguindo a mesma tradição e o trabuco nós usa ele hoje assim, né. Hoje não estamos usando muito nos sítios mais devido as granjas de frango, podi matar muito frango. Ysa nos determinados lugares onde as pessoas pede, assim. Por isso que existe o trabuco.

Ton – Quantos trabucos vocês tem.

João – Atualmente só tem esse. Porque …esse é antigo. Essa arma foi usada na guerra do Paraguai. Usavam com chumbo isso aqui. Agora só com pólvora já é difícil de segurar o coice do bicho ,não é. (riso) é arma do exercito. Os antigos trabucos do nho Lau eram mais pequeno um pouco. Aquelas foi arregaçando como dis o cabloco, foi explodindo. E esse é reforçado é um trabuco de oito quilo. o bicho é bruto mesmo. Então o trabuco é uma peça desde o começo da tradição e que chama a atenção.

Ton – Como é que chama o canto que eles cantam dentro do barco?

João – Ciranda. Agora tem o fulião com os dois meninos que pedem o almoço , a janta, agradece no outro dia.

Ton – Quer dizer que a ciranda é o que canta quando estão remando.

João – Por exemplo, a gente vai a hora que tá no batelão, a gente tem o tal de bater a proa. Vai la na frente. E quando a irmandade canta a ciranda.

Ton – O que é que canta?

João – a ciranda canta assim. Vamos sipor que vai chegando no gardenal:

O divino vai chegando

na família Gardenaldo ai, ai

Oaiaiai.

Nós costuma cantar muito hino de igreja, nas rezas, nos pousos assim chegado é os folião que canta. Aí é a gosto.

Ton – A quanto tempo existe a irmandade do Divino?

João – 154 anos.

Ton – Isso tudo tem documentado.

João – Agora documentado mesmo, o senhor esteve na casa do Zico Pires, quem tem um documento muito bom pra vocês conversarem é o seu Aldo Pasqualle. Foi 50 anos que ele tomou conta da irmandade do Divino. O pessoal da cultura foi lá. Ele e o Zico Pires, se você for lá falar com o Zico Pires, então. O Zico tá meio cansadão, mas o Aldo tem documentos bem antigos. Tem muita coisa que antigamente não marcavam e a gente foi procurando por intermédio de pessoas antigas, o centenário que nós fizemos. Encontramos bastante documento da festa do Divino.

Ton – Como é que funciona o trabuco?

João – É muito fácil. Ei já tenho uma medida certa de pólvora e jogo dentro do cano.

Ton – Que tipo de pólvora é?

João – Elefante. E daí eu bato pra assentar bem em baixo. Por que quando você da uns tiro ela fica úmida e gruda no lado então se põe nenhuma bucha tem que bater prá ela descer, então a gente põe a escorva, a espoleta.

Ton- A escorva é comprada.

João. É. Coloca assim no ouvido, é uma espingarda aí só ter coragem de disparar.

Outra – Mas não enche o cano?

João – Se encher o canovira fumaça todo mundo. É só uma mãozinha. Essa correia é pra segurar, ela dá um tranco e volta prá trás. Conforme a carga a gente até a virar em volta. Neste final de ano eu quase me arrebentei. Eu fui dar um tiro e esqueci, quando virei bati na perna, quase me quebrou a perna. Fiquei três dias sem poder andar.

Ton – Quer dizer que além de cururueiro é trabuqueiro.

Outro – Criança quando tiver com medo assim de trabuco, então eu passo um pouquinho de pólvora na cabeça e aí vai embora.

Outra – Mas só medo do tiro?

Ton – O resto dos medos já foram embora.

Ton – São os dois foliões do Divino? Os foliãozinhos como é que responde? fazem voz, como é que é?

Outro – Com três vozes, primeira, segunda, terceira.

Ton – E aterceira como é que chama?

Outro – É a caixinha e o piano.

Ton – O pessoal fala requinta na voz?

Ou = não.

Ton – Nme tipi? também não. Quer dizer que na época que sai a folia do Divino, vão bas casa fazer visita. Todo mundo. recebe a bandeira e dão donativo.

Out – Quase todos. Tem o pessoal novo. Pessoal que muda pra cidade que não conhece então a gente vai explicando. E mesmo sendo católico, eles tem aquele receio de receber. Então quer dizer que passa. E só no outro ano que a vizinha vai informando como que é. E tem aqueles de outras religião que não recebe.

Ton – Vocês saem em agosto.

Out – Esse anos se Deus quiser nós vamos sair em Agosto. Pra poder da conta da cidade.

Ton -E durante esse tempo é a Irmandade que paga. Como que é?

Out – “e a igreja.

Ton- E o que arrecada é da Igreja.

Out – Épra Irmandade. O que nós arrecada na cidade e no sítio é da irmandade e na festa que ‘;e da igreja. É separado.

