Artesanado de Palha de milho, da cidade de Redenção da Serra. Artesã Giselda. Fotografia de Reinaldo Meneguim

Festa do Divino

ic_divinoA devoção ao Divino Espírito Santo constitui-se em um dos fortes núcleos das devoções populares em São Paulo. Herança do colonizador português se exterioriza de diversas formas, resultando sempre em grandes festas, sendo estas das mais cheias de pompa e espetacularidade desde os tempos do Brasil Colônia. Da celebração festiva já faziam parte os imperadores, mordomos, bandeireiros, império e levantamento do Mastro do Divino.

Acreditamos, que as Festas do Divino sejam das mais difusas por todo o Estado, concentradas no tempo Pentecostal prescrito pela Igreja e fora dele, quase sempre cheias de pompa e espetacularidade. São muitos os municípios que as realizam com imponência e fartura de comezainas. Assumem peculiaridades regionais, ressaltando-se das que são organizadas no Médio Tietê os famosos encontros fluviais das Irmandades do Divino em grandes batelões. Nas do Litoral e Vale do Paraíba multiplicam-se os cortejos de muitos devotos, cada qual com sua bandeira votiva. Ainda nesta região são comuns os cortejos a cavalo (as famosas cavalarias), e a farra do João Paulino e a Maria Angu (bonecos gigantes). Nelas não podem faltar o levantamento do Mastro Votivo, o Império do Divino ricamente ornamentado, e as comidas, símbolo da maior graça do Divino – a fartura.

O Divino nas águas

Imagem relacionada

“Esta pombinha real
É uma pombinha de valor
Sentadinha no altar
No meio de um sol de flor.”
Folia do Divino – Anhembi

Festa do Divino em Piracicaba – Encontro dos batelões, no Rio Piracicaba
Foto: Gentileza da Sec. de Cultura de Piracicaba

A Festa do Divino foi estabelecida em Portugal nas primeiras décadas do século XIV pela Rainha D. Izabel. No Brasil é, provavelmente, a festa mais difusa, ocorrendo de Norte a Sul, conservando, afora as peculiaridades regionais, os mesmos traços: a presença do Império do Divino (seu imperador e seu séquito), as folias, os cortejos de devotos com bandeiras (a pé ou a cavalo), o levantamento dos mastros votivos e o tremular vermelho, branco e dourado das bandeiras. É sempre festa de congraçamento e solidariedade expressas na comensalidade.

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No dia da descida das canoas (início da visitação às famílias ou comunidades do rio abaixo e rio acima), os Irmãos do Divino, em seu traje característico, munidos de remo, dirigem-se ao portinho, nas margens do rio Tietê, para o embarque.

Foto – TM, 1987

A devoção ao Divino Espírito Santo, um dos fortes núcleos das devoções populares enseja em São Paulo, acreditamos, as festas mais difusas por todo o estado: são muitos os municípios que as realizam, em todas as regiões, com imponência e fartura de comezainas.

Concentradas no tempo Pentecostal prescrito pela Igreja ou fora dele, sempre cheias de pompa e espetacularidade, assumem peculiaridades regionais, ressaltando-se das que são organizadas no Médio Tietê (Anhembi, Piracicaba, Tietê, Porto Feliz, Laranjal e Conchas) os encontros fluviais das Irmandades do Divino em grandes batelões- os famosos Encontros de Batelões ou Encontros dos Irmãos do Divino.

Os batelões são grandes barcos capazes de transportar, em alguns casos, até 40 pessoas. Impulsionados por varejões ou por remos, levam os Irmãos do Divino de pouso em pouso.

Festa do Divino em Tietê

Acontece entre o Natal e o ano novo. Este é o final da festa quando acontece o encontro dos batelões, período das chuvas. A esta altura de seu curso o Tietê começa a retornar à vida, o que possibilita a continuidade de um fato cultural mais que secular.

