Billings Viva – Cap. 13 e Bibliografia

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13 – Curupira III – “Billings Viva!” 

As represas, as matas, os rios, o céu 

e o ar não têm limites geográficos. 

“Eles não entendem que nós não compramos a natureza, não somos donos de nada:  

nós apenas a tomamos emprestada às gerações que virão depois de nós.” 

Tonico Bertelle  

O Projeto Curupira cataliza as atividades da Abaçaí Cultura e Arte na área da ecologia. Teve início em 85.  

Curupira, na mítica brasileira, é entidade habitante das matas, senhor dos animais e protetor das árvores. Segundo a crença, vence pelas artimanhas e pela astúcia aqueles que, desrespeitosamente ou sem necessidade, abatem animais ou árvores. Ou os que o fazem em volume maior que o necessário ou acertado. Sob este signo a Abaçaí Cultura e Arte pretende:  

– Esforçar-se por levar ao maior número possível de pessoas, através de procedimentos simples no dia a dia, o seu lema: Lute pela Vida!  

– Buscar divulgar por todos os meios possíveis, discutindo-a, a relação do homem, urbano ou Campesino, com seu meio;  

– Procurar mobilizar entidades, organismos e interessados em geral que, eventualmente, possam cerrar fileiras frente a uma luta comum;  

– Buscar parceiros e meios que possibilitem esses momentos… Abaçaí Cultura e Arte é uma entidade cultural sem fins lucrativos que em março de 93 estará comemorando 20 anos de atividades. Congrega pesquisadores, artistas e produtores de cultura em geral, que produzam ou se interessem pela pesquisa e reflexão sobre os meandros de questões culturais. Tem promovido, sistematicamente, a pesquisa, a documentação e a divulgação das mais variadas expressões do folclore/cultura popular brasileiros. Possui um acervo fotográfico (cromos e negativos) e de registros sonoros considerável- tendo posto em circulação 10 documentais fotográficos enfocando o assunto. Divulga ainda o assunto através de palestras, cursos e oficinas, bem como do Grupo Abaçaí, seu carro chefe, que produz espetáculos de teatro, música e dança (balé popular), atuando junto a todos os estamentos sociais.  

As bases do CURUPlRA IIl surgiram de alguns momentos iluminados. O primeiro destes foi quando visitamos o Santuário de Umbanda, no Parque Pedroso. No caminho, Adauto N. Silva falou-se de sua paixão pela pesca. De forma detalhada foi relatando as várias formas com que a mesma é praticada na Billings.  

Outro momento, este decisivo, foi o contacto mais próximo com os moradores do Riacho Grande. Este é a consequente aproximação com os frequentadores do “Parque Billings“, ajudaram-nos a descobrir este lado vivo e encantador da represa. Ajudaram-nos também a compreender os vários problemas que a ameaçam: o bombeamento das águas do Tietê, o lançamento de esgotos domiciliares em toda sua orla, a invasão crescente e indiscriminada das áreas de mananciais. E o lixo, este grande ônus de nossa sociedade de descartáveis, descontroladamente consumista, que foi se tornando cada vez mais ameaçador nesta 2ª metade do século.  

O lixo despejado no “em torno” da Billings, bem como deixado na sua orla ou atirado em suas águas por todos que buscam nela lazer, é preocupante e pede solução rápida.  

O lixo boia e mergulha nas águas da Billings.  

Boia nas águas do Tamanduateí e do Tietê. Boia até nos curtos 20 km do rio Pinheiros apesar da varredura que fazem nas águas do Tietê as grades da Estrutura do Retiro.  

É triste percorrer-se a Av. do Estado depois de uma chuva. Mesmo que pequena. A quantidade de lixo que “navega” o Tamanduateí é alarmante. Lixo atirado às margens do próprio rio, dos córregos seus tributários, em terrenos baldios,… e que as enxurradas se encarregam de despejar no rio. Nos rios. Nas represas.  

Etapas  

1 – Levantamento de campo.  

De janeiro a junho/91 foi feito levantamento de aspectos históricos e culturais através de entrevistas com moradores e frequentadores da região da Billings. Horas foram dedicadas à observação das atividades de lazer, com destaque para o complexo da pesca com caniço. Tudo foi fotografado. À medida que os dados iam sendo levantados, iam passo-a-passo, sendo cruzados.  

2 – Paralelamente aos levantamentos de campo e na sequência o material foi sendo processado. Foram efetua das consultas a arquivos, e outros pesquisadores. Foi sendo preparado o texto e a edição do livro e do documental fotográfico “Billings Viva!”.  

3 – Com o lançamento do livro e do documental fotográfico tem início a terceira e mais importante etapa do CURUPlRA IIl – devolver à comunidade dos resultados das etapas anteriores. Livro e exposição serão instrumentos de trabalho.  

Metas  

– Fazer o livro e Exposição “Billings Viva!” chegar ao maior número possível de pessoas. Que passem a conhecer mais a represa. sua história (ou suas histórias) para melhor amá-la. E assim respeitá-la.  

– Despertar naqueles que buscam lazer na Billings, na sua orla ou no seu “em torno” consciência quanto ao uso/desfrute: cuidar para ter sempre. respeito. Lixo no lixo.  

– Buscar em cada um, usuários, frequentadores, moradores, comerciantes a cumplicidade e a parceria na luta pela defesa da represa, despoluição de suas águas, recuperação e preservação de seu “em trono”.  

