Folias, ao lado de Ternos e Companhias, são designativos de ranchos, grupos de pessoas que se deslocam acompanhando-se de cantos instrumentos. São grupos que por devoção, por gosto ou função social peregrinam de casa em casa do dia de Natal até 6 de Janeiro, ponteando quase todas as regiões do Estado. Em cantoria fazem uso de temas religiosos, da Profecia ao Nascimento de Jesus Menino, à Visita dos Reis Magos. Cumprem sempre, aproximadamente, os mesmos rituais de chegada e despedida, visitando os amigos e os devotos, atendendo pedidos, tirando promessas, (ajudando os devotos a cumprir suas promessas). Bastiões, marungos, palhaços, são personagens sempre presentes nestes folguedos, com máscaras confeccionadas nos mais diversos materiais (peles de animais, tecidos, napa, tela de arame, cabaças, papelão, colagem de papel), com trajes vistosos, divertem a todos com seus saltos acrobáticos, dançando, declamando romances tradicionais, jogando versos decorados. Quando m visita a uma casa, uma folia é motivo de festa para toda a rua. Folguedo mais expressivo e difuso em São Paulo, não se sabe ao certo quantas folias existem no Estado.
Santos Reis
“Ô de casa, nobre gente
Escutai, e ouvireis
Lá da parte do Oriente
São chegados os Três Reis”.
O arcabouço deste ensaio foi produzido em 1987 para o encarte de um long-play que produzimos para o Departamento de Cultura de São Bernardo do Campo, registro das Folias de Reis domiciliadas naquele município.
Mesmo tendo como foco a devoção a Santos Reis em São Paulo, para uma compreensão mais abrangente do tema transitamos por aspectos que consideramos importantes desta expressão em estados limítrofes.
Quando o Natal vem chegando, o vai e vem das compras e apelos comerciais absorvem os sentidos dos homens nas grandes cidades. E, hoje, até mesmo nas pequenas.
Entretanto, nem o tempo nem a “máquina” conseguiram fazer sucumbir o sentido dos versos acima. Pelo menos por enquanto. Estão presentes na boca ou na memória de nosso povo, de ponta a ponta do Brasil.
Para uma parcela significativa desse povo, mais que um dia, uma data em que as pessoas têm, como que por obrigação comprar, consumir, dar presente: o Natal é um tempo, uma época de festas.
Um ciclo cultural, costuma-se dizer.
Época em que, Brasil afora, surgem Marujadas e Cheganças, com seus fardamentos inspirados na hierarquia marítima, os Bois de Reis com multiplicidade de personagens, cada qual com sua jornada, sua cena. Guerreiros, Reisados com seus trajes coloridos, reluzentes de espelhos, Pastoris com rivalidade ensaiada dos seus cordões azuis e encarnados.
Mas sobretudo surgem as Folias de Reis, os Ternos de pastoras, Pastorinhas e Companhias de Pastores, de cunho essencialmente religioso. Cantando e dançando ao som de músicas cujas origens, mas não o sentido, podem ter se perdido ao longo dos tempos, e paramentados segundo suas posses, vão, de vila em vila, praça em praça, casa em casa, visitando presépios, expressando, das formas mais variadas, sua devoção ao Menino Jesus.
Folia de Reis do Bonsucesso- Guarulhos
À direita o ritual dos arcos, quando da entrega da Bandeira, no Dia de Reis.
Fotos:TM- 1982
Buscam reviver, no dizer da maioria, a viagem dos Três Reis Magos a caminho de Belém.
Não existe entre eles unidade formal, rítmica, melódica ou instrumental. Nem mesmo quando agrupados sob a mesma rotulação. Existe sim a pertinência dos traços caracterizadores dos Reis enquanto procedentes de tradições populares ibéricas (Janeiras, Maias), e a sobrevivência de versos que traem sua origem.
São traços de tais grupos, aqui como em Portugal:
– organizam-se em ranchos, grupos itinerantes, que anunciam o nascimento do Menino Jesus;
– fazem a adoração dos presépios quando estes se encontram “armados” nas casas anfitriãs;
– suas presenças nas casas ensejam a confraternização, valorização da amizade, a comensalidade (esta, de acordo com as posses dos anfitriões);
– recolhem donativos para a realização de suas festas de encerramento;
– de casa em casa, em cantoria, obedecem sequência ritual parecida:
Saudações de porta (cantos de chegada)
“Esta casa está bem feita
Por dentro por fora não
Por dentro cravos e rosas
Por fora manjericão.”
Pedido de licença (autorização para entrada)
“Abre vossa porta
Queremos entrar
Que o dono da Casa
Mandou me chamar
Mandou me chamar
Porque tem pra me dar
Garrafa de vinho
Docinho de araçá’
Louvação dos donos da casa
“Senhor seu Augusto
Meu botão de resedá
Foi a prenda mais bonita
Que nasceu neste lugá
E também dona Maria
Ë a flor da laranjeira
Quando o vento dá na chacra
Arrescende a casa intera.”
E, por fim, fazem o
Agradecimento da acolhida (e se despedem)
“Agradeço a rica oferta
Que foi dada nessa hora
Sano Reis que lhe abençoe
São José Nossa Senhora”
São ainda bastante comuns, e perfeitamente reconhecíveis (sobretudo nos Termos de Pastoras) traços de autos medievais, bem como do teatro de Gil Vicente ou de Juan del Encina.
Em São Paulo é muito grande a devoção a Santos Reis em todo o estado, expressa na multiplicidade de um complexo de manifestações do ciclo de Natal (Ternos de Reis, Folias de Reis, Reiadas ou simplesmente Reis), nos nomes das pessoas e, nos últimos 30 anos, aproximadamente, pela prática de erguimento de igrejas e capelas em sua homenagem.
Contabiliza-se hoje em todo o estado cerca de 450 grupos ativos.
Na Grande São Paulo, resultado do processo de industrialização, o Ciclo começa mais cedo, já na metade de novembro, atuando os grupos só nos finais de semana para cumprirem suas jornadas. Nas casas, continuam sendo armados presépios, alguns artísticos e com o mesmo brilho e importância de outrora. Outros mais singelos, expressão da religiosidade popular.
Ternos de Reis, Folias de Reis, Reiadas ou simplesmente Reis, fazem parte de um complexo de manifestações do ciclo de Natal. São grupos que por devoção, por gosto ou função social peregrinam de casa em casa do dia de Natal até 6 de Janeiro em algumas regiões, e até 20 de Janeiro em outras. Na cidade de S. Paulo (também existem folias em seus limites) o ciclo/ jornada tem início na metade do mês de Novembro, sempre nos finais de semana. Em cantoria fazem uso de temas religiosos, da Profecia ao Nascimento de Jesus Menino, à Visita dos Reis Magos. Cumprem sempre, aproximadamente, os mesmos rituais de chegada e despedida.