Fotos – TM, 1987

Tietê - Festa do Divino0002

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Tietê - Festa do Divino0001

Os pousos são sítios na zona rural que acolhem a bandeira/ folia/ irmandade, dando-lhes pernoite. O dono da casa recebe os amigos e devotos do Divino (da região), sempre com mesas fartas. As noites se animam e se encurtam com a destreza dos cururueiros (os trovadores, repentistas da região) que se revezam em suas porfias até o romper do dia. No grande dia da festa, os barcos do rio abaixo se encontram com os do rio acima, em meio a revoadas de pombos e tiroteios preparados pelos fogueteiros artesanais.

Nelas não podem faltar o levantamento do Mastro Votivo, o Império do Divino ricamente ornamentado, e as comidas, símbolo da maior graça do Divino – a fartura.

Cornélio Pires, atento a coisas de sua terra, assim se refere à tradicional festa em sua cidade:

“Festa do Divino – a festa em honra do Espirito Santo, que se reveste de grande brilho, na cidade de Tietê. Os caboclos têm como obrigação cumprir a promessa de seus antepassados, que desciam em número de sessenta ou mais, nos grandes batelões, pelo rio Tietê, e subiam esmolando entre o povo ribeirinho, durante vinte e mais dias. As casas, na passagem das canôas, são enfeitadas com palmas e arbustos, sendo offerecidas lautas mesas aos canoeiros e ao povo do bairro, que afflue nessas occasiões. Onde pousa o Divino e toda a comitiva, organizam-se interessantíssimas diversões, reunindo-se no sitio mais de mil pessôas.”
In Musa caipira

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A devoção ao Divino Espírito Santo é provavelmente o núcleo festivo mais difuso por todo o estado, com festas concentradas no tempo Pentecostal, prescrito pela Igreja e fora dele, sempre cheias de pompa e espetacularidade.

Festa do Divino em São Luís do Paraitinga – A procissão com o Divino

Foto: César Diniz

Com realizações que implicam, não raro, meses e meses de preparação, apresentam peculiaridades regionais através das jornadas das folias do Divino que percorrem as comunidades de canto a canto, anunciando a festa, recolhendo os donativos para a celebração da mesma e avivando a fé no Divino. Não faltam o levantamento de mastros votivos, os Impérios do Divino, ricamente ornamentados, e as comezainas, símbolo de sua maior graça – a fartura.

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São afamadas as festas do Divino em São Luís do Paraitinga onde os festeiros oferecem à comunidade e visitantes o tradicional afogado, para cujo preparo são abatidas várias cabeças de gado doados por devotos e simpatizantes.

No café, a deliciosa paçoca de carne. Nas ruas o jeito alegre e acolhedor dos luisenses e a farra do João Paulino e a Maria Angu (bonecos gigantes).

Foto: César Diniz…

Mogi das Cruzes, cidade de mais de 250.000 habitantes, orgulha-se de conservar, com os mesmos traços, uma das festas mais antigas do Estado: a entrada dos palmitos, grande cortejo de carros de bois, cavaleiros e devotos que lembram a farta distribuição de palmitos quando o mesmo abundava na região; o seu rico império, hoje se ramifica em mais de 30 sub-impérios montados nas escolas.

Nas festas do Litoral e Vale do Paraíba multiplicam-se os cortejos de muitos devotos, cada qual com sua bandeira votiva numa profusão de flâmulas ao vento. Em Mogi das Cruzes, em que se cultiva a tradição de os festeiros encomendarem bandeiras ricamente bordadas a mão, chegam a se congregar mais de 100 estandartes durante estes cortejos.

Foto – R. Meneghin

Comunidade divineira de Mogi das Cruzes- PAB- 1998

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Um dos traços interessantes, e impar da festa: ao final do levantamento do Mastro do Divino à frente da Catedral, serve-se rosasol (licor de especiarias) a toda a população afluente que não deixa de fazer seus pedidos ao sorver o primeiro gole. Perto de 5 toneladas de doces feitos por voluntários foram sorvidos na festa deste ano. Para manter tudo isto, a comunidade deu um exemplo: criou a Associação Pró-Festa do Divino.

Em todo o Litoral, de forma especial na banda do sul, ao lado dos traços observados no Vale do Paraíba, é de se destacar a trabalhosa feitura do cuscuz de arroz, sempre com cantorias durante a pilagem do arroz para o preparo.

