A URI no Brasil

Compartilhe:

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin

No Brasil, muito além das iniciativas conhecidas do diálogo inter-religioso explícito, há um grande número de interações das mais diversas formas, seja nos movimentos sociais – os chamados movimentos populares – seja no ensino religioso escolar, que tem por finalidade educar para viver numa sociedade plural.

Todos esses encontros e contatos, que se dão num cenário permeado de práticas religiosas sincréticas, ecléticas, universalistas, espiritualistas, de formas religiosas com contornos mais ou menos definidos, prepararam o terreno propício para a implantação da URI.

O diálogo inter-religioso, na sua forma mais organizada, começou a tomar forma a partir de 1950. Na Igreja católica, destacamos a figura do monge beneditino, dom Timóteo Amoroso Anastácio, da Bahia, primeiro membro da hierarquia, nos anos 1970, a receber uma mãe-de-santo como tal.

Por influência de pe. Luís Dollan, um argentino radicado em Nova York, membro fundador da URI, que mantinha contato com d. Paulo Evaristo Arns e pessoas envolvidas em diálogo inter-religioso em São Paulo, aconteceu o primeiro Encontro da URI no Brasil, no Parque de Itatiaia, no Rio de Janeiro, de 28 a 31de maio de 1999.

“O grupo diversificado de 142 participantes se reuniu como se estivesse participando de um retiro. As tradições presentes eram: anglicana, antroposofia, Baha’I, Brahma Kumaris, candomblé, católica, evangélica, Grande Fraternidade Universal, Legião da Boa Vontade, Hare Krishna, hinduísmo, tribos indígenas, islã, kardecista, luterana, maçonaria, budismo mahayana, Igreja messiânica, metodista, presbiteriana, Religião de Deus, Rosa Cruz, Santo Daime, espiritualismo, sufismo, budismo tibetano, umbanda, xamanismo, xintoísmo, Oomoto e zen budismo”. O Encontro de Itatiaia ajudou diversos grupos a aprofundar o diálogo e a cooperação entre as religiões que convivem em nosso país.

Hoje, a URI tem grupos em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, e vai sediar, em agosto de 2002, no Rio de Janeiro, a I Assembléia Geral da Organização, fora dos Estados Unidos. O Círculo de Cooperação de São Paulo tem cerca de trinta participantes, de cerca de dezesseis religiões e tradições espirituais diferentes. Seu percurso é marcado pelas dificuldades de se afinar com cosmovisões diferenciadas, numa busca paciente de compreensão empática do outro e na necessidade de se abrir para acolher respeitosamente manifestações religiosas que podem se contrapor à própria crença.

A atuação do CC de São Paulo acontece na convivência inter-religiosa, na ação social em favor da paz e da vida, na educação inter-religiosa para a paz. Em outras palavras, a URI quer ter uma prática efetiva de transformação social, a partir da cooperação de seus membros. As manifestações públicas do grupo estão sempre embebidas na espiritualidade, que se manifesta por meio da oração, com o matiz de todas as tradições envolvidas. Nessas ocasiões, cada um traja as insígnias próprias de sua religião ou tradição espiritual.