É tão expressiva a presença das Folias de Reis no Noroeste paulista, que motiva uma grande parcela dos municípios da região a realizarem grandes Encontros de Folias de Reis que chegam a mobilizar acima de 50 grupos em cada um estendendo-se os mesmos até o mês de Maio, com interrupções pelo período quaresmal.
Reiada é o nome que a devoção a Santo Rei recebe no baixo Vale do Ribeira e litoral Sul, com peculiaridades próprias da região, como veremos adiante.
Um ciclo que se transforma
Como já dissemos, no contexto popular, mais que uma data, o Natal é um ciclo, um tempo que chega a durar dois meses ou mais.
Com o advento dos “tempos modernos” seu início tornou-se um tanto impreciso. Já bem antes de dezembro os grupos começam a fazer seus ensaios, sua preparação para as jornadas.
Por jornadas eram designadas na Península Ibérica as partes em que se subdividiam os autos pastoris e comédias ao fim da Idade Média. O termo continuou a denominar as cenas ou partes de nossos folguedos natalinos, sobretudo dos Pastoris. Entretanto, junto dos grupos viajores (ranchos) passou a designar a duração anual da missão, da viagem, o período de suas atuações. Sinônimo de giro.
De regra uma jornada deve durar 12 dias. Simbolicamente (12 são os dias que separam o Nascimento da Adoração). Esta é a missão.
Até fins da década de 50 eram cumpridas de forma ininterrupta: as companhias partiam a zero hora do dia 25 de dezembro e deviam encerrá-las até às 18 horas do dia 6 de janeiro.
As alterações que se observaram nas relações de trabalho dos foliões (a maioria hoje assalariados), impôs mudanças profundas, mas não provocou arrefecimento. Se ainda há foliões que procuram manter a jornada no sistema antigo (ininterrupto) reservando parte de suas férias para os Santos Reis, outros buscaram alternativas.
Assim, numa parte do Rio de Janeiro, que venho observando há muitos anos (de forma especial na região Sul, onde nasci), surgiu o sistema de abrir e fechar a folia. As companhias dão início à jornada no período habitual (25/12 a 06/01), sendo que nos fins de semana e feriados neles contidos saem (noite e dia) direto ou cantam até mais tarde. Durante a semana abrem as folias nos finais de tarde, depois de saírem das fábricas e cantam até quase à hora dos últimos ônibus.
Então, na última casa em que cantaram, pedem pouso para a bandeira (estandarte) e fecham a folia (trocam de roupa e seguem para suas casas). Exatamente onde os foliões se encontrarão no dia seguinte para dar prosseguimento à jornada.
Em outros lugares passaram a sair da noite de sexta-feira até o anoitecer do domingo. Calculados os finais de semana e feriados, que lhes garantirão a jornada completa, marcam o dia da saída (geralmente pela metade de dezembro).
Na cidade de São Paulo, com relações de trabalho mais complexas, tiveram mais problemas para encontrar solução. Passaram a sair de sábado para domingo, cantando durante toda a noite.
Ao cair da noite do domingo, na última casa em que cantaram, pedem pouso para a bandeira. E a partir desta casa/ pouso, o giro terá prosseguimento na semana seguinte.
A anfitriã será a guardiã do estandarte por toda aquela semana, podendo ainda assumir o compromisso de lavar o fardamento da companhia. Assim recuaram o início das jornadas para a metade de novembro garantindo-lhes os 12 dias necessárias à tradição.
No dia 6 de janeiro todas as folias devem fazer a entrega da bandeira, encerrando-se o giro de Santos Reis.
No caso de algumas regiões fluminenses, muitas são aquelas que descansam no dia 7 e reabrem no dia seguinte com a Folia de Mártir São Sebastião, o protetor contra a peste, a fome e a guerra, (também conhecida como charola de São Sebastião) cujo giro se encerra no dia 20.
Tradicionalmente a última data limite para este ciclo de festas é 2 de fevereiro, dia da Purificação de Maria e de Nossa Senhora das Candeias. Data que alguns grupos elegeram para o seu encerramento, e em que as pastorinhas despedem da jornada queimando as palhas de suas lapinhas.
A presença de reinado (rei e rainha Coroados) é bastante frequente no universo reiseiro em São Paulo. Diferentemente de suas presenças nas Reiadas, no litoral, em que efetivamente são a representação dos Três Reis Magos, no Planalto, rei e rainha o são em cumprimento de promessa, ou para desempenhar papel de festeiros.
Foto: ABC do folclore – 1952
Temos notado que nos últimos 20 ou 30 anos, aproximadamente, um aumento da devoção a Santos Reis e o interesse crescente pelas folias no Norte de São Paulo e Sul de Minas, o que tem igualmente multiplicado os Encontros de Folias. Tais encontros, grandes eventos, têm avançado pelos meses de fevereiro e março, acontecendo, por vezes concomitantemente, em mais de um município, chegando a reunir até 50 companhias. Durante os mesmos podem ser observados os já citados rituais devocionais de cumprimento de promessas. Isto tem mantido a maioria dos grupos em funcionamento, mesmo depois do encerramento de seus giros.
Magos ou Reis?- Reis Magos!
Afora as discussões em torno da existência ou não dos adoradores da Lapinha de Belém, os Santos Reis, outras se colocam.
– Quantos eram? Qual a sua condição social? De onde vieram?
O único suporte para suas existências prende-se a breve e vago relato, em um único dos quatro evangelhos – Mateus 2,1 – 12:
“Nascido Jesus em Belém de Judá, nos tempos do rei Herodes, eis que do Oriente vieram uns magos a Jerusalém, perguntando: onde está o rei dos Judeus que acaba de nascer? Pois vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo!
…Eis que a estrela que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que parou sobre o lugar em que estava o menino. Ao verem a estrela, sentiram grandíssima alegria. E tendo entrado na casa acharam o menino com a sua mãe e, prostrando-se o adoraram. E abertos os seus tesouros, ofereceram-lhes como presentes, ouro, incenso e mirra”.
Os magos junto aos Persas e Medos eram uma casta de sacerdotes a quem estavam confiadas as cerimônias dos cultos. Iniciados nas ciências ocultas eram tidos como sábios, adivinhos, conhecedores dos mistérios da terra e dos astros. Formavam um verdadeiro conselho consultivo do rei.
O cotejamento do breve relato de São Mateus, com algumas passagens (profecias, salmos) do Antigo Testamento foram ajudando a assentar crenças sobre a procedência e condição social dos adoradores. Passagens como a do salmista:
“Os reis de Tássia e das ilhas lhe oferecerão tributo.
Os soberanos de Sabá e a Seba lhe trarão ofertas.
Prostar-se-ão todos os reis”. (S1.7/10 – 11).