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Esta foto é de 1950, realizada em Itapetininga, terra do Prof. Rossini Tavares de Lima, publicada em seu ABC do Folclore. Não temos notícia da continuidade das peregrinações com a Bandeira do Divino naquela região. Entretanto o documento pode ser considerado atual quando focalizamos a região do Médio Tietê.

A realização destas festas implica, não raro, meses e meses de preparação através das jornadas das Folias do Divino. São pequenos grupos de até 5 pessoas, os Foliões do Divino, que visitam as casas das zonas rural e urbana, cantando os feitos e os poderes do Divino Espírito Santo, recolhendo donativos, sempre abundantes. Percorrendo assim as comunidades de canto a canto e anunciando a festa, avivam a fé no Divino.

Destaque-se ainda no estado a existência de duas catedrais dedicadas ao Divino Espírito Santo: Barretos e Caraguatatuba. Nesta, Pe. alessandro, o pároco e a comunidade estão empenhados em recuperar os traços que caracterizam o ideário do Divino, tradicionalmente base dos festejos do mesmo, contando para tanto com a colaboração das comunidades do serracima.

Na sequência, aspectos da Cavalgada do Divino realizada durante o II Encontro do Divino (abril de 2012), em Caraguatatuba, clicadas por Diego Dionísio.

http://mail.uol.com.br/attachment?msg_id=NjE4Mzk&ctype=Divino+Caragua+-+2012+503.JPG&disposition=inline&folder=INBOX&attsize=2134330

http://mail.uol.com.br/attachment?msg_id=NjE4Mzk&ctype=Divino+Caragua+-+2012+384.JPG&disposition=inline&folder=INBOX&attsize=1918328

Concentração dos cavaleiros na praia. Na charrete, com capa de asperges e chapéu, Pe. Alessandro, Vigário da Catedral. Na sequência, o início da cavalgada em direção à Catedral.

http://mail.uol.com.br/attachment?msg_id=NjE4Mzk&ctype=Divino+Caragua+-+2012+533.JPG&disposition=inline&folder=INBOX&attsize=2334291

http://mail.uol.com.br/attachment?msg_id=NjE4Mzk&ctype=Divino+Caragua+-+2012+537.JPG&disposition=inline&folder=INBOX&attsize=2513986

http://mail.uol.com.br/attachment?msg_id=NjE4Mzk&ctype=Divino+Caragua+-+2012+637.JPG&disposition=inline&folder=INBOX&attsize=2236166

Fotos: Diego Dionísio- 2001

Festas do Divino

Banner Revelandos - 1999

Império do Divino

Festa do Divino em Mogi das Cruzes

É o momento em que, depois das caminhadas dos devotos com suas bandeiras (em geral acima de 100) depositam-nas por um período no espaço ritual, especialmente preparado para a festa, o Império do Divino.

A Festa do Divino, em Mogi das Cruzes, é hoje, uma das maiores em São Paulo. Afora o Império Principal, montado com toda pompa na Praça Central, conta com quase meia centena de Sub- Impérios montados em escolas e outros espaços no município. Durante a novena que antecede a festa, são realizadas as vigílias e alvoradas devocionais, sempre com participação de centenas de devotos com suas bandeiras.

Destaque-se, ainda, a entrada dos Palmitos, grande cortejo festivo com carros de bois e desfile montado, a abertura da festa.

Foto – T. Macedo- Criação: Vicente Gil

Banner Revelandos - Paraíba 2003

Iconografia do Divino Espírito Santo

As representações do Divino, seja em entalhes, como a da foto, modelagem em argila ou em pinturas sobre tecido (bandeiras ou estandartes), são profusas em todo o estado, com maior concentração no litoral, no Vale do Paraíba e no Médio Tietê.

Reflexo da grande devoção ao Paráclito, e sustentáculo de uma grande quantidade de festas que, como não podeia ser diferente, apresentam sempre suas peculiaridades regionais: as folias, comezainhas compartilhadas, corridas de cavalhadas, entradas (cortejos festivos) com desfiles de animais e profusões de bandeiras, os Impérios (espaços rituais e simbólicos, de grande simplicidade ou ricamente ornamentados),…

Foto – Reinaldo Meneguin
Criação: FCCR / T. Macedo

Divino

a) Festas do Divino

– Vale do Paraíba/ litoral Norte

– Médio Tietê

– Outras

b) Folias do Divino

c) Encontros de Batelões

Irmandades do Divino

“ Esta pombinha real

É uma pombinha de valor

Sentadinha no altar

No meio de um sol de flor.”

