Billings Viva – Cap. 10

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10 – Anexos 

Anexo I 

De pouca envergadura, condicionada pelas condições (geofísicas) da região, bem como pela vazante dos rios, as obras empreendidas para suprir a sempre crescente demanda de energia em pouco tempo, tornaram-se defasadas. Batalha acirrada, sem trégua, entre aumento desordenado de consumo e busca de soluções.  

1900 – início das obras da Usina Edgard de Souza – Em Santana do Parnaíba. A Light comprou as terras nas imediações da Cachoeira do Inferno, de pequeno porte (12 m de queda) no rio Tietê a 33 km abaixo da cidade de São Paulo.  

1901 – Entram em funcionamento as turbinas da Edgard de Souza. Sua produção, entretanto, não supria a demanda. Suas instalações foram sucessivamente ampliadas com a instalação de novas turbinas, que necessitavam de um volume cada vez maior de água. Não era possível elevar a altura da barragem para aumentar o armazenamento de água sem que isto afetasse a cidade de São Paulo.  

1906/1908 – Para regularizar a vazão do Tietê em Santana do Parnaíba, reforçando o volume de água na Usina Edgard de Souza, decidiu-se criar o Reservatório do Guarapiranga. Pelo represamento do rio Guarapiranga (também conhecido por Embu-Guaçú) criou-se um lago com 200 milhões de m3 de água. Além de suprir a Usina Edgard de Souza, o mesmo deveria servir de ponto de captação de água para o abastecimento da cidade de São Paulo.  

1911 – Continuando os estudos para localização de pontos estrategicamente melhores para instalação de futuras usinas, a Light compra as terras adjacentes às cachoeiras do rio Itapanhaú, com desembocadura no canal de Bertioga.  

1912 – É colocada em funcionamento como solução emergencial a termo- elétrica Paula Souza, em Santo Amaro. Capacidade de 5.000 kw.  

1913 – Ainda na linha de prospecções a Light compra as terras adjacentes à cachoeira do rio Juquiá, ao sul de São Paulo.  

1914 – Entram em funcionamento os 2 primeiros grupos da Usina de Ituporanga, no rio Sorocaba, com capacidade para 22.200 kw. Época de grandes estiagens em São Paulo. O início da primeira Grande Guerra determina um surto manufatureiro (mais consumo de energia). Ituporanga aciona o 3º grupo de geradores.  

1913/1921 – O consumo de energia continuava crescendo à razão de 10% ao ano. Os estudos da Light tendiam à construção de nova usina no Vale do ltapanhaú.  

1919 – A Light assina contrato de suprimento de energia com a Cia. Paulista de Estrada de Ferro para eletrificação do Trecho Jundiaí Campinas, inaugurado em 1921.  

1922/1923 – O crescimento do consumo salta para 15% ao ano.  

1924/1925 – Acirrou-se a crise no fornecimento de energia, motivada por grande estiagem. Em 24 a vazão média do Tietê não passou de 83,8% da menor vazão habitualmente registrada. Com isto lançou-se mão das reservas de água da Guarapiranga (já 12,13 m abaixo do nível normal). Ficou com 10% do seu volume de águas. O fornecimento passou a ser irregular, chegando a ser suspenso dia sim, dia não.  

1924 – A usina Paula Souza ampliada, produzindo agora 10.000kw.  

1924- A Light confia ao Engº Billings a construção da usina de Rasgão, abaixo de Santana do Parnaíba, que a conclui em tempo recorde (e não mais superado) – 9.300kw.  

1925 – Ampliação de Ituporanga. (Edgard de Souza: Jornais da época)  

Anexo II 

O já precário suprimento de energia, com o salto registrado no consumo (15% ao ano em 22/23) e a grande seca de 24/25 vai à bancarrota. Não havia outra saída ao governo municipal senão restringir o uso da energia na cidade de São Paulo.  

“ATO Nº 2.499 – 13 de fevereiro de 1925”.  

Estabelece restrições para o consumo de energia elétrica e dá outras providências.  