Os presentes oferecidos (ouro, incenso e mirra) passaram a delimitar seu número. E assim, com o passar do tempo personificaram-se as figuras dos Três Reis Magos.
Mas foi mesmo durante o Império Bizantino (séc. IV) que suas existências ganharam mais consistência.
Consta que Helena (Santa Helena) mãe do imperador Constantino, no zelo de descobrir relíquias sagradas, teria localizado túmulos dos supostos três magos, cada um em um diferente país do Oriente. Mandou desenterrar os corpos e trasladá-los para Constantinopla.
No século VII seus restos foram transferidos para a igreja de Santo Eustáquio, perto de Milão. Entretanto, se o interesse pela existência e papel dos Magos de Belém já era grande, o século XII iria consolidar de vez a devoção aos Três Reis do Oriente.
O imperador alemão Frederico I, o Barba-Roxa, havia sitiado Milão. Com a capitulação da cidade, Reinald Von Dassel, arcebispo de Colônia pede ao imperador que exija as relíquias dos magos (1164), como verdadeiro despojo de guerra.
E assim foram trasladadas, sob escolta e com pompa, da Itália para a Alemanha através dos Alpes e Borgonha e descendo o Reno (consta que ao longo deste percurso é frequente encontrarem-se ainda hoje, várias pousadas que homenageiam em seus nomes os Três Reis).
Desde o início do Renascimento o tema da Adoração dos Reis Magos inspirou pintores, que com suas mentes criadoras construíram todo um imaginário para tornar mais concreta sua existência. Foi a partir de sua imaginação e de seus pincéis que as peles e fisionomias dos Magos foram ganhando traços e pigmentação simbólicos.
Os nomes a eles atribuídos, igualmente foram surgindo de conjecturas e simbolismos.
Assim o relato vago e simples de São Mateus foi sendo enriquecido e se enfeitando na sua viagem através dos séculos, transformando-se em fascinante lenda, com muitas vertentes tão presentes nos relatos e no viver de nosso povo.
E hoje, lá na Catedral de Colônia, construída especialmente para abriga-los, guardados em precioso relicário há mais de 800 anos, os esqueletos resgatados por Santa Helena e conhecidos à época como “os magos”, continuam a atrair milhares de devotos e turistas.
Aqui entre nós quem tem olhos para ver continua a receber, “chegados lá da parte do Oriente” os Magos, Reis Santos que continuam sua viagem à procura de um menino que teria vindo para salvar o mundo.
Folias de Reis
Dentre os folguedos natalinos que buscam reviver a viagem dos Três Reis Santos, destacamos aqui as Folias, Ternos ou Companhias de Santos Reis.
Folia pode designar dança rápida ao som de pandeiro, pândega, folgança. Reunião barulhenta. Aqui passa a ser, ao lado de Terno e Companhia, sinônimo puro e simples de ranchos, grupos de pessoas que se deslocam acompanhando-se de cantos e instrumentos.
As folias de reis cumprem, basicamente, os mesmos rituais de visita descritos anteriormente.
Por devoção, missão, simples gosto ou por função social, viajam a Belém. Anualmente. Pelo caminho seguem visitando os amigos, os devotos, atendendo pedidos, tirando promessas, (ajudando os devotos a cumprir suas promessas). Em função podem executar uma cantoria mais simples e rápida em que expressam sua devoção a Santos Reis e ao Menino Jesus. Ou tiram a profecia. Isto é, cantam em versos a Anunciação do Anjo Gabriel a Maria, o Nascimento propriamente dito, a Adoração dos Reis Magos, a Fuga para o Egito… – episódios bíblicos quase sempre interpretados e reinterpretados livremente. O que exige maior esforço da Companhia.
No desejo de receber Santos Reis, os devotos ou os amigos podem optar por receber só a bandeira para seus rituais particulares, ou toda a companhia. Se optarem pela companhia, podem sugerir a maior complexidade do Canto da Profecia ou uma toada mais ligeira, passando-se logo para a brincadeira dos palhaços.
Quando em visita a uma casa, uma folia é motivo de festa para toda a rua. Por vezes para todo um bairro.
Organização
Como qualquer corpo social, as folias têm uma estruturação interna, levada à risca pelos participantes. Com ligeiras variações, organizam-se assim:
Mestre
Um terno se forma sob a liderança de um Mestre (também conhecido por Mestre-Folião, Embaixador e, mais raramente, por Capitão), geralmente, figura carismática, devoto incondicional de Santo Reis. Para ele o reis, tirar reis, é uma missão que recebeu de algum ancestral ou de outra figura igualmente carismática. Quando não diretamente de Santos Reis.
Encontra-se sempre cumprindo suas promessas ou tirando promessas de outros devotos (fazendo caridade). Ou simplesmente “dando prosseguimento à tradição”.
As promessas são estabelecidas em prazos de sete anos, ao fim dos quais pensam parar. Mas quase nunca param. Se o fizerem, deverão passar a missão para um outro.
Toda a companhia se estrutura ao seu redor, e a ele todos devem respeito absoluto. Sua autoridade é incontestável. É ele quem conhece os rituais e consegue conduzi-los. Sempre em cantoria em versos trovados de modo consoante.
“Tem que ter conhecimento”.
Isto na prática equivale dizer:
– tem que saber cantar e tocar um instrumento solista (viola, violão ou sanfona);
– ter facilidade, pelo costume, para trovar (rimar, compor verso muitas vezes de improviso);
– saber distinguir o que convém ou não em cada situação (o que exige certa perspicácia);
– tem que ter força espiritual (e quase sempre conhecimento de práticas de cunho mágico).
– tem que transitar pelas informações bíblicas popularizadas;
Em tudo é secundado pelo seu Contra- Mestre (2º Embaixador, 2º Capitão), quase sempre pessoa de sua confiança, o segundo na hierarquia, que em geral canta a terça (2º voz) com o Mestre e encabeça a resposta ao canto.
Via de regra o Mestre é o “dono” da folia: é a partir de seu núcleo familiar que provê as necessidades da mesma.
Não é raro, entretanto, encontrarem-se folias com vários mestres/embaixadores (sendo um deles o dono da Companhia), pessoas que dominando a ciência dos Reis não se sentem com vontade ou em condições de montar suas próprias Companhias – “é muita responsabilidade”!
Bandeireiro ou alferes
É a pessoa que zela pela bandeira. É quem deve conduzi-la quando em cortejo, quem a entrega aos devotos, e de suas mãos a recebe de volta. Deve manter sempre conduta discreta e respeitosa.
A bandeira é um símbolo mágico/religioso importante para todo o grupo. Por isto o bandeireiro não deve dela se descuidar, nunca. E daí sua importância na Companhia. Durante a cantoria pode ajudar tocar do um instrumento leve de percussão, triângulo ou mesmo pandeiro, ou fazendo uma das vozes.
