Artesanado de Palha de milho, da cidade de Redenção da Serra. Artesã Giselda. Fotografia de Reinaldo Meneguim

Fandango de Chilenas

ic_fandangochiFandango, no Interior e Litoral Sul e Norte, continua a designar os bailes de sítio, as folganças com que se animam ocasiões especiais (casamentos e aniversários) uma verdadeira “suíte” de danças em que os sapateados e  palmeados se alternam com os valsados ou bailados e os enfiadinhos (por registrarem figurados grupais, bem como danças de sapateado forte (fandango de tamancos e fandango de chilenas). Basta começar um arrodeado com seus rufados (sapateios) e palmeados que não faltam dançadores na roda. Fandangueiros ou folgadores, como dizem.

Fandango (SP) – neste Estado há duas modalidades de Fandango: o do interior e o do litoral. O primeiro revela influências do tropeiro paulista. Dançam somente homens, em número par. Vestem-se com roupas comuns, chapéus, lenço ao pescoço, botas com chilenas de duas rosetas, sem os dentes. Estas chilenas, batidas no chão, funcionam como instrumento de percussão no acompanhamento das “marcas”, como Quebra-chifre. Pega na bota, Vira Corpo, Pula sela, Mandadinho, dentre outras. A música é a moda de viola comum. O palmeado e o castanholar de dedos estão presentes no início e entre as “marcas”. O Fandango do litoral compreende uma série de danças de pares mistos, tais como: Dão-dão, Dão-dãozinho, Graciana, Tiraninha, Rica senhora, Pica-pau, Morro-seco, Chimarrita, Querumana, Enfiado, Manjericão, etc. Cada “marca” apresenta coreografia própria, assim como são também particulares a linha melódica e o texto poético.

Fandango, no Interior Sul e Litoral Sul, continua a designar o baile, a folgança com que se animam ocasiões especiais (casamentos e aniversários), bem como danças de sapateado forte: o fandango de tamancos e o fandango de tropeiros ou de chilenas. Este dançado com botas de meio cano em que se prende um certo tipo de espora com várias rosetas.

Fandango de chilenas ou de tropeiros – Dançado com botas de meio cano, as botas dos tropeiros paulistas quais são atadas as chilenas, espécie de grandes esporas com várias rosetas que tinem durante o sapateado e o entrechoque de botas. O acompanhamento é feito com violas. De resto valem as informações referentes ao fandango de tamancos.

Em muitos lugares do Litoral Sul eram comuns, e ainda o são, os bailes de reis ou aqueles que encerravam os mutirões. Deviam sempre ser iniciados pelo São Gonçalo, um bailado gracioso diante de uma imagem do santo, ou de um vaso com flores a representá-lo.
Foto: Reinaldo Meneguin

Os pares, de mãos dadas, executavam um ir e vir diante do altar, com vênias diante dos símbolos, com duração aproximada de 10 minutos. Tinha sempre a função de agradecer ao santo pelo fato de ter atendido ao pedido de bom tempo durante o mutirão ou pela jornada da Reiada.

A moda seguinte era costumeiramente um manjericão, que é, no dizer da região, um varsado (valsado), ou seja, uma dança de par enlaçado, movimentando-se livremente no salão. No caso a estrutura da música, leve e graciosa, lembra o vira português. A dança lembra uma valsa de movimentos largos, ligeiros e graciosos.

Daí para a frente os violeiros e demais instrumentistas se revezam, incluindo-se outros que não pertençam à tripulação. Há cantadores/violeiros que comparecem para cantar e tocar. E as modas desfiadas, nunca repetidas, são sempre as modas de sítio.

As mais usuais, são chamarrita, dandão e balanço. Todas dançadas, os pares enlaçados, no chamado lixapé (arrastadinho, arrasta-pé).

Outrora, cada moda tinha sua coreografia própria, havendo:

Modas de batido: com sapateado quase sempre com tamancos apropriados, rústicos, com uma rachadura na horizontal, para melhor estalar; ou por outra, com tamancos do tipo português (Alto Ribeira), nos quais, abria-se um orifício à altura do calcanhar, colocavam-se vinténs e fechava-se com um pedaço de couro. Estalavam e tiniam ao mesmo tempo.