( Folia do Divino – Anhembi )

A Festa do Divino foi estabelecida em Portugal nas primeiras décadas do século XIV pela Rainha D. Izabel. No Brasil é, provavelmente, a festa mais difusa, ocorrendo de Norte a Sul, conservando, afora as peculiaridades regionais, os mesmos traços:- a presença do Império do Divino ( seu imperador e seu séquito), as folias, os cortejos de devotos com bandeiras (a pé ou a cavalo), o levantamento dos mastros votivos e o tremular vermelho, branco e dourado das bandeiras. É sempre festa de congraçamento e solidariedade expressas na comensalidade.

A devoção ao Divino Espírito Santo, um dos fortes núcleos das devoções populares enseja em São Paulo, acreditamos, as festas mais difusas por todo o Estado. São muitos os municípios que realizam festas em todas as regiões do estado com imponência e fartura de comezainas.

Concentradas no tempo Pentecostal prescrito pela Igreja e fora dele, sempre cheias de pompa e espetacularidade, assumem peculiaridades regionais, ressaltando-se das que são organizadas no Médio Tietê ( Anhembi, Piracicaba, Tietê, Porto Feliz, Laranjal e Conchas) os encontros fluviais das Irmandades do Divino em grandes batelões – os famosos Encontros de Batelões ou Encontros dos Irmãos do Divino. Os batelões são grandes barcos capazes de transportar, em alguns casos, até 40 pessoas. Impulsionados por varejões ou por remos, levam os Irmãos do Divino de pouso em pouso. Os pousos são sítios na zona rural que acolhem a bandeira/ folia, dando-lhes pernoite. O dono da casa recebe os amigos e devotos do Divino ( da região), sempre com mesas fartas. As noites se animam e se encurtam com a destreza dos cururueiros (os repentistas da região) que se revezam em suas porfias até o romper do dia.

No grande dia da festa, os barcos do rio abaixo se encontram com os do rio acima, em meio a revoadas de pombos e tiroteios preparados pelos fogueteiros artesanais.

Nas festas do Litoral e Vale do Paraíba multiplicam-se os cortejos de muitos devotos, cada qual com sua bandeira votiva numa profusão de flâmulas ao vento. Em Mogi das Cruzes, em que se cultiva a tradição de os festeiros encomendarem bandeiras ricamente bordadas a mão, chegam a se congregar mais de 100 estandartes durante estes cortejos.

Nelas não podem faltar o levantamento do Mastro Votivo, o Império do Divino ricamente ornamentado, e as comidas, símbolo da maior graça do Divino – a fartura.

São afamadas as festas do Divino em São Luís do Paraitinga onde os festeiros oferecem à comunidade e visitantes o tradicional afogado, para cujo preparo são abatidas várias cabeças de gado doados por devotos e simpatizantes. No café, a deliciosa paçoca de carne. Nas ruas o jeito alegre e acolhedor dos luisenses e a farra do João Paulino e a Maria Angu (bonecos gigantes).

Mogi das Cruzes, cidade de mais de 250.000 habitantes, orgulha-se de conservar, com os mesmos traços , uma das festas mais antigas do Estado: – a entrada dos palmitos, grande cortejo de carros de bois, cavaleiros e devotos que lembram a farta distribuição de palmitos quando o mesmo abundava na região; o seu rico império, hoje se ramifica em mais de 30 sub-impérios montados nas escolas; ao final do levantamento do Mastro do Divino à frente da Catedral, serve-se rosa-sol (licor de especiarias) a toda a população afluente que não deixa de fazer seus pedidos ao sorver o primeiro gole. Perto de 5 toneladas de doces feitos por voluntários foram sorvidos na festa deste ano. Para manter tudo isto, a comunidade deu um exemplo: – criou a Associação Pró-Festa do Divino.