O prefeito do Município de São Paulo, usando das atribuições que lhe são conferidas por lei, e atendendo à situação anormal que está atravessando a cidade, criada pela insuficiência de produção de energia elétrica, como é do domínio público, por delegação do Governo do Estado, no que escapa às suas atribuições e de acordo com os representantes do comércio e da indústria da capital e com a Light & Power Company Limited, resolve estabelecer, com caráter provisório, as restrições seguintes:  

1) Diminuição da iluminação pública;  

2) Proibição de iluminação de vitrinas, fachadas de casas comerciais e de residências particulares, jardins, anúncios luminosos e outros consumos dispensáveis.  

O consumidor que infringir esta disposição será intimado a cumpri-la dentro de três dias, e em caso de desobediência, sofrerá corte da ligação elétrica;  

3) Diminuição do número de bondes, exceto os da linha de Santo Amaro, nas horas de menor movimento, e supressão do tráfego de bondes de carga dispensáveis;  

4) Restrição do consumo da iluminação particular, nas seguintes bases:  

a) O consumo até 20 kw-h por mês não sofrerá redução forçada;  

b) O consumo superior a 20 kw-h será reduzido a uma porcentagem que se estabelecerá periodicamente;  

5) Restrição do consumo de energia elétrica, nas seguintes bases:  

a) Todo o consumidor será obrigado a reduzir seu consumo mensal a uma porcentagem estabelecida, periodicamente, sobre a média mensal do consumo do último trimestre de 1924;  

b) O excesso de consumo verificado num mês será, na primeira vez, descontado no mês  

seguinte e, na segunda, o fornecimento de energia será suprido;  

c) A leitura dos medidores, para o efeito da verificação, far-se-á quinzenalmente, continuando, porém, as contas a serem mensais.  

As restrições ora estabelecidas, e que vigorarão enquanto a Prefeitura julgar conveniente mantê-las, não atingem as instalações da Repartição de Águas e Esgotos e a linha do tramway de Santo Amaro, ficando ao critério da Prefeitura determinar quais os consumidores que, por sua natureza e ligação com o interesse público, devam ser poupados às restrições estabelecidas.  

Prefeitura do município de São Paulo, 13 de fevereiro de 1925, 3722 da fundação de São Paulo.  

O prefeito 

Firmiano M. Pinto 

O diretor Geral 

Luiz Tavares” 

(Edgard de Souza) 

Anexo III 

Pelo teor deste recrudescimento de medidas, pode-se bem aquilatar a gravidade da crise para a cidade de São Paulo e municípios vizinhos: 

“PREFEITURA DO MUNICÍPIO. 

Diretoria Geral 

S. Paulo, 7.3.1925  

N2153  

Sr. superintendente da. S. Paulo Light & Power Co. Ltd.  

Comunico-vos que S. Exa, o Sr Prefeito, atendendo às sugestões constantes de vosso ofício n2 12.004, de 5 do corrente mês, resolveu adotar, com caráter provisório, a partir de ontem, as seguintes medidas:    

1º) Modificação do Ato nº 2.499, de 13 de fevereiro último, aumentando de 40 para 70% a economia de consumo de corrente elétrica, ficando facultado a esta companhia a supressão do fornecimento de energia em determinados grupos de industriais;  

2º) Supressão absoluta e completa dos bondes de carga;  

3º) Restrição ainda maior na iluminação pública a eletricidade;  

4º) Supressão dos bondes, entre as 22 e 5 horas e durante o dia nas linhas dispensáveis e maior redução do seu número, durante o dia, com as necessárias;  

5º) Supressão da iluminação particular durante o dia;  

6°) Fechamento das casas de diversões, bares, restaurantes e outros logradouros públicos, às 22 horas.  

Saudações 

O Diretor Geral 

Luís Tavares 

(Edgard de Souza) 

Anexo IV 

No Memorial descritivo do projeto original estavam previstas 3 etapas:  

1) Construção da Barragem e do reservatório do Rio das Pedras, com o seu vertedouro, tomada d’água, túnel, tanque de compensação, tubos adutores, usina (ao pé da serra) com o seu aparelhamento, canal de descarga e linhas de transmissão;  

2) Escavação de um canal de ligação (Summit Canal) na divisa dos rios das Pedras e Pequeno, este, afluente do rio Pequeno;  

3) “Construção da barragem no rio Grande, acima da cidade de Santo Amaro, com as respectivas comportas, vertedouros, meios para transferências de embarcações, mas só dos tipos atualmente empregados, do rio para o reservatório e vice-versa, e outras obras necessárias.  