Foliões
Conjunto de músicos e cantores que acompanham uma folia em seu giro. É bem variável de grupo para grupo, dependendo sempre da tradição, da região e das posses do dono da folia.
Há ternos que se fazem acompanhar de até 20 ou mais foliões para atender suas necessidades operacionais (instrumentação e armação de vozes).
São homens, mulheres e crianças de idade variadas. Pessoas da família do dono da folia ou amigos deste que participam espontaneamente ou a seu convite. Muitos há que o fazem em cumprimento de promessa.
Palhaços
Os palhaços, que merecerão atenção à parte, têm a par da função de divertir, a de proteger a bandeira. Por isso quando em cortejo, devem andar ao lado da bandeira.
Quando a companhia não caminha com destino certo (rumo a uma determinada casa), o que não é muito comum, são eles que, ao lado da Bandeira, perguntam aos padrinhos, madrinhas e titias se querem receber Santos Reis. Se só a bandeira ou toda a companhia.
Festa de Reis em Poloni
Foto: Diego Dionísio
Em Minas, São Paulo e no Centro Oeste, onde aparecem em mínimo de dois e máximo de três em cada terno, são chamados de marungo ou bastião.
Na região de Marquês de Valença/RJ, onde nasci e cresci, as folias sempre saem com grande número de palhaços (em algumas delas ultrapassam a marca de 20). Por este motivo, em termos operacionais estão subordinados ao seu mestre palhaço, também conhecido por vovô, que é geralmente o mais experiente deles. Todos subordinados ao Mestre Folião. Por vezes é o Mestre Palhaço o 2 na hierarquia. É ele que de acordo com aquele, comanda o cortejo.
Há palhaços que saem por promessa, outros por simples divertimentos. Sempre o fazem com o consentimento do dono da folia. Podem sair, a cada ano com a folia que lhes convier, sendo que cada qual deve arcar com a confecção de suas fardas, a seu gosto.
Festeiros, Promesseiros ou Gerentes
As questões organizativas do giro podem estar a cargo de pessoas que não estejam ligadas diretamente à parte ritual do grupo.
Em alguns lugares há as figuras dos Festeiros, casal escolhido e coroado nos moldes do que ocorre em outras festas em que há reinado (Divino, São Benedito, N.Sa. do Rosário), ao se encerrar o giro do ano anterior.
Mais recentemente surgiram as figuras dos Gerentes, creio que por “contaminação” das relações estabelecidas e assimiladas nos ambientes de trabalho formal.
Uns e outros, Festeiros e Gerentes, compromissados com o grupo pelo período de um ano, devem prover-lhes as necessidades (fardamento, provisões em jornada, despesas diárias, transportes, alimentação) para o giro do ano em curso, buscando sempre o apoio da comunidade.
Já os promesseiros, pessoas que recorreram a Santos Reis e se sentiram validos, assumem a mesma função dos anteriores, tendo-a por obrigação por um período raramente inferior a sete anos.
São chamados pelos Mestres, de devotos. Devotos também são chamados todos que recebem a bandeira/ folia. Há pessoas que fazem promessas mais simples: de dar um fardamento, um pouso, um almoço ou jantar para uma folia.
Festeiros, Gerentes e Promesseiros devem organizar a festa de encerramento. E em todas as suas decisões consultam o Mestre-Folião.
O palhaço: “Um bichinho encantado”
Assim meu tio Wálter Carreiro, Mestre Folião, último herdeiro da tradição reiseira em minha família, se referia aos palhaços e seu papel “animador” no âmbito de sua folia, e das demais também.
O palhaço é uma figura importante na folia. Há mesmo quem o considere a principal: “Folia sem palhaço não tem emoção”. Com suas roupas muito coloridas de chitão, popeline ou mesmo de tecidos nobres (cetim, seda e até lamê), máscaras extravagantes, fazendo no pé ou jogando verso, devem divertir a assistência que, se já era grande, nesse momento redobra. Sua atuação se dá através de um complexo chamado chula (dança, acrobacias e jogação de versos).
Palhaço da folia de Reis do bairro Baeta Neves, São Bernardo do Campo.
Foto: TM – 1992
Em algumas regiões de Minas e de São Paulo a dança dos palhaços é denominada corta-jaca. Há palhaços que são exímios dançarinos, executando com extrema precisão rítmica, e com movimentos harmoniosos, uma dança ligeira e graciosa, deslizada ou saltitante e cheia de volteios. Pode até mesmo ser uma dança acrobática.
Os planejamentos contribuem decisivamente para a evolução.
Alguns incorporam à dança o manejo de implementos que acabam por caracterizarem suas coreografias. É o caso dos palhaços de manguara, que na Grande Belo Horizonte, Sul de Minas e Norte Paulista portam cajados (as manguaras) enfeitados de fitas e repletos de tampinhas e guizos, que percutidos ou deslizados no chão fazem um complemento rítmico-musical.
Igualmente os palhaços de marucas munem-se de bastonetes (50 cm) enfeitados de fitas, com os quais fazem evoluções à frente do grupo, quando em cortejo.
Há ainda os decididamente acrobatas. Executam solos nos moldes das acrobacias circences de chão (paradas de mão, rondadas, macacos, flip flaps… e até saltos mortais) nas quais não falta a ginga de capoeira.
Por vezes executam seu número em grupo. Isto em passagens curtas e rápidas, ao som de música ligeira. Interrompidas pelos solistas ao grito de para, para!, ou mesmo eita!. Então a assistência aguça os ouvidos para os versos que o palhaço irá jogar. Versos que poderão ser alusivos ao nascimento do Menino Jesus ou ao cumprimento da profecia, trechos de romances ou disparates.
Há mesmo palhaços especialistas em versos de sentido duplo ou maliciosos e lá poderão sair, para reboliço geral, com versos do tipo:
Mãezinha quando eu morre
Me enterre lá no quintá
No meio das bananeira
Onde as meninas vão (gritaria geral)… passeá.
Por fim há os palhaços repentistas, que falam versos no improviso, respondendo sempre aos desafios que lhes são feitos. Sempre se safam.
Tivemos oportunidade de propor ou de presenciar anfitriões de folias que apresentaram desafios a palhaços com um carreiro de moedas e notas, da entrada de suas casas até ao pé da bandeira. Para cada moeda que recolhiam, faziam um verso, declarando o valor impresso. E até debochando ou protestando contra os de baixo valor.
Não se enroscam.
De acordo com seu próprio carisma, cada qual dançando, saltando ou declamando, vai pegando uns trocados, cobrando de quem não deu, provocando a participação real da assistência.
E chamando a todos de padrinho, madrinha, titia ou patrão, perguntando pelo café, pela broa e pelo frango, conseguem despertar a generosidade dos anfitriões, se esta ainda não se manifestou espontaneamente, para deleite de toda a companhia. Por vezes de toda a assistência.