Ton – Então o folião é por conta da Irmandade. Quanto s irmãos tem?

Out – Nós tem 314 irmão d o Divino. Tudo , quem assina. Conforme vai tendo as reuniões, nós faz o seguinte. Nós faz uma pequena coletina de cada um, enesse ano nós vamos cobrar 1 mil cruzeiros d cada um. E a pessoa paga,põe o nome dele, para organizar senão, antigamente ocaboclo não participava da reunião e chegava no dia do encontro ele pegava o remo na casa dele e saia. E foi ai que eu falei o remo que não tiver tudo igual eu vou tomar. Tinha nego que tinha seis remo na casa, chagava o dia da procissão ele pegava um e ia. Ai ficava um remo azul, um …o remo nosso é tudo num padrão só. Ele é assim, só que é mais azul. ‘R um padrão só. Agora são 314 registrado ali na folha. Só que no dia do encontro, não vem , tem bastante que mora em São Paulo, Sorocaba e daqui é 250, 260, fica lindo lindo. Nós tá com dez canoa.

Ton – No sebastião também estão fazendo festa de canoa. É um outro pessoal.

Out – Lá é da cidade. Também é do divino, mas é outra época. Sábado agora vai ter um encontro do Divino. Eu ate tenho um programa em casa.

Ton- Anhembi também faz procissão. Tem outra cidade que também faz procissão no rio?

Out – Não.

Ton – Pirapora tem a procissão do Bom Jesus, mas de outro santo não tem outra procissão.

Ton – Orlando carmiel e na viola carlinhos.

Eu quero cantar esse verso

pra voces que aqui estão

eu quero dizer um boa tarde

perguntando por (?)

este pessoal de São Paulo

que vieram na nossa região

na cidade de Tietê

não sei como agradecer

não basta dar a Mão

não sei como agradecer

e não basta dar a Mão

(?) nossa visita

de todo meu coração

O amigo me pediu pra cumprir obrigação

por que aqui na nossa frente

ele pediu do presidente

se ta ruim ou se ta bom

ele pediu do presidente

se tá ruim ou se tá bom

e eu não tenho o que dize

pra não dize palavrão

meus amigos que aqui esta

dando força e consideração

eu não sei dize a ninguém

//se eu chega dizendo bem

desfaço de uma porção//

se eu chegar falando mal

é capaz de ir na prisão

então prefiro ficar quieto

pro mesu amigos que aqui estão

e o amigo me pediu

pra falar do nosso rio

vou cumprir minha missão

o querido rio Tietê

sai la da vossa região

contorna nossa cidade

é lido sem comparação

mas de um certo tempo

pra cá

prestando bem atenção

se nosso rio encherga

da vontade de chorar

por causa da poluição

meus amigos de São Paulo

senhores que aqui estão

digam pro nosso governo

que vocês encontraram um cantorão

como todo mundo viu

pra cuidar bem do nosso rio

por bem da nossa povoação

e no mais muito obrigado

já cumpri munha missão

eu já fiz o que oces pediu

eu acho que tá muito bao

pra oces que aqui meu ouvi

eu peço mais de mil perdão

se o verso foi mal cantado

assim mesmo muito obrigado

por sua atenção

Também vou cantar meu verso

que é na carreira de São Joao

porqeu o moço me pediu

com muita satisfação

então quero apresentar

na frente desse pessoal

mostrando a minha opinião

que dee qualquer com cadência

priomeiro eu quero sua licença

pra mim ter mais disposição

primeirop vou pedir licença

pra mim ter disposição

por oce sabe que a licença

é minha imaginação

sou caboclo de paciencia e

eu pedindo a licença

vai da educação

o senhores e a senhora

//eu vou contar uma história

quando o Brasil era sertão.//

Qiando o pedro allves cabrar

que tinha fibra e opinião

não falava palavra a toa

arrumou uma canoa e

fea uma grande lotação

eu vou falar pra parceria

que chamava romaria

então fizeram essa reunião

lá em porto seguro

fizewram essa embarcação

tão descendo o rio abaixo

foi na canoa baitelão

no meu verso veronil

quase descobriu o Brasil

que era ? da nacão

ai que povo te coragem

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Na primeira edição do Revelando organizamos nas águas da Represa Billings uma significativa participação das devoções nas águas. Teve início no Riacho Grande e se encerrou no atracadouro do SESC Interlagos.

Fizeram-se presentes, além de barqueiros e pescadores da própria represa, piracuaras (Rio Paraíba), Caiçaras (Iguape), além da monumental balsa de N. Sra. do Livramento (Iporanga- alto ribeira).

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Piracuaras, de São José dos Campos, e seus botes rasos, com as bandeiras do divino.

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Caiçaras, do Rocio – Iguape, e o andor em forma de barco com sua padroeira N. Sra. do Rocio

Ocorrência: Região de Bauru e Botucatu (N. Sra. dos Navegantes).

 

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