Logo que a primeira etapa esteja terminada, ter-se-á energia elétrica disponível em pequena quantidade, que será elevada, com o prosseguimento da segunda e terceira etapas, a cerca de 80 mil cavalos correspondentes às duas primeiras unidades.” (Edgard de Souza)  

Anexo V  

– Em 9 de novembro de 1927 a Light requeria ao governo do estado:  

“Assim, se o projeto original visa diminuir as enchentes periódicas nas margens do rio Tietê, as modificações ora propostas estenderão esses benefícios às margens do rio Pinheiros, saneando, dessa maneira, uma extensa zona adjacente à área edificada de São Paulo, a tudo se acrescendo o estabelecimento de mais uma ligação entre o planalto e o litoral.  

Para isso, porém, torna-se necessário:  

I – Elevar o nível do reservatório do rio Grande até a cota de 747 metros sobre o mar, aumentando-lhe assim a capacidade retentora de águas.  

II – Canalizar e alargar o leito dos rios Grande e Guarapiranga e jusante das respectivas barragens, bem como do rio Pinheiros, nos municípios da capital e de Santo Amaro.  

III – Construir as necessárias represas, eclusas e estações elevatórias com a sua aparelhagem alimentada por convenientes linhas transmissoras de energia elétrica e bem assim construir usinas geradoras auxiliares no rio Guarapiranga e no Alto Tietê, à saída das suas barragens e no canal de ligação dos reservatórios dos rios Grande e das Pedras, bem como nos demais pontos em que se obtenham diferenças de nível utilizáveis entre as águas captadas em bacias diversas.  

IV – Construir um sistema de transporte de cargas entre os reservatórios e o mar, adotando-se o processo mais conveniente, ou de um transporte aéreo, ropeways, ou pela condução das próprias embarcações em tanques apropriados, ou por estradas de rodagem conjugadas a qualquer dos processos mencionados”.  

(Edgard de Souza)  

Anexo VI 

A cronologia que se segue foi estabelecida com base nos depoimentos (devidamente cruzados) de moradores do Riacho Grande, na obra citada de Edgard de Souza, mas sobretudo na consulta atenta aos álbuns fotográficos pertencentes ao Depto. de Patrimônio Histórico da Eletropaulo, em que ficaram registradas, passo a passo, as obras do Projeto da Serra.  

Cronologia (aproximada) das obras do Projeto da Serra:  

Já no início de 1925 a Light havia adquirido a maior parte das terras necessárias à implantação do Projeto da Serra. E a partir daí começaram as obras, de forma intensiva, em várias frentes de trabalho (acampamentos de trabalho) ao pé da Serra de Cubatão nas encostas da Serra de Cubatão e em vários pontos do planalto. Nos 35 anos que se seguiram as obras não se interromperam, como se pode ver no cronograma seguinte:  

Maio. 1925 – começo das obras no canteiro ao pé da serra do Cubatão, construção da Casa das Máquinas (a usina propriamente dita).  

– Nas escarpas da serra, obras para instalação da tubulação adutora;  

– Na crista da serra, criação do reservatório do rio das Pedras, através da construção da Barragem do rio das Pedras e Barragem e Dique do Córrego da Cascata;  

Out. 1925 – Início da escavaço do Summit Canal – elo de ligação entre o futuro reservatório de cima (reservatório do Rio Grande) e o de baixo (Reservatório do rio das Pedras).  

Dez. 1925 – início da construção da Barragem do rio Grande, em Pedreiras (Santo Amaro).  

Junho. 1926 – O reservatório do rio das Pedras já atingia sua cota inicialmente prevista – 733m acima do nível do mar.  

12 de outubro de 1926  

-“… na presença do presidente do Estado de São Paulo. Dr. Carlos de Campos, e do Ministro da Viação, Engº Francisco Sá, e ilustre e numerosa comitiva. foi posto em operação comercial o primeiro grupo gerador de Cubatão – máquina de capacidade não comum na época: 44.347 kw“.  