Para alguns mestres ou donos de folias, os palhaços representam os próprios Reis Magos que foram em busca do Messias. Cientes de que Herodes, querendo descobri-lo para matá-lo, havia enviado espiões para segui-los, depois de terem-no visto e adorado, travestiram-se, ocultando-se sob máscaras, e, dançando e brincando, despistaram os olheiros de Herodes que os seguiram para longe do Menino.
Assim, explicam aqueles, o certo seria cada folia levar somente três palhaços. Para outros, entretanto, representam os próprios “olheiros de Herodes que seguia os Três Reis Santos, e se convertero quando viro o Mestre”.
Travestiram-se, por isso, e seguiram por um outro caminho, para não serem interpelados pelo rei.
Outros dizem que eram dois, e assim buscam explicar o número de palhaços que os acompanham.
Há ainda os mestres para os quais o “palhaço faz o papel do coisa ruim”. Afirmam que eram seis os olheiros de Herodes. O sétimo era o “coisa ruim”, que o palhaço encarna.
Há folias que seguem à risca esta estrutura. Entretanto, mesmo conscientes da tradição, muitos mestres colocam um número maior de palhaços para “fazê número, animá”.
É o caso das folias de Marquês de Valença (RJ) e adjacências, como já informado, que nunca saem com menos de 10 ou 12 palhaços. Algumas chegam a 20 ou mais. Em seu meio, a complexa atuação dos palhaços, como descrita acima, é reconhecida por chula. Chula dos palhaços.
Explicam que folia sem palhaços não tem graça. “O povo quer ver palhaço brincar”.
“Colocar” significa que de um lado o mestre admite em sua folia aqueles que os procuram para cumprir promessas ou por simples gosto. De outro faz convites.
Há palhaços que saem sempre na mesma folia, por opção. Outros atendem convites. Em qualquer caso são livres para saírem com quem quiserem, desde que, admitidos pelo mestre folião, se submetam às normas da companhia.
Palhaço ou Marungo
Palhaço da Folia de Reis Irmãos Costa, de Franca.
Os palhaços/ marungos das folias de reis, pela exuberância de seus fardamentos (vestes), pela magia de suas figuras como um todo são inspiração constante para fotógrafos e outros trabalhos de criação. Além do mais trata-se da expressão, as companhias de reis, mais constantes em todo o estado (cerca de 450 apontadas). Neste caso em particular, afora o apontado, a peculiaridade de sua máscara confeccionada na técnica do empapelamento.
Foto: Reinaldo Meneguin
Nos campos de São Bernardo
Na ocasião da realização do LP Folias de Reis nos Campos de São Bernardo, reconhecemos cinco folias radicadas em seus limites. Afora as que visitam o município provenientes do grande ABC. Para elas é válido, em linhas gerais, o que foi observado para o folguedo até aqui.
Algumas estão estruturadas no município há várias décadas, com foliões provenientes do interior de São Paulo, Minas Gerais (com predominância do sul mineiro), Rio de Janeiro, Espírito Santo. Sem faltarem os batateiros (os nascidos em São Bernardo).
Seu período de jornada é o tradicional (25 de dezembro a 6 de janeiro). Durante a semana das 18 às 23 horas. Sábado e Domingo, direto.
Uma faz giro ininterrupto, sendo que vários foliões já foram advertidos em seus empregos. Mas não se importam: “Santo Reis merece !”
A folia da Estrada Galvão Bueno depois da entrega da Bandeira de Santos Reis, segue o giro com a de São Sebastião até 20 de janeiro. Data em que faz o encerramento com o levantamento dos mastros de Santos Reis e São Sebastião.
Em toda a região é muito grande o interesse, ou devoção, por Santo Reis. Por isto, e por mais que estiquem seus horários e multipliquem as visitas, os grupos não conseguem atender a todas as solicitações (nesta última jornada alguns grupos ultrapassaram de longe a marca de cem casas visitadas nos 12 dias).
Os convites têm motivação na amizade, mas, sobretudo na devoção: São muitas as ofertas de almoços, jantares. E as bandeiras estão sempre repletas de ex-votos. Afora os donativos.
Fazem-se acompanhar sempre de dois bastiões (palhaços). Vez por outra, de três. Mas é frequente a presença de bastiõezinhos (crianças vestidas de palhaços) cumprindo promessas ou seguindo o processo de iniciação nas folias.
Usam espadas de madeira ou reios, e lhes é permitido toda sorte de traquinices.
A dança executada por vários deles, e por eles denominada de corta jaca, aproxima-se, em alguns momentos, das chulas executadas pelos palhaços fluminenses.
Na região são numerosos os terreiros de umbanda e candomblé, e estes fazem questão de receber a visita das companhias, no que são atendidos.
Em um dos grupos (a folia do Parque Havaí) os gorros e tiaras tradicionais foram mesmo substituídos por adês (coroas) semelhantes às usadas como implementos das vestes dos orixás. Mas este é um fato isolado no universo das folias (neste caso por conta das habilidades manuais do capitão, um dos líderes da companhia).
No fim de semana imediato ao Dia de Reis, promovem as entregas das bandeiras (nas casas dos donos das folias), seguidas de festança e baile. Este animado por sanfona, viola, percussão. Se a orquestra está animada, o sol raia e o baile continua.
O quintal da casa onde irá acontecer a Festa de Santos Reis é decorado com fitas, bandeirolas e os indispensáveis arcos.
São três arcos de bambu que estabelecem um carreiro a ser percorrido pela folia e devotos quando da entrega da bandeira. Cada um representa uma etapa, um estágio para se chegar ao presépio ou altar, onde será rezado o terço e efetuados os rituais finais.
São como portais simbólicos, e a passagem por sob cada um deles é conduzia por versos próprios. A partir do segundo, foliões e devotos costumam seguir de joelhos até o altar. Enfeitados, e à luz de velas, os altares recebem, em imagens ou estampas, as representações de seus santos de devoção: Santos Reis, São Benedito, São Sebastião, São Gonçalo, Cosme e Damião. E a mais constante de todas, a Senhora Aparecida.
Acima das rivalidades, comuns entre grupos reiseiros e que, quando dosadas, chegam a ser salutares, observa-se uma relação amistosa entre as companhias nos municípios da região em questão: visitam-se e nos momentos necessários, prestam-se ajuda. Isto se evidencia melhor nas festas de encerramento, quando os músicos ajudam-se a animar os bailes.
Também há muitos anos vêm participando dos Encontros de Folias da região norte do estado.