Em todo o Litoral, ao lado dos traços observados no Vale do Paraíba, é de se destacar a trabalhosa feitura do cuscuz de arroz, sempre com cantorias durante a pilagem do arroz para o preparo.

A realização destas festas implica, não raro, meses e meses de preparação através das jornadas das Folias do Divino. São pequenos grupos de até 5 pessoas, os Foliões do Divino, que visitam as casas das zonas rural e urbana, cantando os feitos e os poderes do Divino Espírito Santo, recolhendo donativos, sempre abundantes. Percorrendo assim as comunidades de canto a canto e anunciando a festa, avivam a fé no Divino.

Divino

A devoção ao Divino Espírito Santo constitui-se em um dos fortes núcleos das devoções populares em São Paulo. Herança do colonizador português se exterioriza de diversas formas, resultando sempre em grandes festas, sendo estas das mais cheias de pompa e espetacularidade desde os tempos do Brasil Colônia. Da celebração festiva já faziam parte os imperadores, mordomos, bandeireiros, império e levantamento do Mastro do Divino.

Ocorrência: Cândido Mota, Palmital (Festa e Folia).

b) Festas do Divino

– Vale do Paraíba/ litoral Norte

– Médio Tietê

– Outras

Acreditamos, que as Festas do Divino sejam das mais difusas por todo o Estado, concentradas no tempo Pentecostal prescrito pela Igreja e fora dele, quase sempre cheias de pompa e espetacularidade. São muitos os municípios que as realizam com imponência e fartura de comezainas. Assumem peculiaridades regionais, ressaltando-se das que são organizadas no Médio Tietê os famosos encontros fluviais das Irmandades do Divino em grandes batelões. Nas do Litoral e Vale do Paraíba multiplicam-se os cortejos de muitos devotos, cada qual com sua bandeira votiva. Ainda nesta região são comuns os cortejos a cavalo (as famosas cavalarias), e a farra do João Paulino e a Maria Angu (bonecos gigantes). Nelas não podem faltar o levantamento do Mastro Votivo, o Império do Divino ricamente ornamentado, e as comidas, símbolo da maior graça do Divino – a fartura.

Ocorrência: Angatuba, Anhembi, Araçoiaba da Serra, Arandu, Balbinos, Barra Bonita, Biritiba-Mirim, Boracéia, Buri, Caconde, Cajati, Cananéia, Capão Bonito, Caraguatatuba, Cássia dos Coqueiros, Cerquilho, Conchas, Cotia, Cunha, Descalvado, Divinolândia, Eldorado, Franco da Rocha (nos Valos), Guararema, Iguape, Iporanga, Itabirá, Itanhaém, Itapeva, Itatiba, Itu, Jacupiranga, Jardinópolis, Juquitiba-Mirim, Laranjal Paulista, Lagoinha, Maracaí, Mogi das Cruzes, Nazaré Paulista, Nuporanga, Palmital, Paraibuna, Pereiras, Piedade, Piracaia, Piracicaba, Porongaba, Porto Feliz, Lagoinha, Santa Branca, Salesópolis, Santo Antônio do Jardins (2), São Luís do Paraitinga, São Pedro, Silveiras, Sorocaba, Suzano, Tietê, Ubatuba, Ubirajara, Votorantim, Pederneiras.

b) Folias do Divino

São pequenos grupos de até 5 pessoas, os Foliões do Divino, que, com suas jornadas, meses participam da preparação das Festas do Divino, visitando as casas das zonas rural e urbana, cantando os feitos e os poderes do Divino Espírito Santo, recolhendo donativos, sempre abundantes, para sua celebração. Percorrendo assim as comunidades de canto a canto e anunciando a festa, avivam a fé no Divino.