Estratégias/Desdobramentos  

– O ponto de partida desta etapa deve ser a educação. Buscar a parceria dos professores e educadores em geral.  

Fazer o livro Billings Viva chegar às mãos de cada um deles. e através deles a cada sala de aula das redes municipais e estadual de ensino. Promover dias de reflexão sobre o assunto com os educadores, a começar pelas escolas mais próximas à Billings. Mobilizar, para isto as Secretarias e Educação das prefeituras da região e as Delegacias Regionais de Ensino. Que cada aluno seja agente deste processo de conscientização.  

– Através da Subprefeitura do Riacho organizar encontros com comerciantes, donos de bares e quiosques, minhoqueiros, donos de embarcações, diretorias de clubes, enfim, todos aqueles que, de certa forma, têm sua forma de sobrevivência ou atividades ligadas à Billings.  

Conscientizá-los da importância do bom estado da represa de sua conservação de sua orla para as atividades que desenvolvem.  

Igual procedimento com as Coordenadorias de Meio Ambiente dos demais municípios da região.  

– Buscar em cada comerciante, em cada diretor de clube, em cada minhoqueiro ou morador um aliado, um parceiro na luta contra o lixo. Que cada um dê sua colaboração no sentido de esclarecer/conscientizar o usuário, o visitante. Todos temos interesses no assunto.  

– Buscar a parceria de escoteiros, bandeirantes e outras agremiações ou clubes de prestação de serviços.  

– Entabular diálogo com as prefeituras da região para elaboração de cadastramento de barraquinhos e do comércio informal, estabelecendo condições para isto (controle do lixo…). 

– Cobrar das Prefeituras da região maior fiscalização e punições severas às empresas ou carreteiros que “desovem” lixo em áreas não destinadas a tais fins.  

– Estímulo ao plantio pela população de palmiteiros (se reproduzem fácil e crescem rápido) e árvores frutíferas nativas (cambucis, uvaias, goiabas, araçás) como fazem várias famílias do Riacho (os Rosa, os Bisongnini…). 

– Solicitar à CETESB o monitoramento das condições da água em vários pontos da represa. Idem com relação ao pescado.  

– Solicitar à ELETROPAULO a reativação das Estações de Piscicultura para reforço da reposição de cardumes.  

14- Construção seriada de batelões em concreto armado. (Barragem Pedreira 1928) 

15- Batelões construídos com concreto, transportando material para o levantamento da  

Estrada Velha de Santos (Rio Pequeno). 

18- Abertura do Summit Canal (“Canal do Schimidt “), com draga e jato d´água, 1926 

19- O Summit Canal (“Canal do Schimidt “), hoje. 

20- Nicho votivo a N. Sra. Aparecida (Dizem que a mesma se encontra em restauro.) 

Segundo consta, todos os ocupantes de um caminhão que tombou na ponte (1915- 1920?), tendo sáido ilesos, mandaram erigi-lo. O local foi ponto de romaria até bem pouco tempo. 

Bibliografia 

ANDRADE, Milton – “Calçada do Lorena“in: Memória, ano lU, nl! 7. Depto de Patrimônio Histórico da Eletropaulo: S. Paulo, 1990.  

BARBOSA, Newton A Madson. – Subsídios Históricos I. Depto de Topografia e Cadastro, 1962/1967.  

FERREIRA, João; et al -“Memórias de Paranapiacaba”; in: Paranapiacaba, estudos e memória. Edição da Prefeitura Municipal de Santo André: – Santo André, 1990.  

KIDDER, Daniel P.; Reminiscências de viagens e permanência no Brasil IH. (trad.) Ed. Martins: São Paulo, 1940.  

MACEDO, Toninho. Luz e sombras. Ed. Rios: São Paulo, 1987.  

 ———     “Cultura Caiçara no Litoral Sul de S. Paulo“; in: Pesca Artesanal e modernidade – IH Encontro de Ciências Sociais e o Mar. Instituto de Oceanografia da USP, 1989.  

MARTINS, José de Souza. A escravidão em São Bernardo, na Colônia e no Império. Centro Ecumênico de Documentação e Informação: Rio de Janeiro, 1988.  

MAWE, John.- Viagens ao Interior do Brasil, (trad.) EDUSP/ltatiaia: São Paulo/Belo Horizonte, 1978.  

RAMOS, Artur Rudge. Relatório sobre os transportes feitos na Estrada do Vergueiro. Secretaria da Agricultura, Comércio Viação e Obras Públicas, 1920.  

ROCHA, A.A. et. aI.- “Produtos de Pesca e contaminantes químicos na água da represa Billings, São Paulo (Brasil)”. Rev. Saúde Pública, São Paulo, n1 19, 1985. pp. 401-10.  

SA INT HILAIRE, Auguste de – Viagem à Província de São Paulo. EDUSP/Itatiaia: São Paulo/Belo Horizonte, 1976.  

SOUZA, Edgard Egydio.- História da Light – Primeiros 50 anos. 21 ed. revista e ampliada. Depto do Patrimônio Histórico da Eletropaulo, São Paulo, 1989.  

SAMPAIO Teodoro – O tupi na Geografia Nacional, 51 ed.,Cia Editora Nacional, São Paulo, 1987.