Folias de Reis
Folias, ao lado de Ternos e Companhias, são designativos de ranchos, grupos de pessoas que se deslocam acompanhando-se de cantos instrumentos. São grupos que por devoção, por gosto ou função social peregrinam de casa em casa do dia de Natal até 6 de Janeiro, ponteando quase todas as regiões do Estado. Em cantoria fazem uso de temas religiosos, da Profecia ao Nascimento de Jesus Menino, à Visita dos Reis Magos. Cumprem sempre, aproximadamente, os mesmos rituais de chegada e despedida, visitando os amigos e os devotos, atendendo pedidos, tirando promessas, (ajudando os devotos a cumprir suas promessas).
Bastiões, marungos, palhaços, são personagens sempre presentes nestes folguedos, com máscaras confeccionadas com os mais diversos materiais (peles de animais, tecidos, napa, tela de arame, cabaças, papelão, colagem de papel). Com trajes vistosos, divertem a todos com seus saltos acrobáticos, dançando, declamando romances tradicionais, jogando versos decorados. Quando em visita a uma casa, uma folia é motivo de festa para toda a rua.
É o folguedo mais expressivo e difuso em São Paulo.
Palhaço de Folia de Reis – Diadema
Um dos palhaços da folia constituída pela família Reis: todo o clã participa, em companhia de pessoas muito próximas. Seu patriarca, José Reis, devoto fidelíssimo de Santos Reis, à medida que os filhos foram nascendo, foi batizando-os com os nomes dos reis santos. Dos três descendentes, veio-lhe uma menina, que recebeu, assim mesmo, o nome de Gasparina, homenageando o rei Gaspar. Não são muitas, mas são várias as Folias de Reis na Grande São Paulo, que continuam de casa em casa, de forma tradicional, a cumprir as jornadas dos Santos Reis, celebrando o Natal, em “busca do Deus Menino”.
Foto – T. Macedo (realizada durante o Ciclo Natalino de 1992)
Criação: Vicente Gil
Marungo (palhaço) de Folia de Reis – São José dos Campos
Malungo é termo do quimbundo bastante difundido pelo Brasil sobretudo pelas variações marungo e carungo, aplicando-se aos palhaços de folias de reis. Literalmente designa os que estão próximos, na mesma faixa etária; os companheiros, os camaradas. Assim os negros africanos designavam, ainda nos navios negreiros, seus parceiros na viagem de infortúnio, ainda que desconhecidos.
Por extensão, de um modo geral, passou a designar o companheiro, o irmão de criação ou simplesmente o irmão. Destaque-se a máscara deste malungo, confeccionada por empapelamento, técnica popular de modelagem por superposição de camadas de papel e goma.
Foto – Reinaldo Meneguin
Criação:DARC
Bastião e Bandeira de Santos Reis – Aparecida do Taboado – MS
Bastião é outra denominação para os palhaços de folias de reis, de forma especial no noroeste paulista. Detalhe de máscara de palhaço e flores da bandeira de uma Folia de Reis, ladeada por dois marungos, com seus reios, prontos a defendê-la. São também eles que, com estardalhaços, anunciam a chegada da companhia na casas a serem visitadas, e recolhem as ofertas. Destaquem-se ainda características regionais expressas nas máscaras, frequentemente produzidas em soleta (couro para sapatos). Nas versões do Revelando ensejadas nesta região (Franca, Ilha Solteira), ao recebermos grupos de além fronteiras, pudemos nos exercitar na transcendência dos limites geo-administrativos.
Foto: Luciana Paternostro/ Copyright OPY Imagens – 2008
Arte: Felipe Scapino
Marungo – Palhaço da Folia de Reis Irmãos Costa, de Franca.
Na trajetória de 45 edições do Revelando São Paulo, os palhaços/ marungos das folias de reis têm sido uma inspiração constante para nosso material comunicacional. Acredito justo por dois motivos básicos: trata-se da expressão, as companhias de reis, mais constantes em todo o estado (cerca de 450 apontadas), e no caso dos palhaços a magia de suas figuras como um todo.
Neste caso em particular, afora o apontado, a peculiaridade de sua máscara confeccionada na técnica do empapelamento, e a composição da peça como um todo.
Foto: Reinaldo Meneguin
Arte: Felipe Scapino/ T. Macedo
Ouça as Folias de Reis
Encontramos Folias de Reis em todas as regiões do estado de São Paulo.
Nome da Folia de Reis | Município a que pertence | |
1 | Companhia de Reis Estrela D’alva | Araçatuba |
2 | Companhia de Reis Estrela do Oriente | Araçatuba |
3 | Folia de Reis Bandeira Nova | Araras |
4 | Folia de Reis Luz Divina | Artur Nogueira |
5 | Companhia da Bandeira Folia de Reis | Arujá |
6 | Companhia Bandeira dos Santos Reis | Arujá |
7 | Folia de Reis São João Batista | Atibaia |
8 | Folia de Reis Estrela Guia | Biritiba Mirim |
9 | Folia de Reis Estrela da Manhã | Bom Jesus dos Perdões |
10 | Companhia de Reis Ao Caminho de Belém | Brodowski |
11 | Companhia de Reis Oliveira Souza | Brodowski |
12 | Companhia de Reis Estrela do Oriente | Brodowski |
13 | Nossa Senhora do Guadalupe | Caçapava |
14 | Companhia de Reis Cristalina | Caconde |
15 | Companhia de Reis Estrela de Ouro de Caconde | Caconde |
16 | Companhia de Reis Estrela do Oriente | Caconde |
17 | Companhia de Reis Gruta de Belém | Caconde |
18 | Companhia Três Reis do Oriente | Cajamar |
19 | Reiada de Cananéia | Cananéia |
20 | Associação Estrela do Oriente (Bandeira Toninho Leiteiro) | Cândido Mota |
21 | Associação Estrela do Oriente (Bandeira Universo) | Cândido Mota |
22 | Associação Estrela do Oriente (Bandeira Família Godinho) | Cândido Mota |
23 | Folia de Reis de Santo Antônio do Bairro do Tinga | Caraguatatuba |
24 | Folia de Reis São Joaquim | Carapicuíba |
25 | Companhia de Reis Estrela Dalva | Casa Branca |
26 | Associação Folclórica Estrela do Oriente de Castilho | Castilho |