Modas de bailado: entremeadas com as de batido, em que as damas faziam o balainho, viradinhas graciosas de corpo, para um lado e para o outro, no ritmo da moda.

Enfiadinhos: (ou passadinhos) – coreografias propriamente ditas, com marcas precisas e grandes desenhos coreográficos. Eram danças essencialmente grupais, de figuradas.

Entre as modas usuais até alguns anos atrás, incluem-se a tirana, tirana grande, recortado, tonta, anum caloado, pega fogo, caranguejo, palminha, anum, anum corrido, vilão, pipoca, sarrabaio (serrabalho), serrana, graciana, jacaré, urubu, canheiro, andorinha, feliz, sinsará, engenho, nhaninha,…

Muitos têm lembranças delas, outros sabem dançá-las. Nos sítios das cabeceiras dos rios pequenos, em pontos de difícil acesso, continuam a ser dançadas.

A todo esse conjunto de danças dá-se o nome de Fandango. Na verdade, tecnicamente, uma suíte, uma seguilhana, como Rossini gostava de se referir.

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Enquanto sinônimo de baile, o fandango se constitui em verdadeira suíte de danças em que os sapateados e palmeados se alternam com bailados e figurados. Continuam a animar as festas de casamento ou simples encontros sociais, agregando jovens e velhos. Ribeirão Grande- Casamento de Tonico e Natalina –1981 – Baile no dia da jantona.

Basta começar um arrodeado com seus rufados (sapateios) e palmeados que não faltam dançadores, na roda. Fandangueiros ou folgadores, como dizem.

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No Litoral Sul e Vale do Ribeira, fandango é a designação para os bailes de sítio, com violas e rabecas. Compreendem uma série de danças valsadas ou bailadas, e as enfiadinhas ou passadinhas (por registrarem figurados grupais) alternadas com partes palmeadas e sapateadas.

Baile/fandango no Sandália de Prata, em Iguape. As modas continuam a ser as de sítio.

Foto: TM 1989

O fandango litorâneo é sempre acompanhado por violas brancas, executadas em pares por dois cantadores em duetos. Além disto, nunca falta uma rabeca e um adufe. Podem ainda ser incluídos uma caixa (pequeno tambor) e mais raramente um ou outro violão.

Já o fandango do serracima (Ribeirão grande, Capão Bonito,…) é conduzido por dupla de violeiros/cantores, que além de executarem violas sertanejas (industrializadas, temperadas), alternam a execução dos querumanas (modas) com rufados. O mais comum, no entanto, é a dança ser conduzida pelo foronfonfon de uma pé de bode (sanfona de 8 baixos), secundada por outros cordófonos.

Fandango de Chilenas

Fandango de Chilenas Irmãos Lara, é o único grupo do gênero em São Paulo, originado em Capela do Alto, cidade de 20 mil habitantes, na região de Sorocaba, antigo pouso de tropeiros.

Tradição deixada pelos tropeiros da Capela do Alto, São Paulo, representada na dança do fandango.

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Mantem-se vivo pelo empenho da Família Lara: o grupo é formado basicamente por membros da família, liderados por Francisco de Lara, seu patriarca, com cerca de 80 anos, e até hoje violeiro. A dança alterna

as modas cantadas em duetos e acompanhadas por duas violas e os arrodeados dos sapateados.

Com ele seguem José Vicente de Lara, seu filho e líder do grupo, outros filhos, netos e bisnetos.

Consta que seus antepassados tenham sido tropeiros e fandangueiros.

Foto: Reinaldo Meneguin

A dança teve seu lastro nos pousos dos tropeiros que por aqui passavam a caminho da Feira de Sorocaba, sendo o divertimento mais comum nas suas pousadas. Não faltavam violas na bagagem dos tropeiros.

As chilenas são esporas de grande tamanho com rosetas também exageradas, e, se em sua origem as rosetas além de grandes em geral bem pontudas, para esta dança foram adaptadas.