Posto em funcionamento somente com as águas do Reservatório do rio das Pedras – da vertente marítima.  

Dali até 1950 tiveram prosseguimento, sem interrupção, obras de ampliação da casa de força a céu aberto (no sopé da serra), com montagem de outras unidades geradoras.  

Out. 1926 – Aceleram-se as obras na barragem do rio Grande (Pedreiras).  

Jan. 1927 – início da construção da barragem reguladora provisória, que deveria conter as águas que já começavam a subir no reservatório do rio Grande.  

Abril. 1928 – O reservatório do rio Grande atinge a cota de 726.51;  

– No canteiro de obras da barragem do rio Grande começa a construção em série de grandes barcaças em concreto armado, que daí para frente, aproveitando o volume de água já represada no reservatório começam a transportar materiais para as várias obras que irão se multiplicar em vários pontos da represa (pontes, …).  

Junho. 1928 – Começa a ser erguida a barragem controladora (Sumit Control) definitiva.  

1929 -1935 -Afora as obras que já vinham sendo tocadas, e aproveitando que apesar da cota ser mantida baixa. já era possível navegar pelos braços da represa.  

Teve início a construção dos diques no sentido das cabeceiras dos rios no Alto da Serra, para que, ao subirem as águas, os mesmos não vazassem no sentido das nascentes.  

No Taquacetuba foram construídos o Dique do Córrego Preto e o sangradouro Preto-Morros.  

No Capivari, os Diques do Marcolino e do Passeúva, e o Dique e sangradouro de emergência do Cubatão de Cima.  

No Rio Pequeno, o Dique do Rio Pequeno e o sangradouro Pequeno – Perequê, afora 3 diques menores.  

Tinha também início o levantamento do leito da estrada velha de Santos em vários trechos, e a reconstrução, em concret, e nível mais elevado das pontes do Rio Grande, do Rio Pequeno, do Rio das Pedras e do Perequê.  

Neste período teve início e prosseguimento as obras de construção da Usina de Recalque de Pedreiras, através de escavação em rocha viva, construção da casa de bombas…  

Maio, 1935 – Têm início as obras de retificação do Rio Grande no seu trecho depois da barragem de Pedreiras.  

Dez., 1936 – início da canalização do Rio Pinheiros – um complexo de obras (retificação do leito do rio, reconstrução de pontes…), que durou até o fim da década de 40.  

Julho, 1937 – início da construção de Traição, já no curso do novo traçado do Pinheiros.  

Junho, 1941 – Construção das grades de Retiro.  

1946/1947 – Aconteceram os primeiros desmoronamentos na Serra; foram feitas obras de contenção.  

Junho, 1950 – Pronto o Canal do Pinheiros, no final da década de 40, início do bombeamento de suas águas recalcadas para o reservatório do Rio Grande, que agora estava preparado para atingir sua 8ª e cota máxima (747… ). Então entra em operação a última unidade geradora de Cubatão, elevando sua capacidade a 474.000kw.  

IX – Represa Billings- Dados técnicos 

– Compartimento Pedreira  

Finalidade: Aproveitamento hidroelétrico  

Municípios abrangidos: São Paulo, São Bernardo, Santo André e Diadema  

Principais contribuintes naturais: Rio Grande, Capivari, Pedra Branca  

Pequeno, Taquacetuba, Bororé, Ribeirões, Cocaia e da Fazenda.  

Níveis d’água:  .  

Cota máxima – 747 m acima do nível do mar  

Volume d’água – 1.102.500.000 m3 

Área da bacia – 377 km2  

-Compartimento Rio Grande  

Finalidade – Aproveitamento hidroelétrico e abastecimento público.  

Municípios abrangidos – Santo André, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e São Bernardo.  

Principais contribuintes – Rio Grande, Ribeirão Pires e do Pedroso.  

Níveis d’água  

Cota máxima – 747 m acima do nível do mar  

Volume d’água – 126.200.000 m3  

Área da bacia – 183 km2  

Billings Viva – Próximos Capítulos – 11 e 12