27 | Companhia de Reis Asa Branca | Cosmorama |
28 | Estrela Guia da Vila Ana Rosa | Cruzeiro |
29 | Folia de Reis Estrela de Belém | Cruzeiro |
30 | Folia de Reis da Shirlei | Diadema |
31 | Companhia de Reis Três Reis Magos | Diadema |
32 | Companhia de Reis Mensageiros de Santos Reis | Dirce Reis |
33 | Companhia de Reis Estrela de Ouro | Divinolândia |
34 | Companhia de Reis Nova Estrela | Divinolândia |
35 | Companhia de Reis Estrela do Oriente | Divinolândia |
36 | Companhia de Reis Sagrada Família | Dumont |
37 | Cia. de Santos Reis Marajoara | Embu das Artes |
38 | Companhia de Reis Escapim | Estrela D’Oeste |
39 | Companhia de Reis Unidos de Estrela D’Oeste | Estrela D’Oeste |
40 | Companhia de Reis Quintino e Quirino | Fernandópolis |
41 | Companhia de Reis Alvorada | Fernandópolis |
42 | Companhia de Reis Estrela do Oriente | Gastão Vidigal |
43 | Companhia de Reis Estrela da Guia de Belém | Gastão Vidigal |
44 | Companhia de Reis Nova União | General Salgado |
45 | Companhia de Reis Estrela da Guia | General Salgado |
46 | Companhia de Reis São Jorge e Baltazar | Guaíra |
47 | Companhia de Reis Caminheiros do Oriente | Guaíra |
48 | Companhia de Reis Estrela do Oriente | Guaíra |
49 | Companhia de Reis São Sebastião | Guapiaçu |
50 | Companhia de Reis Estrela Dalva | Guará |
51 | Companhia de Reis Os Trovadores de Guará | Guará |
52 | Companhia de Reis Verde e Amarelo | Guará |
53 | Companhia de Reis Faixa Azul | Guará |
54 | Companhia de Reis Estrela de Ouro | Guaraci |
55 | Folia do Divino de Guararema | Guararema |
56 | Filhos do Divino | Guariba |
57 | Os Mensageiros dos Santos Reis | Guarulhos |
58 | Folia de Reis Estrela Guia | Guarulhos |
59 | Folia de Reis Estrela Dalva | Guarulhos |
60 | Folia de Reis Família de Jesus | Guarulhos |
61 | Companhia de Santos Reis Rosa dos Anjos | Hortôlandia |
62 | Companhia de Reis Arca da Aliança | Ibirá |
63 | Reiada da Vila Nova | Iguape |
64 | Reiada Sandália de Prata | Iguape |
65 | Grupo de Reiada do Bairro do Rocio | Iguape |
66 | Cia de Folia de Reis São Francisco de Assis | Indaiatuba |
67 | Companhia de Reis São Francisco de Assis de Indaiatuba | Indaiatuba |
68 | Companhia de Reis Santo Antônio | Indaiatuba |
69 | Companhia de Reis Os Adoradores de Jesus | Indiaporã |
70 | Companhia de Reis Cantinho do Céu de Ipiguá | Ipiguá |
71 | Companhia de Reis Arca de Noé | Irapuã |
72 | Grupo de Folia de Reis Os Filhos do Oriente | Jacareí |
73 | Folia de Reis Bandeira Branca A Caminho de Belém | Jacareí |
74 | Filhos de Belém | Jacareí |
75 | Companhia de Reis Popular | José Bonifácio |
76 | Filhos de Belém | Jundiaí |
77 | Companhia de Reis Trio Esperança | Juquitiba |
78 | Companhia de Reis Congada de Reis | Juquitiba |
79 | Folia de Reis Orgulho Caipira | Lagoinha |
80 | Companhia de Reis Estrela da Guia | Leme |
81 | Companhia de Reis São Lucas | Limeira |
82 | Companhia de Reis Estrela da Guia do Bairro Pereirão | Lourdes |
83 | Companhia de Reis Estrela do Oriente | Magda |
84 | Companhia de Reis da Água do Mosquito | Maracaí |
85 | Companhia de Reis Boas Novas | Mira Estrela |
86 | Companhia de Reis São Bom Jesus | Mira Estrela |
87 | Companhia de Reis Estrela do Oriente | Mirandópolis |
88 | Companhia de Reis Estrela Brilhante | Mirassol |
89 | Companhia de Reis Divina Luz | Mirassol |
90 | Companhia de Reis Carvalho | Mococa |
91 | Companhia de Reis do Ditão | Mococa |
92 | Companhia de Reis Os Devotos dos Três Reis | Mococa |
93 | Companhia de Reis Estrela Guia do Mineirinho | Mococa |
94 | Companhia de Reis Unidos da Primavera | Mococa |
95 | Companhia de Reis Estrela Dourada | Mococa |
96 | Companhia de Reis do Laurico | Mococa |
97 | Companhia de Reis Estrela da Guia | Mococa |
98 | Companhia de Reis Saudoso José Balbino | Mococa |
99 | Companhia de Reis Estrela Azul | Mococa |
100 | Companhia de Reis Os Dragões de Santos Reis | Mococa |
101 | Companhia de Reis Estrelinha de Monções | Monções |
102 | Companhia de Reis Jardim Santana | Monte Alto |
103 | Companhia de Reis Rosa Branca | Monte Alto |
104 | Companhia de Reis Pio XII de Monte Aprazível | Monte Alto |
105 | Cia os “Reis nos Acompanham” | Motuca |
106 | Companhia de Reis Três Reis do Oriente | Murutinga do Sul |
107 | Companhia de Reis Estrela da Guia de Nhandeara | Nhandeara |
108 | Companhia de Reis Estrela de Ouro | Nova Granada |
109 | Companhia de Reis Irmãos Moreno | Nova Granada |
110 | Companhia de Reis Caçula | Nova Luzitânia |
111 | Companhia de Reis Novo Horizonte | Novo Horizonte |
112 | Cia de Reis Flor de Laranjeira | Nuporanga |
113 | Cia de Reis Lapinha de Belém | Olímpia |
114 | Cia de Reis Os Visitantes de Belém | Olímpia |
115 | Folia de Reis Nova Orlândia | Orlândia |
116 | Folia de Santo Reis de Orlândia | Orlândia |
117 | Companhia de Reis da Família Cândido | Ouroeste |
118 | Companhia de Reis Voz de Ouro de Ouroeste | Ouroeste |
119 | Companhia de Reis Tradição Irmãos Rosa e Amigos | Palestina |
120 | Cia. de Santos Reis Águas das Anhumas | Palmital |
121 | Folia de Reis do Alferes Bento | Paraibuna |
122 | Companhia de Reis Os Mensageiros do Oriente | Parisi |
123 | Cia de Reis Sagrada Família | Paulo de Faria |
124 | Companhia de Reis Irmãos Rodrigues | Pedreira |
125 | Companhia de Reis Jerusalém | Pereira Barreto |
126 | Grupo Folclórico de Folia de Santos Reis “Estrela do Oriente” | Piquerobi |
127 | Companhia de Reis Estrela Guia | Pitangueiras |
128 | Companhia de Reis Viagem dos Reis Magos | Pitangueiras |
129 | Companhia de Reis Os Cariocas de Pitangueiras | Pitangueiras |