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Fotos Eduardo A. Barile

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Chilenas, que neste caso têm a função percussiva, são esporas com grandes rosetas em forma de discos de metal, que afixadas nas botas pretas funcionam como tinideiras durante o sapateado (a mesma função das platinelas dos pandeiros). Foto: Reinaldo Meneguin

Presentemente o grupo é formado por cerca de 18 componentes, todos homens, adultos e crianças, inclusos dois a três violeiros e os dançadores, estes sempre em números pares. (Dizem que várias mulheres também sabem dançar, mas não participam das apresentações).

Apresentam-se sempre uniformizados, trajando, além das indispensáveis botas pretas, chapéus pretos, camisas vermelhas, calças azuis com listas vermelhas e lenços brancos no pescoço.

Sua estruturação como grupo se deu em 1957, para uma apresentação na Semana Euclidiana em São José

do Rio Pardo em 1957, pelas mãos do folclorista Bento Palmiro Miranda.

De sua performance constam passagens miméticas, evoluções que lembram o dia a dia nas estradas e o cotidiano dos tropeiros, e assim nomeadas:

Varginha Simples – Lembra as campinas tranquilas por onde a tropa passava, também seria uma forma de aquecimento para as demais danças que viriam a seguir.

Bate na Bota Lembra o gesto de bater as botas antes de calçá-las, pois pode haver uma aranha ou outra coisa dentro da mesma.

Pula Sela – Lembra os peões em exibição pulando as selas dos seus cavalos.

Vira Corpo Lembra os cavalos rolando no chão para descansar (se espojar) como diz o caboclo.
Quebra Chifres – Lembra as brigas dos touros durante a caminhada. Durante a dança os dançadores batem com os pés/calcanhares uns nos pés dos outros.

O Passo da Tropa Como o próprio nome diz, lembra a cadência dos passos da tropa nas estradas.
E outros como a Varginha Palmeada, Dança do Chapéu, Mandadinho, Palmeadinho, Serradinho.

Fandango Ubatubano

O Fandango chegou ao Brasil através dos portugueses, vindo dos açores no séc. XVIII. É um gênero musical e coreográfico, fortemente associado ao modo de vida da população caiçara.

Sua prática sempre esteve vinculada à organização de trabalhos coletivos – mutirões, puxirões ou pixiruns – nos roçados, nas colheitas, nas puxadas de rede ou na construção de benfeitorias, onde o organizador oferecia, como pagamento aos ajudantes voluntários, um fandango, espécie de baile com comida farta.

Realizado em casamentos, aniversários e em eventos religiosos, o Fandango Ubatubano é composto por diversas danças com as mais variadas coreografias. Entre elas estão a xiba, tontinha, ciranda, recortado, cana-verde, marrafa entre outras.

Em algumas danças é comum os dançadores utilizarem tamancos feitos de madeira para manter o ritmo, cantado em versos tirados pelo mestre da dança. Na música que dá o ritmo ao Fandango são usados como instrumentos a viola, machete, rabeca, pandeiro e caixa.

Em Ubatuba o Fandango é muito apreciado, pois trata-se de histórias do povo caiçara expressadas em forma de música.

Vestuário: Calça e camisa
Instrumentos: Viola, machete, rabeca e pandeiro

Fandango

Fandangueando, fandanguear, fandangando em Ubatuba

O Fandango é um conjunto de danças de salão muito apreciado nos estados do sul do Brasil, entre elas há uma dança denominada Xiba e que ainda é dançada em Ubatuba.

Vários autores estudiosos do assunto têm levantado hipóteses que o Fandango chegou ao Brasil através dos portugueses, mas acham também que eles receberam essas danças dos espanhóis. Outros estudiosos acham que essa manifestação chegou até a Espanha com os mouros quando da invasão da península Ibérica e daí até Portugal. No Brasil o Fandango foi introduzido através dos açorianos por volta de 1774 no Rio Grande do Sul e daí chegou até o Litoral Paulista e Interior. (*)