Ocorrência: Anhembi, Assis, Caconde, Cajati, Cananéia, Cássia dos Coqueiros, Cunha, Iguape, Itanhaém, Itu, Itapeva, Lagoinha, Laranjal Paulista, Mogi das Cruses, Natividade da Serra, Palmital, Paraibuna, Piracicaba, Redenção da Serra, Salesópolis, São José do Rio Pardo, São Luís do Paraitinga, Santo Antônio do Jardins (2), São José dos Campos, Tietê, Ubatuba, Vargem Grande do Sul, Votorantim.

c) Encontros de Batelões

No Médio Tietê, no principal dia da Festa do Divino, acontecem os encontros fluviais das Irmandades do Divino em grandes batelões – os famosos Encontros de Batelões. Os batelões são grandes barcos capazes de transportar, em alguns casos, até 40 pessoas, impulsionados por varejões ou por remos. Até pouco tempo levam os Irmãos do Divino neles seguiam de pouso em pouso (os sítios na zona rural que acolhem a bandeira/ folia, dando-lhes pernoite). Hoje ainda são muitos os pousos (os donos das casas recebendo os amigos e devotos do Divino sempre com mesas fartas), mas os acessos, nem sempre, são feitos por barcos. No grande dia da festa, os barcos do rio abaixo se encontram com os do rio acima, em meio a revoadas de pombos e tiroteios preparados pelos fogueteiros artesanais.

Ocorrência: Anhembi, Laranjal Paulista,Piracicaba, Porto Feliz, Tietê.

Os Festejos do Divino são, provavelmente, os mais difusos em todo o Brasil ocorrendo de Norte a Sul, conservando traços comuns ao lado das peculiaridades regionais. Dentre os traços pertinentes destacam-se os Impérios do Divino (com seu imperador e seu séquito), os Cortejos de devotos com bandeiras (a pé ou a cavalo) com seu tremular vermelho, dourado e branco, o levantamento dos mastros votivos, e as comezainas, símbolo da maior graça do Divino – a fartura.

A realização destas festas implica, não raro, meses e meses de preparação através das jornadas das Folias do Divino, pequenos grupos de até 5 pessoas, os Foliões do Divino, que visitam as casas das zonas rural e urbana, cantando os feitos e os poderes do Divino Espírito Santo, recolhendo donativos, sempre abundantes. Percorrendo assim as comunidades de canto a canto e anunciando a festa, avivam a fé no Divino.

Foi estabelecida em Portugal nas primeiras décadas do século XIV pela Rainha D. Izabel. É sempre festa de congraçamento e solidariedade expressas nas comezainas e na comensalidade. Sempre cheias de pompa e espetacularidade. Assumem peculiaridades regionais,

O dono da casa recebe os amigos e devotos do Divino (da região), sempre com mesas fartas. Os festeiros oferecem à comunidade e visitantes para cujo preparo são abatidas várias cabeças de gado doados por devotos e simpatizantes.

Irmandades do Divino

São verdadeiras confrarias, que no Médio Tietê (Tietê, Capela, Anhembi), se encarregam da organização das Festas do Divino. Relembram, anualmente, com seus batelões e seus remos, o tempo em que o rio era a principal via de comunicação da região. Com seus encontros de canoas, dão vida ao rio contribuindo para o avivamento da religiosidade/cultura popular neste trecho do Tietê. A irmandade do Divino de Tietê possui em torno de trezentos associados.

Divino da Bandeja

Depoimento do Carlinhos Capitão do Moçambique de Eugênio de Melo

O Divino da Bandeija continua saindo. “ O Divino da bandeija é o Divino de Coroa, sai na novena, sai na procissão de encerramento.” Mas nos tempos que antecedem a festa é trazido para visitar os condomínios e prédios da cidade. É o giro na vertical. São várias coroas. Várias bandejas. ”Trazem as bandejas, as coroas prá cidade prá visitá os prédios, os condomínios. E as pessoas fazem doações. São várias bandejas”. A receptividade é muito grande. As contribuições são generosas. Carlinhos relatou que este ano (95) em uma casa, uma família a bandeija recebeu R$ 500,00.

O que é arrecadado é entregue ao festivo para as providências da festa. Dentro dos condomínios, dos prédios, os próprios moradores se encarregam de organizar a circulação do Divino e de fazer as arrecadações. Os rituais e as formas são individualizados. Cada um procede a seu modo.

Muitas das vezes os encarregados das bandeijas vêm trazê-las na cidade de ônibus, as mesmas no colo. Todos recebem bem. Um bandeija, a coroa do Divino e a pombinha.