130 | Companhia de Reis Estrela Dalva | Pitangueiras |
131 | Companhia de Reis Estrela do Oriente de Poloni | Poloni |
132 | Companhia de Reis São Lourenço | Pontal |
133 | Companhia de Reis Os Caçulas de Pontalinda | Pontalinda |
134 | Companhia de Reis Os Caçulinhas de Pontalinda | Pontalinda |
135 | Companhia de Reis Os Pioneiros de Pontalinda | Pontalinda |
136 | Companhia de Reis Os Canarinhos de Pontes Gestal | Pontes Gestal |
137 | Companhia de Reis da Guajuvira | Potirendaba |
138 | Companhia de Reis Centenária de Potirendaba | Potirendaba |
139 | Companhia Estrela dos Reis | Pradópolis |
140 | Companhia de Reis Magos do Oriente | Pradópolis |
141 | Folia de Reis Fazenda Restauração | Queluz |
142 | Folia de Reis Paulista | Redenção da Serra |
143 | Companhia de Reis Romaria de Ribeirão do Sul | Ribeirão do Sul |
144 | Cia de Reis Estrela de Belém | Santa Bábara D’Oste |
145 | Companhia de Reis Estrela do Oriente | Santa Branca |
146 | Companhia de Santos Reis Nascimento de Jesus | Santa Cruz das Palmeiras |
147 | Companhia de Santos Reis Irmãos Felício | Santa Cruz das Palmeiras |
148 | Associação dos Reis Magos do Oriente | Santa Rosa de Viterbo |
149 | Companhia de Reis Estrela da Guia | Santa Rosa de Viterbo |
150 | Companhia de Reis Os Mensageiros do Oriente | Santa Rosa de Viterbo |
151 | Companhia de Reis da Comunidade do Pinheiros | Santo Antônio da Alegria |
152 | Companhia de Reis Estrela do Divino Espírito Santo | Santo Antônio do Aracanguá |
153 | Folia de Reis do Baeta Neves | São Bernardo do Campo |
154 | Companhia de Santos Reis Estrela Guia | São Carlos |
155 | Cia de Santos Reis Santa Cruz de São João das Duas Pontes | São João das Duas Pontes |
156 | Companhia de Reis Renascer | São João de Iracema |
157 | Companhia de Reis Estrela Dalva | São Joaquim da Barra |
158 | Companhia de Reis União dos Amigos | São Joaquim da Barra |
159 | Folia de Reis de São José do Barreiro | São José do Barreiro |
160 | Companhia de Reis Doutrina Divina | São José do Rio Pardo |
161 | Companhia de Reis Estrela de Jacó | São José do Rio Pardo |
162 | Companhia de Reis Estrela da Guia | São José do Rio Pardo |
163 | Companhia de Reis Estrela de Ouro | São José do Rio Pardo |
164 | Companhia de Reis Sagrada Companhia do Oriente | São José do Rio Pardo |
165 | Companhia de Reis Estrela Divina | São José do Rio Preto |
166 | Companhia de Reis Estrela Guia | São José do Rio Preto |
167 | Folia Três Reis do Oriente | São José dos Campos |
168 | Irmandade de Santos Reis | São José dos Campos |
169 | Cia de Reis Esplendor do Oriente | São José dos Campos |
170 | Folia de Reis Zé Mira | São José dos Campos |
171 | Cia. dos 3 Reis Estrela do Oriente | São José dos Campos |
172 | Estrela de Belém | São José dos Campos |
173 | Cia de Santos Reis Estrela do Oriente | São Paulo |
174 | Divino Total | São Sebastião |
175 | Folia de Reis do Morro do Abrigo | São Sebastião |
176 | Folia de Reis do Pontal da Cruz | São Sebastião |
177 | Folia de Reis Mirim do Litoral | São Sebastião |
178 | Folia de Reis da Família Furtado | São Sebastião |
179 | Folia de Reis Estrela do Mar | São Simão |
180 | Companhia de Reis Estrela Azul | Sebastianópolis do Sul |
181 | Companhia de Reis Sabiás de Serrana | Serrana |
182 | Companhia de Reis Cristo-Rei de Serrana | Serrana |
183 | Companhia de Reis Unidos de Serrana | Serrana |
184 | Folia de Reis Unidos de Sertãozinho | Sertãozinho |
185 | Companhia de Reis Magos do Oriente | Severínia |
186 | Companhia de Reis Estrela da Guia | Severínia |
187 | Companhia de Santos Reis de Vila Formosa | Sorocaba |
188 | Folia de Reis da Vila Formosa | Sorocaba |
189 | Companhia de Reis Unidos de Belém | Sud Mennucci |
190 | Companhia de Reis Estrela do Oriente | Suzanápolis |
191 | Companhia de Reis Estrela da Guia | Tambaú |
192 | Companhia de Reis Estrela do Oriente | Tambaú |
193 | Companhia de Reis Santa Clara | Tambaú |
194 | Companhia de Reis Estrela Dalva | Tambaú |
195 | Companhia de Reis Fundação Padre Donizetti | Tambaú |
196 | Companhia de Reis Filhos de Nazaré | Tambaú |
197 | Companhia de Reis A Caminho de Belém | Tambaú |
198 | Companhia de Reis Estrela do Oriente | Tanabi |
199 | Companhia de Reis Estrela Celeste | Tanabi |
200 | Companhia de Reis Estrela do Oriente | Tapiratiba |
201 | Companhia de Reis Estrela Guia | Tarumã |
202 | Folia de Reis de Tarumã | Tarumã |
203 | Santos Reis de Tarumã | Tarumã |
204 | Folia de Reis Estrela da Mantiqueira | Taubaté |
205 | Folia de Reis Paulista do Bairro Independência | Taubaté |
206 | Folia de Reis Mineira do Bairro Água Quente | Taubaté |
207 | Grupo Folia de Reis de Torrinha | Torrinha |
208 | Companhia Três Reis do Oriente de Três Fronteiras | Três Fronteiras |
209 | Folia de Reis Vinda do Divino Espírito Santo | Tupã |
210 | Companhia de Reis Caminho de Belém | Ubarana |
211 | Caiçara | Ubatuba |
212 | Folia de Santo Reis São Geraldo – Itaguá | Ubatuba |
213 | Companhia de Reis de Uchoa | Uchoa |
214 | Companhia de Reis Santa Isabel de Uchoa e Tabapuã | Uchoa/Tabapuã |
215 | Companhia de Reis São Lourenço de Urupês | Urupês |
216 | Companhia de Reis Milagre das Rosas | Vargem Grande do Sul |
217 | Companhia de Folias de Reis Luz Divina | Várzea Paulista |
218 | Companhia de Reis Baiana Viagem para Belém | Votuporanga |
219 | Companhia de Reis Garça Branca | Votuporanga |
220 | Terno de Reis Baiana de Votuporanga | Votuporanga |
221 | Companhia de Reis Estrela de Natal | Votuporanga |
222 | Companhia de Reis José Vítor | Zacarias |
Copyright Toninho Macedo. Todos direitos reservados.