O Fandango do Litoral Paulista é composto por dezenas de danças com as mais variadas coreografias. Pela riqueza desse conjunto de danças notamos que o Fandango, no século XVIII, veio animar as festas palacianas ao lado do Minueto Emproado e da Valsa Figurada. No final do século XVIII, com a chegada do Shottish e da Polca, o Fandango volta para as mãos do povo de onde veio. Outro fato que colaborou para que o Fandango fosse deixado de lado pelos palacianos foi devido aos ataques que recebia das Ordenanças Reais, que usavam o argumento dizendo que o mesmo era dança maliciosa e isso era herege. (*)

FANDANGO DE UBATUBA- – Suite

Algumas danças que compõem o Fandango de Ubatuba: Xiba (também conhecido pelos caiçaras ubatubenses como Bate-pé e Cachorro do Mato), Recortado, Ciranda de Roda, Tontinha, Cana Verde, Mangericão, Vilão de Lenço, Vilão de Mala, Serrabaile ou Serrabalha, Anuzinho, Marrafa, Ubatubana, Canoa etc.

Antigamente era costume em Ubatuba dividir o Fandango em três partes. Primeiro dançavam o Xiba até a meia noite, chamado de rufado ou batido. Depois vinha o Bailado Valsado, danças menos agitadas, como Ciranda de Roda, Canoa etc., sem o sapateado e palmas. Nessa pane o pessoal aproveitava para tomar uma golada de café ou concertada (bebida típica do Litoral Paulista), ou mesmo uma pinguinha. Na terceira parte estava de volta o Xiba rufadíssimo, momento de encerrar o Fandango. Muitas vezes já com o sol nascendo o pessoal fechava as janelas para dançar a última roda de Xiba.

Fandango

Fandangueando, fandanguear, fandangando em Ubatuba

O Fandango é um conjunto de danças de salão muito apreciado nos estados do sul do Brasil, entre elas há uma dança denominada Xiba e que ainda é dançada em Ubatuba.

Vários autores estudiosos do assunto têm levantado hipóteses que o Fandango chegou ao Brasil através dos portugueses, mas acham também que eles receberam essas danças dos espanhóis. Outros estudiosos acham que essa manifestação chegou até a Espanha com os mouros quando da invasão da península Ibérica e daí até Portugal. No Brasil o Fandango foi introduzido através dos açorianos por volta de 1774 no Rio Grande do Sul e daí chegou até o Litoral Paulista e Interior. (*)

O Fandango do Litoral Paulista é composto por dezenas de danças com as mais variadas coreografias. Pela riqueza desse conjunto de danças notamos que o Fandango, no século XVIII, veio animar as festas palacianas ao lado do Minueto Emproado e da Valsa Figurada. No final do século XVIII, com a chegada do Shottish e da Polca, o Fandango volta para as mãos do povo de onde veio. Outro fato que colaborou para que o Fandango fosse deixado de lado pelos palacianos foi devido aos ataques que recebia das Ordenanças Reais, que usavam o argumento dizendo que o mesmo era dança maliciosa e isso era herege. (*)

Fandango de Ubatuba – Suite

Algumas danças que compõem o Fandango de Ubatuba: Xiba (também conhecido pelos caiçaras ubatubenses como Bate-pé e Cachorro do Mato), Recortado, Ciranda de Roda, Tontinha, Cana Verde, Mangericão, Vilão de Lenço, Vilão de Mala, Serrabaile ou Serrabalha, Anuzinho, Marrafa, Ubatubana, Canoa etc.

Antigamente era costume em Ubatuba dividir o Fandango em três partes. Primeiro dançavam o Xiba até a meia noite, chamado de rufado ou batido. Depois vinha o Bailado Valsado, danças menos agitadas, como Ciranda de Roda, Canoa etc., sem o sapateado e palmas. Nessa pane o pessoal aproveitava para tomar uma golada de café ou concertada (bebida típica do Litoral Paulista), ou mesmo uma pinguinha. Na terceira parte estava de volta o Xiba rufadíssimo, momento de encerrar o Fandango. Muitas vezes já com o sol nascendo o pessoal fechava as janelas para dançar a última roda de Xiba.

Ocorrência: Capela do Alto, Sorocaba, Tatuí.

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