– Porque as pessoas tem devoção do Divino?

Porque o Divino Espírito Santo é a nossa fortaleza! Ele é o dono da alegria, o dono da tristeza, o dono da riqueza e da pobreza… Ele é tudo em nossa vida. Nós sem ele não somos nada. É a nossa luz.

As pessoas fazem pedido ao Divino, para terem fartura, saúde, paz, harmonia… Pra terem tudo.

Quando as pessoas recebem as bandeiras em suas casas, percorrem com ela os vários cômodos, a casa toda, põem-na em cima da cama para dar harmonia ao casal, ao lar, saúde; sobre a mesa para garantia do pão, da fartura.

As pessoas se persignam. Há famílias que pedem para abrigar a bandeira por um dia. E acolhem-na.

A folia sai no domingo. Se estão longe da cidade, na última casa em que cantam, é lá que fica a bandeira ( caso têm que voltar ainda para dar continuidade ao giro no bairro).

Na folia do Divino todos estão de branco e vermelho ( calça, camisa, casquete)

– Instrumentos: – sanfona, violino, pandeiro, caixa, “chocoalho” e cavaquinho.

– Para chegarem aos bairros contam com o apoio de condução da PM. (kombi) e de algum amigo ou devoto. “Conforme o lugar que a gente vai fazê visita no domingo, a condução leva a gente até a primeira casa”. Caminhão ou kombi.

Por vezes as pessoas pedem proteção especial para a criação; para o criame como dizem.

Levam a bandeira ao curral, ao galinheiro, ao chiqueiro – onde há criação – “Pra pidi prá criação; é a benção da criação” Pode ir só a bandeira, ou então com a folia e cantoria.

– Tem alguma cantoria prá benção da criação?

A cantoria a gente faz na hora.

Se há alguma pessoa doente na casa…

– Tem a cantoria da doença.

– O que é que se pode falar na cantoria do enfermo?

– Olhe, no momento assim, eu vô sê sincero prá você : – é difícil, porque é coisa iluminado na hora. É coisa que a gente não está pensando e sai.

Se você perguntá depois de 10’ o que foi que eu falei, não sei mais. É um dom, né!

– Se há algum falecido da família, da casa, tem também cantoria pro morto?

Tem também, e as pessoas pedem muito isto.

Na bandeira costuma colocar, como ex-votos ( cumprimentos de promessas) retratos, fitas, dinheiro (amarrado às fitas), mechas de cabelo, pedaços de vestes das pessoas. Colocam de tudo. No final tiram. A cada 3 anos, o Carlinhos tira tudo. O que for de tecido, fotos, cabelo, continua na bandeira – Os pedidos manuscritos são retirados, fechados, colocados em uma vasilha em que são cremados. “queimo tudo prá não jogar fora. Porque o Espírito Santo, Ele é Pai, Ele é fogo, Ele é vento, Ele é fumaça. Então aquilo ali ( os pedidos) desaparecem no ar. Ninguém põe a mão ( fica sabendo dos conteúdos). Não se pode jogar fora.”

Nas visitas, costuma haver acompanhamento de devotos, de pessoas que gostam. “Caminham com a gente o dia todo”.

Caminham aos domingos, de Setembro a Maio das 6 às 22 horas sem parar.

– E os foliões ganham alguma coisa prá fazer isto?

Ganham!… A benção de Deus!

– E ficam felizes?

Felizes! Satisfeitíssimos!!!

Ocorrência: Angatuba, Anhembi, Araçoiaba da Serra, Arandu, Biritiba-Mirim, Buri, Cananeia, Capão Bonito, Caraguatatuba, Conchas, Cotia, Cunha, Divinolândia, Iguape, Iporanga, Itabirá, Itanhaém, Itapeva, Itatiba, Itu, Jacupiranga, Laranjal Paulista, Lagoinha, Mogi das Cruzes, Nazaré Paulista, Nuporanga, Paraibuna, Pereiras, Piedade, Piracaia, Piracicaba, Porongaba, Porto Feliz, Lagoinha, Santa Branca, Salesópolis, São Luis do Paraitinga, Silveiras, Suzano, Tiete, Ubatuba, Ubirajara.

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